Ricardo Noblat
O senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) tem uma nova fixação
desde que começou a funcionar a CPMI de Cachoeira: pela ordem, o
jornalista Policarpo Jr., diretor em Brasília da sucursal da VEJA,
Roberto Civita, dono da Editora Abril que publica a VEJA, e a própria
revista.Foi à VEJA que Pedro Collor denunciou a corrupção que acabaria por derrubar seu irmão da presidência da República. Fernando não desculpa a revista. Nem seus jornalistas. Nem seu dono. Para Fernando virou uma questão de honra provar que VEJA e Cachoeira têm tudo a ver.
De honra, não. Digamos que virou um capricho.
Sobre Policarpo, que tinha Cachoeira como uma de suas muitas fontes de informação, disse Collor, esta tarde, em discurso no Senado:
- Até quando o fato de ser uma fonte jornalística pode justificar a preservação de suas atividades criminosas por parte de um confrade? (...) Por que um sigilo de Estado, Sr. Presidente, deve ter data marcada para ser aberto e o sigilo da fonte deve ser eterno?
Nos anos 70 - e por pouco tempo -, Collor foi repórter do Jornal do Brasil em Brasília. Um repórter medíocre, registre-se. Curiosa sua sugestão de quebra do sigilo da fonte jornalística uma vez transcorrido certo tempo. Quem contaria segredos a jornalistas sabendo que depois teria sua identidade revelada?
Collor com a palavra:
- Por que um segredo de justiça deve ser violado e o sigilo de uma fonte criminosa não? (...) E mais: até que ponto a liberdade de Imprensa não está se transformando em libertinagem da Imprensa?
De libertinagem Collor entende. Entendia quando era um jovem farrista em Brasília, capaz de presentear ex-namoradas com gravações que elas desconheciam a existência. Continuou entendendo quando assumiu a presidência da República e cortejou a própria cunhada.
Collor com a palavra:
- Eu falo a verdade. E, em nome da verdade, eu desafio o chefe maior desse grupelho, o Sr. Roberto Civita, a comparecer também à CPMI para falar da co-habitação que, a seu mando, a revista de sua propriedade e alguns de seus jornalistas mantém com o crime organizado. (...) Acho que está na hora de desmascararmos este Sr. Roberto Civita e suas atividades paralegais. Se a razão do Sr. Civita é tão patente e lúcida, se sua defesa da liberdade é tão consistente, não terá este capodecina qualquer receio de se manifestar pessoalmente, de ser as "vozes da nação".
Collor é a mais barata "boca de aluguel" do PT. A respeito da VEJA, do seu dono e dos seus profissionais, diz tudo que o PT não tem coragem de dizer. Se não fosse quem é poderia chamar alguma atenção.
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