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Em seis anos, o jovem empreiteiro Fernando Cavendish fez um milagre: ampliou 14 vezes o seu volume de contratos com o governo
Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Sil va foi ao Rio de Janeiro, em maio, para entregar 56 unidades habitacionais a moradores do morro do Alemão, na zona norte da cidade, um jovem perfumado garantiu à comitiva presidencial que até setembro de 2010 entregaria todas as obras prometidas pelo governo na comunidade: mais de mil apartamentos e um teleférico. O autor da promessa é Fernando Cavendish Soares, dono da Delta Construções, que toca as obras do Alemão, no valor de R$ 623 milhões.
A data que ele escolheu para entregar os apartamentos é estratégica: um mês antes das eleições. Em retribuição, o empresário ganhou um lugar na foto oficial, logo atrás do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Cavendish é hoje o homem que mais recebe dinheiro da União em contratos de obras civis.
Deixa para trás na lista de fornecedores do governo gigantes da engenharia como a Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão. Só este ano, a Delta vai receber cerca de R$ 500 milhões da União, 14 vezes o que ganhou em 2003, primeiro ano do governo do PT.
Cavendish começou a destacar-se na contabilidade do governo do PT em 2004, ano em que sua empresa cresceu 119%. Os valores vêm aumentando em progressão geométrica. Em menos de cinco anos, a Delta já faturou R$ 1,5 bilhão do governo. Só em obras do PAC são 85.
Um dos primeiros filões explorados pela Delta nesta fase de lua de mel permanente com o governo foi a "Operação Tapa-Buracos", que, pela urgência, não seguiu os tradicionais critérios de licitação pública. A partir daí, a empresa não para de crescer. O economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas, se diz impressionado com o crescimento da construtora de Cavendish. "Muitos casos de ascensão meteórica são fruto de competência ou de bom relacionamento suprapartidário", diz Castelo Branco.
Mas os problemas de Cavendish aumentam na mesma proporção da expansão de sua empresa. A ControladoriaGeral da União (CGU) enumerou irregularidades em 14 obras de Cavendish no PAC, em contratos que somam R$ 200 milhões com o DNIT. Na lista da CGU estão pagamentos por serviços não executados, alteração contratual com acréscimos financeiros não previstos em lei e serviços duplicados realizados no mesmo trecho.
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