Por Arthur Virgílio
O primeiro governo Lula, até a queda de Palocci do Ministério da Fazenda, teve o mérito de não alterar as políticas econômicas herdadas de Fernando Henrique. A partir de Mantega, começou uma mexida aqui, outra acolá, até podermos dizer que, hoje, o PT final, canhestra e infelizmente, debuta no comando da economia.
Aparelha o Banco Central; reintroduz práticas protecionistas, maquia índices de inflação, consolida o país como neocolônia da China, abastecendo-a com produtos primários e recebendo de volta artigos manufaturados.
A estreia do PT no leme econômico apresentou crescimento pífio do PIB: 2,7%, contra inflação, maquiada, de 6,5%.
Para 2012, a inflação permanecerá bem acima do já elevado centro da meta (4,5%) com PIB, de novo, abaixo de 3%, em que pese o Ministro Mantega falar, levianamente, em 4,5%.
O Crédit Suisse, elaborou relatório afirmando que o PIB deste ano ficaria em 2,5%. O BNP Paribas aposta em 2,7%.
O Brasil cresceu bem abaixo do seu potencial, em 2011, desmentindo todas as “projeções” da Fazenda. A última vaticinava 3,3%, em claro choque com a realidade, que marcou apenas 2,7%.
O principal responsável pelo fraco desempenho do PIB no ultimo trimestre do ano passado foi a indústria, que registrou queda de 0,5%, puxada pela desaceleração da indústria de transformação, que recuou 2,4% nesse mesmo trimestre.
Este segmento comportou-se modestamente ao longo de todo o exercício, em decorrência da apreciação da moeda local, dos efeitos defasados da política monetária e dos impactos indiretos da crise externa sobre a economia brasileira.
O câmbio contribuiu decisivamente para a perda de competitividade e fôlego da economia. O que antes ajudava, virou problema de difícil solução: o câmbio apreciado, que ajudava a conter a inflação, agora expõe a indústria nacional à competição desvantajosa com os importados e nos ameaça com o fantasma da “doença holandesa”, da desindustrialização.
O governo retomou o discurso das desonerações e do estímulo ao consumo interno. Mas agora, as famílias estão endividadas como jamais estiveram. A queda de 0,2% no estoque de crédito, registrada em janeiro, na comparação com dezembro de 2011, comprova isso.
Foi, por sinal, a primeira retração mensal do estoque de crédito desde 2009, tudo indicando que não temos amplos espaços para ampliar o crédito.
As taxas de inadimplência (pessoas físicas), nas dívidas com atraso acima de 90 dias, que estavam em 5,7% em janeiro de 2011, pularam para 7,6% doze meses depois. Nas de curto prazo (entre 15 e 90 dias), o salto foi de 5,9% para 6,4%. Para as pessoas jurídicas, a variação foi de 1,9% para 2,3%, no mesmo período.
O total do crédito concedido superou R$2 trilhões. Em janeiro de 2003, o volume era de R$380 milhões. Não vejo aí um dado necessariamente ruim. Precisamos, isto sim, inventariar a qualidade desses créditos.
Muitos foram direcionados a grandes empresas, via BNDES, sem compromisso com o desenvolvimento tecnológico do país. Outros foram destinados a obras que não andaram ou estão às voltas com o superfaturamento e a corrupção.
Atualmente, os juros médios cobrados no Brasil, nas operações de crédito livre, foram de 38%, em janeiro de 2012, segundo o Banco Central.
Como nem tudo é crédito livre, a exemplo dos cartões de crédito e do cheque especial (juros maiores) e dos empréstimos imobiliários ou através do BNDES (juros menores), podemos assumir que 30% seria a média dos juros praticados em nossa economia.
Por aí chegamos à impressionante marca de R$600 bilhões/ano, só a título de juros pagos pelos brasileiros.
A economia só vai bem na propaganda oficial e para os muito ricos apaniguados com créditos subsidiados pela maioria esmagadora da sociedade.
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