sábado, 14 de abril de 2012
PAUTAS, VERSÕES E CONVERSA FIADA
Como atingir a unanimidade numa sociedade plural?
Simples, basta lançar a ideia de polarização de opiniões entre os iguais, uma armação que cria imagens distintas em personagens que atuam lado a lado. Assim, anula-se completamente a possibilidade de uma terceira via, cala-se a voz da oposição, à qual restaria a opção de apoiar um dos lados, e apenas as versões simuladas por supostos debatedores tendem a ocupar todos os espaços da midia.
Não é o que está acontecendo?
A pauta estabelecida minimiza o fato de que a preocupação de Dilma é, na verdade, uma confissão de culpa, apesar de insinuar a sede de vingança do ex-presidente. Porém, o tom das análises confundem ausência de escrúpulos com habilidade política, o mesmo erro que cometem os que atribuem aos delinquentes adjetivos que os enaltecem e os estimulam ao crime, como a inteligência e o espírito de liderança.
Apenas uma única vez eu assisti a uma entrevista na qual o repórter fazia esse tipo de abordagem e a profissional entrevistada contestou: "Se um criminoso por acaso tiver algum sinal de inteligência, sua conduta prova o contrário."
Pena que poucos "formadores de opinião" tenham preocupação com o exemplo.
Abaixo, matéria para quem acredita em "diz-que-diz":
Dilma pede a Lula cautela com CPI do Cachoeira por temer reflexo no governo
João Domingos, de O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff reuniu-se nesta sexta-feira, 13, por duas horas e quarenta minutos na subsede da Presidência, na Avenida Paulista, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir a ele que tenha cautela ao incentivar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira - que investigará laços de políticos e agentes privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais. A presidente teme que as investigações respinguem em seu governo.
Ao lado do presidente do PT, Rui Falcão, Lula tem sido um dos principais incentivadores da CPI do Cachoeira. Eles entendem que com a CPI será possível provar que não houve o mensalão - maior escândalo do governo do PT, ocorrido em 2005, em que parlamentares da base aliada votavam a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto em troca de uma remuneração mensal, conforme o relatório da CPI dos Correios.
(continua)
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