Ministério da Pesca: pasta com muito dinheiro e pouco resultado
Usado em barganhas, não consegue criar políticas para elevar exportação de pescado
Roberto Maltchik - O Globo
Apesar da criação de uma estrutura governamental voltada exclusivamente à pesca, em 2003, o Brasil perdeu vigor na exportação de pescado e não consegue acompanhar a evolução promissora do mercado mundial da carne.
A produção do pescado subiu 25,22%, entre 2003 e 2009, último dado disponibilizado.
Já as exportações, nos últimos nove anos, tiveram queda de 205,47%.
De acordo com especialistas, a falta de políticas públicas e a dificuldade de licenciamento ambiental dos produtores são considerados os principais entraves.
Nesse período, a Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura se estruturou, como órgão da Presidência da República, e ganhou robustez burocrática a partir de 2010, no governo Lula, quando virou ministério autônomo.
De 2004, com um ano de vida, até o final do ano passado, o orçamento da pasta cresceu 831,84%.
Sete anos atrás, a Pesca recebia do governo R$ 16 milhões. Ano passado, bateu a marca de R$ 154,6 milhões. O maior orçamento foi no ano da criação do ministério, quando levou R$ 210,9 milhões.
Apesar da complexidade para alavancar o setor e dos investimentos progressivamente maiores em pesca e aquicultura, o governo usa a pasta como margem de manobra política para acomodar peças de um xadrez político partidário.
Nesta quinta-feira, assumiu o evangélico Marcelo Crivella (PRB-RJ), com o objetivo de blindar o candidato petista ao governo da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, que tem a antipatia dos evangélicos.
(continua)
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