Mary Zaidan
Nove anos depois de chegar ao Planalto – quase três como ministra de Energia, cinco como ministra da Casa Civil e há mais de um como presidente da República -, Dilma Rousseff descobriu, assim, de repente, que vinha fazendo tudo errado.
E não só na lida inábil e atrapalhada com a sua base de sustentação, mas em tudo. Na relação com sindicalistas e com o setor produtivo, no controle de seu gigantesco ministério, nas ações de seu governo.
E a presidente estaria disposta a mudar velhas práticas. Pelo menos foi o que anunciou o seu novo líder no Senado, Eduardo Braga.
Seria fabuloso, não fosse próximo à ficção.
É sensacional imaginar rasteiras em gente como José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá. Mas qual o quê. Ao invés disso, Dilma escalou cinco ministros para acalmar a turma da pesada e tentar estancar a crise no Congresso.
E ninguém crê que Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Paulo Bernardo (Comunicações) têm alguma possibilidade de êxito só pelos belos olhos.
Na gestão do governo, tudo é ainda mais alarmante. Para acelerar o PAC, com algumas obras atrasadas em até quatro anos, a idéia de Dilma foi a de cobrar in loco. Se suas visitas conferirão celeridade, não se sabe. Mas os preços, esses sim, aceleram-se em uma velocidade estonteante.
Só a transposição do Rio São Francisco - prometida para 2010, mas que não ficará pronta antes de 2015 -, teve orçamento reajustado em 71%, segundo reportagem de Marta Salomon no jornal O Estado de S. Paulo.
O custo já havia pulado dos iniciais R$ 3,4 bilhões para R$ 4,8 bilhões. E em 15 meses sob a batuta de Dilma saltou para inexplicáveis R$ 8,2 bilhões.
A transposição é a mais escandalosa, mas poucas obras apelidadas de “estruturantes” escapam. A polêmica hidrelétrica de Belo Monte custaria R$ 19 bilhões. Hoje, os mais otimistas falam em R$ 30 bilhões, R$ 24,5 bilhões bancados pelo BNDES. A ferrovia Transnordestina seria construída até 2010 por R$ 3,4 bilhões. Já está na casa dos R$ 5,4 bilhões e o novo prazo de conclusão bate em 2014.
Pode ser que aditivos contratuais e penduricalhos que estouram os orçamentos de obras públicas não estejam inclusos na ruptura com as “velhas práticas”. E que Dilma queira limitá-la ao plano político. Se assim fosse, ela mandaria, por exemplo, investigar seu amigo e ministro Pimentel, que, até hoje, não explicou os R$ 2 milhões que recebeu como consultor que, tudo indica, não consultou.
Seria a prova dos nove. Ou então tudo é mesmo ficção.
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