Por Adriana Irion, do Zero Hora:
O ministro do Supremo Tribunal federal (STF) Gilmar Mendes passou o dia tentando evitar falar da polêmica causada com a matéria da revista Veja na qual ele contou a pressão que sofreu do ex-presidente Lula para adiar o julgamento do mensalão...
Confira AQUI o que disse o ministro em entrevista por telefone: (trechos abaixo)
Zero Hora — Quando o senhor foi ao encontro do ex-presidente Lula não imaginou que poderia sofrer pressão envolvendo o mensalão?
Ministro Gilmar Mendes — Não. Tratava-se de uma conversa normal
e inicialmente foi, de repassar assuntos. E eu me sentia devedor porque
há algum tempo tentara visitá-lo e não conseguia. Em relação a minha
jurisprudência em matéria criminal, pode fazer levantamento. Ninguém
precisa me pedir para ser cuidadoso. Eu sou um dos mais rigorosos com
essa matéria no Supremo. Eu não admito populismo judicial.
(...)
ZH — O senhor não pensou em relatar o teor da conversa antes?
Mendes — Fui contando a quem me procurava para contar alguma
história. Eu só percebi que o fato era mais grave, porque além do
episódio (do teor da conversa no encontro), depois, colegas de vocês
(jornalistas), pessoas importantes em Brasília, vieram me falar que as
notícias associavam meu nome a isso e que o próprio Lula estava fazendo
isso.
ZH — Jornalistas disseram ao senhor que o Lula estava associando seu nome ao esquema Cachoeira?
Mendes — Isso. Alimentando isso.
ZH — E o que o senhor fez?
Mendes — Quando me contaram isso eu contei a elas (jornalistas) a conversa que tinha tido com ele (Lula).
(...)
ZH — Lula lhe ofereceu proteção na CPI?
Mendes — Quando a gente estava para finalizar, ele voltou ao
assunto da CPMI e disse “que qualquer coisa que acontecesse, qualquer
coisa, você me avisa”, “qualquer coisa fala com a gente”. Eu percebi que
havia um tipo de insinuação. Eu disse: “Vou lhe dizer uma coisa, se o
senhor está pensando que tenho algo a temer, o senhor está enganado, eu
não tenho nada, minha relação com o Demóstenes era meramente
institucional, como era com você”. Aí ele levou um susto e disse: “e a
viagem de Berlim.” Percebi que tinha outras intenções naquilo.
(...)
ZH — Na conversa, Lula ele disse que falaria com outros ministros?
Mendes — Citou outros contatos. O que me pareceu heterodoxo foi
o tipo de ênfase que ele está dando na CPI e a pretensão de tentar me
envolver nisso.
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