Guilherme Fiúza, ÉPOCA
Enquanto
Dilma Rousseff se especializa em falar sozinha na TV, o presidente do
PT avisa que o governo popular vai “peitar” a mídia. É compreensível.
A
mídia é praticamente o único problema do Brasil atualmente. Se não
fosse ela, não existiria corrupção no governo popular (o que os olhos
não vêem, o coração não sente).
Infelizmente, a rede parasitária
montada pelos companheiros em pelo menos sete ministérios foi parar nas
manchetes. Não fosse essa invasão de privacidade, esquemas como o do
Dnit com a Delta continuariam firmes na aceleração do crescimento.
Se
não fosse a mídia para atrapalhar, o governo da presidenta falaria
diretamente com o povo – sem esses assuntos azedos que só interessam à
imprensa.
E já que jornalista só gosta de coisa ruim, o PT resolveu falar sozinho, em cadeia obrigatória de rádio e TV.
Dia
da Mulher, Dia do Trabalhador, Dia das Mães e todas as datas simpáticas
do calendário passaram a ser, também, Dia da Dilma. São os momentos em
que a presidenta olha nos olhos do Brasil e diz a ele só coisas lindas,
de arrepiar.
O comício contra os bancos no Primeiro de Maio foi
inesquecível. Como governar é muito chato e trabalhoso, o PT resolveu
voltar a ser estilingue (sem sair do palácio).
É o primeiro governo de oposição da história.
É
muito melhor fazer comício contra juros altos (“peitar os bancos!”) do
que organizar as finanças públicas, acabar com a farra tributária, abrir
mão do fisiologismo, parar de gastar o dinheiro que não tem e controlar
toda essa bagunça institucional que empurra para o alto a inflação – e
os juros.
O povo está adorando esse governo de oposição, liderado
por uma mulher corajosa que faz faxina em sua própria lambança e vira
heroína.
No pronunciamento emocionante do Dia das Mães, que lançou
o programa Brasil Carinhoso, só faltou uma palavra de carinho para a
construtora Delta, que cresceu e engordou sob a guarda da Mãe do PAC.
Foi dentro do projeto de peitar a mídia
que Lula insuflou a CPI do Cachoeira. A idéia era mostrar que a
imprensa burguesa também estava no bolso do bicheiro e que o mensalão
não existiu.
Quem sabe essas pérolas do romantismo petista não viram verdade no
Dia dos Namorados, em mais um pronunciamento oficial da presidenta?
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