Amigo de Alexandre Padilha admite em entrevista à VEJA ter recebido R$ 200 mil de propina quando era assessor especial do ministro da Saúde
Reinaldo Azevedo
É compreensível que certo tipo de gente que transita na política e em atividades que lembram o jornalismo odeiem a revista VEJA com tanta dedicação. Sem ela, estariam mais livres para agir, para fazer seus negócios, para avançar contra os cofres públicos sem contratempos. Mas existe uma VEJA no meio do caminho — e isso, a muitos, parece insuportável.
Na revista que começou a chegar ontem aos leitores, os repórteres Daniel Pereira e Hugo Marques decidiram reconstituir e detalhes a guerra declarada entre PMDB e PT para controlar os hospitais federais do Rio.
Tanto empenho se explica: o Orçamento de 2012 reserva R$ 645 milhões para essas entidades. A análise de contratos revela que é de 15% o percentual médio de desvios — ou seja, propina. Enquanto isso, os doentes se arrastam pelos corredores.
Na sua investigação, VEJA descobriu um fato realmente inquietante.
Leiam trecho da reportagem:
(…)
Chama-se Edson Pereira de Oliveira um dos protagonistas dessa trama. Até o fim do ano passado, ele era assessor especial do ministro da Saúde, o petista Alexandre Padilha. Em dezembro, Oliveira pediu demissão. Alegou razões pessoais, mas, na verdade, não resistiu ao assédio de peemedebistas e outros deputados do Rio interessados em comandar diretorias dos hospitais federais do estado. Esse grupo acossou Oliveira quase que diariamente. Usou como arma uma informação preciosa: amigo de Alexandre Padilha há vinte anos, o então assessor especial do ministro havia se corrompido. Recebeu 200.000 reais de um grupo ligado a uma quadrilha suspeita de desviar dezenas de milhões dos hospitais fluminenses. O suborno tinha como objetivo manter abertas as portas do ministério aos interesses do grupo - àquela altura ameaçados.
(…)
Segundo o ex-assessor de Padilha. que tinha como função principal conversar com os parlamentares em nome do ministro da Saúde, o então deputado Cristiano, do PTdoB do Rio, de quem havia se tornado amigo íntimo, voluntariamente se dispôs a pagar uma dívida de campanha da época em que Oliveira disputara a prefeitura de Ibititá (BA). “Só descobri depois que não existe almoço grátis”, conta o ex-assessor, invocando uma aparente ingenuidade. No entanto, para despistar, a propina passeou por três contas bancárias indicadas pelo próprio Oliveira. Os depósitos foram realizados em junho de 2011 nas contas de um agiota, um amigo e um sobrinho do ex-assessor. Os comprovantes mostram que figuram entre os pagadores dois empregados de uma empresa farmacêutica que recebeu 3,8 milhões de reais da União, desde 2009, graças a contratos fechados, entre outros, com hospitais federais exatamente do Rio de Janeiro. Por que uma empresa com contratos com o governo pagaria uma conta de um alto senador público a pedido de um partido? Parece elementar.”
(…)
É isso aí. Edson Pereira Oliveira, como ele mesmo diz, é amigo do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, há 20 anos e o assessorou quando foi ministro das relações Institucionais no governo Lula. A edição traz uma entrevista sua em que ele conta detalhas da sem-vergonhice, na qual diz ter caído em razão de uma forma muito peculiar de inocência. Padilha diz que não sabia de nada e que pediu investigação.
Pois é… Não há dúvida de que muita gente estaria melhor sem VEJA: os corruptos. E muitos estariam em pior situação: as pessoas de bem e os doentes que penam nos corredores dos hospitais, enquanto alguns vagabundos enchem os bolsos.
É isto: há uma VEJA no meio do caminho.
E isso a escória não perdoa.
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