Câmbio impõe perdas de R$ 11 bilhões a empresas brasileiras
Bruno Villas Bôas - O Globo
O câmbio foi um dos vilões dos balanços das empresas brasileiras no ano passado. Faltando um mês para o fim da temporada de resultados em 2011, as 66 empresas não financeiras que publicaram seus números até o início de março registraram somadas uma perda financeira de R$ 15,3 bilhões no ano passado, um tombo em relação aos prejuízos vistos no ano anterior (de R$ 4 bilhões).
Trata-se de uma diferença de R$ 11,3 bilhões em apenas um ano, segundo números das companhias levantados pelo GLOBO na base de dados da consultoria Economatica, com apoio de especialistas. O resultado financeiro é a conta na qual as empresas lançam o impacto da alta do câmbio sobre suas dívidas em moeda estrangeira. Neste ano, o governo tem atuado para evitar a queda do dólar. Mas, no ano passado, foi a valorização da moeda americana frente ao real no segundo semestre — de R$ 1,562 para R$ 1,869, uma alta de 19,65% — que pegou as companhias de surpresa, após um começo de ano de farta tomada de empréstimos no exterior.
Segundo especialistas, os números são um sinal de alerta para as abundantes emissões corporativas de empresas do país neste ano, que já chegam a US$ 16,8 bilhões.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda elevou de dois para três anos o prazo abaixo do qual incide a cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos empréstimos tomados por empresas brasileiras no exterior, para evitar capital especulativo no país. Isso não afetou, porém, a maioria das empresas que estão captando recursos no exterior, em prazos maiores.
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Os resultados de 2011 foram influenciados por duas gigantes: a Petrobras e a Vale.
A mineradora registrou sozinha um resultado financeiro negativo de R$ 6,6 bilhões no ano passado, perda maior do que a de 2010 (R$ 2,76 bilhões). Já a Petrobras teve um resultado financeiro positivo de R$ 122 milhões em 2011, mas o número foi inferior ao ganho de R$ 2,562 bilhões de 2010.
Mesmo excluídas as gigantes do levantamento, porém, as perdas dobraram de R$ 3,8 bilhões para R$ 8,8 bilhões entre os dois últimos anos. Outros destaques são Fibria (perda de R$ 1,8 bilhão), TAM (R$ 1,2 bilhão) e Cosan (R$ 451 milhões).
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Apesar das perdas, o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), afirma que as empresas aprenderam uma lição na crise financeira internacional de 2008, quando as perdas com operações cambiais quase quebraram exportadoras como Sadia, Perdigão, Aracruz e Votorantim.
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