quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os “bandidos e vândalos” que interessam e os que não interessam

Reinaldo Azevedo

Vocês se lembram de Gilberto Carvalho, não? É aquele senhor que ocupa a função de secretário-geral da Presidência da República e que é o braço operativo de Lula no governo Dilma.
(...)

Quando a Polícia Militar de São Paulo, cumprindo uma decisão da Justiça — não era uma questão de gosto, mas de obrigação — promoveu a reintegração de posse da região conhecida como Pinheirinho, Carvalho foi um dos petistas que decidiram satanizar o governo de São Paulo. Segundo este valente, o governo federal tinha um outro modo de lidar com as questões sociais. Representantes do governo federal enfiaram o pé na jaca da delinquência política.

Paulo Maldos, amigo de Carvalho, secretário Nacional de Articulação Social, estava no Pinheirinho no dia da desocupação e anunciou ao mundo que tinha sido alvo de uma bala de borracha, mesmo depois de ter se identificado como representante do governo federal. E saiu por aí tirando fotos exibindo artefatos não-disparados da tal bala.

Não exibiu o suposto ferimento. Não fez exame de corpo de delito. Nada!

Vários grupos de esquerda sustentavam, sob indiscreto incentivo federal, a existência de supostos mortos e desaparecidos no Pinheirinho. Talvez tenha sido a operação de mídia mais canalha montada por essa gente nos últimos tempos.

Muito bem! Os trabalhadores de Jirau botaram fogo nos alojamentos. Milhares de pessoas tiveram de ser removidas da área. As obras estão paradas. Parte dos operários de Belo Monte também parou.

E agora? Bem, agora Gilberto Carvalho se mostra menos sensível à questão social.
Vejam o que informa Rafael Moraes Moura, no Estadão Online:


Carvalho vê ação em Jirau como vandalismo e banditismo

Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, condenou nesta quarta-feira, 4, o incêndio criminoso ocorrido no início desta semana no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau (RO), que destruiu 36 dos 57 alojamentos dos operários. Para ele, foram atos de vandalismo e banditismo. Onze pessoas foram presas no episódio.

“Não consideramos essa ação que houve lá como uma ação sindical ou uma ação de mobilização, mas um vandalismo, banditismo, e como tal será tratado”, afirmou Carvalho.

“Isso não é ação de trabalhador, isso não é ação sindical. Tem de ser tratado em outros termos, de questão judiciária e policial”, reforçou.

(...)

Vamos ver.
*Eu não apoio vandalismo na USP. Mas os petistas apoiam.

*Eu não apoio vandalismo no Pinheirinho (havia até uma tropa de choque criada pelo PSTU no local). Mas os petistas apoiam.

*Eu não apoio vandalismo na Cracolândia. Mas os petitas apoiam.

*Eu não apoio vandalismo no Jirau; nesse caso, os petistas também não!

*Eu não apoio vandalismo, pouco importa o alvo do protesto. Já os petistas pensam de modo diferente:

“Vandalismo contra os nossos adversários é questão social; vandalismo contra nós é banditismo”. Esse é Gilberto Carvalho!
(...)

Boquirroto
Assim como Carvalho foi boquirroto ao condenar o governo de São Paulo no caso de Pinheirinho sem nem mesmo dispor de informações suficientes a respeito, está sendo boquirroto agora. Naquele caso, “vândalo e bandido”, entendia-se, era o governo de São Paulo; desta vez, “vândalos e bandidos” são os trabalhadores. E ele, igualmente, não tem dados, o que confessa. Não tem, mas é judicioso.

Por que a diferença de tratamento? Porque este notável homem de estado estava e está fazendo apenas política partidária. Naquele caso, tratava-se de atingir o PSDB, um partido adversário; agora, trata-se de preservar o PT. Não descarto, não, que haja banditismo no Jirau. Como também não descartava que houvesse, e havia, banditismo no Pinheirinho.

Para encerrar
Imaginem o que as esquerdas financiadas não estariam fazendo agora se conflitos dessa natureza explodissem em obras gerenciadas por governos tucanos, por exemplo. Já teriam feito denúncias à OEA. Desta vez, esse bando de vendidos não quer nem saber.

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