Diálogo em que dono de construtora íntimo de Cachoeira diz que políticos têm preço foi revelado há um ano por VEJA!
Reinaldo Azevedo
Os porta-vozes informais de mensaleiros e quadrilheiros, alimentados pela papa fina da grana oficial ou de estatais, saem por aí afirmando o que lhes ordena aquela variante do crime organizado, ainda que contra as evidências e contra os fatos.
Não sei se notaram, mas alguns políticos do PT, que estavam se comportando como verdadeiros Torquemadas da CPI do Cachoeira, que prometiam aniquilar a oposição, que queriam ver tudo em pratos limpos, passaram a se comportar como normalistas assustadas. Houve uma súbita esfriada no furor investigativo. À medida que vai ficando clara a intimidade da Delta, a maior construtora do PAC, com o grupo do bicheiro, arrefece o ânimo investigativo. Estranho mundo, não?
(…)
Pois é… O que está sendo noticiado como novidade foi publicado pela VEJA na edição que começava a chegar aos leitores no dia 7 de maio do ano passado — há quase um ano, portanto. A reportagem tratava, justamente, do fantástico crescimento da Delta e de sua intimidade com o poder — muito especialmente com um poderoso: JOSÉ DIRCEU:
Em entrevista à revista, dois empresários, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, acusam o ex-ministro e chefão petista [José Dirceu] de fazer tráfico de influência em favor da empreiteira Delta Construções, uma gigante do setor. Segundo os dois, Dirceu foi contratado por Fernando Cavendish, presidente do Conselho de Administração da Delta, para facilitar seus negócios com o governo federal. E como eles sabem?
Eles eram donos da Sigma Engenharia, empresa que seria incorporada pela Delta em 2008; os três se tornariam sócios. O negócio emperrou e foi parar na Justiça. Oficialmente, a Delta contratou Dirceu como consultor para negócios junto ao Mercosul. Receberia modestos R$ 20 mil mensais pelo trabalho. De fato, dizem os denunciantes, a Sigma passou a ser usada por Cavendish para fazer transferências bancárias a Dirceu.
Um trecho da reportagem informa o desempenho da empresa de Cavendish no governo petista. Seu grande salto se dá a partir de 2009, ano da contratação de Dirceu: AQUI.
(…)
Talvez os próprios petistas íntimos da construtora, inclusive Dirceu, o seu “consultor de luxo”, ignorassem a extensão das relações entre a empresa e o bicheiro, daí aquela sede de sangue e a operação deflagrada para tentar melar o processo do mensalão com a acusação de que era a oposição a se afundar no mar de lama. As coisas começaram a assumir, no entanto, uma dinâmica preocupante para os moralistas do PT quando a Delta saltou para o olho do furacão.
(…)
Dirceu, Lula e alas do PT estavam com sede de sangue. Não perceberam que estavam mordendo o pescoço de alguns “companheiros”. Todos querem, sim, apurar a exata extensão das relações de Demóstenes Torres com Cachoeira. Mas já é possível saber, a esta altura, que uma CPI que se restringisse ao senador seria uma farsa.
Há um ano VEJA contou o que apurou. De lá pra cá, a importância da Delta nas obras do PAC (e da Copa) só cresceu.
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