domingo, 6 de maio de 2012
Assim caminha nossa vã ECONOMIA
Os economistas podem apontar "trocentas" razões para a crise econômica mundial, mas tudo poderia ser resumido numa única palavra: IRRESPONSABILIDADE.
Irresponsável é, também, quem aplaude e repercute a apologia ao consumismo sem critério, o estímulo ao endividamento improdutivo. Essa é a raiz da questão e faz do Brasil um país vulnerável à crise.
Podemos exemplificar com cenas do cotidiano que estão se incorporando no comportamento do brasileiro, que deveria ser revisto com urgência antes que o estrago seja irreversível.
Já citei aqui no blog a reação de uma pessoa amiga, com dívidas "impagáveis" e recebendo cobranças diariamente, ao invés de se envergonhar e buscar uma negociação para superar essa fase difícil com o mínimo de dignidade, achou-se no direito de esbravejar e questionar coisas absurdas, tais como: "Quem disse que eu tenho que pagar?"
Esse é o país do PT que não se importa com corrupção - é o caminho para o sucesso; com a vergonha de se tornar refém da agiotagem oficial, pensa que o dinheiro cai do céu; com o descaso na saúde pública, afinal, o sonho de consumo é ter direito ao plano de saúde do patrão; com a ausência de investimentos em segurança (polícia pra que?), em transportes (melhor ter veículo próprio) e educação (cada vez menos necessária para "se dar bem").
Esse é o país do PT que está esgotado, mas que empurra a cabeça do povo endividado para o fundo do poço sem se importar com suas angústias, o que interessa é garantir que o sistema financeiro atinja suas metas, entre as quais "vender" dinheiro, mesmo que tenha que recorrer às "promoções" (redução de juros).
Esse é o país do PT que prega o confronto para simular a defesa de suas vítimas - o povo endividado, o pequeno poupador e o assalariado afetado pela inflação.
Vejam informações que não chegam ao conhecimento da população e alguns dados preocupantes no artigo "Na raiz dos juros", de Miriam Leitão, em O Globo.
Leiam trechos abaixo:
Querer ter taxa de juros a níveis internacionais é um bom objetivo... É preciso, no entanto, ter a mesma ousadia na meta de inflação.
Há anos o Brasil tem como meta 4,5%, altíssima para os padrões da Europa, Estados Unidos ou Japão, que têm metas — explícitas ou não — em torno de 2%. O Banco Central comemorou quando fechou em 6,5% no ano passado.
A fórmula de remuneração da poupança era um obstáculo para a queda das taxas de juros abaixo de 8,5%. Mas não é o único.
O mais importante obstáculo é a inflação.
(...)
Parte do spread é engordado pelo próprio governo, que cobra imposto alto sobre a intermediação financeira.
Além disso, o mercado de crédito brasileiro tem uma distorção que reduz a potência da política monetária.
As grandes empresas têm acesso a juros abaixo da taxa Selic, que, em alguns momentos, chegam até a ser negativos.
Quando a inflação sobe, o Banco Central tem que subir as taxas para conter o acesso ao crédito e assim reduzir o ritmo da economia e controlar a alta dos preços.
Só que o crédito do BNDES não é afetado por essa ação do BC e, para compensar, os juros tem que subir ainda mais para que se atinja o efeito de aperto monetário.
(...)
O spread é construído por uma superposição de fatores. Alguns são provocados por políticas governamentais, como os tributos ou o recolhimento compulsório.
Mas os bancos colocam no spread seus custos administrativos, uma cobertura para a inadimplência, e uma parte para o retorno do capital. O que significa que eles podem ser ineficientes porque o custo operacional é distribuído aos tomadores dos seus recursos.
Isso sem falar nas tarifas. Tem margem gorda para cobrir o risco, mesmo quando a inadimplência é alta. E coroando tudo tem a fatia do seu lucro reservada. Em qualquer setor, o lucro é consequência da eficiência e competência da empresa e não garantia a priori.
(...)
O erro está no tom acima que a presidente deu a partir do Primeiro de Maio. Não pode ser uma cruzada santa contra os bancos. Tem que ser um movimento para aumentar a eficiência, a competição e a segurança no mercado de crédito brasileiro.
O governo está ficando aflito com a falta de reação da economia aos estímulos. O economista José Júlio Senna, da MCM consultores, avalia que a economia tem vários sinais antecedentes de que não está retomando o crescimento.
— Os sinais não estão bons, o número da produção industrial de março, que saiu esta semana, fará com que o PIB do primeiro trimestre seja revisto para baixo. Estávamos com 0,6%, na margem. Será o terceiro trimestre seguido de PIB fraco. Os dados antecedentes de abril também estão fracos, houve a quarta queda seguida do indicador PMI, dos gerentes de compras, as vendas de veículos caíram, os estoques estão elevados — disse o economista.
Todos os sinais mostram uma economia fraca.
Ontem, o ministro Guido Mantega disse que o crédito não está crescendo a contento.
Os bancos estão mais cautelosos porque aumentou a inadimplência e eles estão tendo que fazer provisões contra o risco.
A oferta de crédito tem que respeitar a capacidade do tomador de pagar a dívida. Do contrário, alimenta-se a bolha, como o mundo acabou de nos ensinar.
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