Mary Zaidan
Exibida na TV no horário eleitoral de 2010, a cena de Dilma Rousseff no Parque Eólico de Osório (RS), com pás brancas gigantes girando o futuro, era auspiciosa.
Propagandeava a geração de empregos em empreendimentos desse tipo e a necessidade de o Brasil diversificar sua matriz energética, como ela teria feito quando secretária de Energia do Rio Grande do Sul.
Não parou por aí. Ao longo da campanha, comprometeu-se com a multiplicação de parques eólicos pelo país afora e com a expansão do etanol como combustível, no Brasil e fora dele.
Até agora, nada. Ao contrário.
Na semana que passou, Dilma mostrou que desconhece o papel dos ventos na geração de energia ao taxar como “fantasiosas” a potencialidade da matriz eólica. Ou fingiu, grosseiramente.
Ela sabe, ou deveria saber, que participante algum do Fórum de Mudanças Climáticas seria incompetente o bastante para pretender que modos alternativos virassem o principal motor da geração de energia.
Mais do que infeliz, a declaração da presidente afrontou os que apostaram nela como fiadora de um modelo um pouco mais próximo do século 21.
Área dita como de expertise da presidente, energia tem sido uma dor de cabeça.
O etanol nem mesmo dá conta do mercado interno e está cada vez mais longe de cruzar fronteiras. Sequer beliscou a agenda que Dilma inicia amanhã nos EUA. Foi-se o tempo em que se discutia a prevalência da cana brasileira, hoje em produção decrescente, sobre o milho norte-americano.
Assim como uma série de outras promessas, sejam os milhares de creches ou o trem-bala, a diversificação da matriz energética só ganhou luzes na campanha.
Depois disso, apagou-se por inteiro. Notícia alguma de eólica, solar e biocombustível. O binômio forte é e continuará sendo hidrelétrica e petróleo. E, complementarmente, as sujas termoelétricas.
Nos rios, as apostas são, no mínimo, polêmicas. Os investimentos, concentrados na Amazônia, são fortemente contestados, já custam muito mais caro do que o previsto e estão atrasados.
No caso do óleo negro, o quinhão esconde-se em águas profundas demais, portanto sem tecnologia confiável para extraí-lo. Basta ver os recentes vazamentos em mares bem mais rasos.
Enquanto isso, a Petrobrás segue importando combustível a preço mais alto do que comercializa e os consumidores, industriais e residenciais, pagando uma das mais caras tarifas de energia elétrica do mundo.
Dilma Rousseff, que diz ter tanto apreço por esse setor, poderia emprestar um pouco dos seus fabulosos 77% de popularidade para dar conseqüência às promessas que fez em 2010. Algo de que, pelo jeito, poucos se lembram.
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