Buscando entender como tudo aconteceu, como se cria uma liderança e como seria fácil desmascarar um "mito fabricado" pelos interesses da elite econômica se alguém tivesse coragem para isso:
POR TRÁS DAS GREVES DOS TRANSPORTES COLETIVOS
Por Carlos Chagas
Os comunistas não são, porque o comunismo saiu pelo ralo. Imaginar a
CUT por trás da movimentação será ignorar a ligação umbelical da
entidade com o governo, que não admite prejudicar. O Paulinho da
Força Sindical teria tanta força assim? Nem pensar. Muito menos as
oposições, que pouco ou nada tem a ver com os trabalhadores. A Igreja,
os militares? De jeito nenhum. Sequer o Flamengo e o Corintians.
Sendo assim, que diabo anda acontecendo para determinar a greve nos transportes coletivos do país inteiro?
Não acontece de graça essa perfeita orquestração que paralisa metrôs, trens suburbanos e ônibus em todos os estados. Não há geração espontânea.
Sempre se poderia admitir serem as respectivas categorias que se organizaram em cada estado, isoladas, sem participação das centrais sindicais, demonstrando eficiência ímpar e inusitada.
Também fica difícil aceitar o raciocínio, já que uma estrutura tão rica e com tamanho poder como a que agora se vê atuando em uníssono não teria passado despercebida das autoridades de informação e segurança.
Então, como diz Sherlock Holmes, depois de afastadas todas as hipóteses impossíveis, sobra apenas uma, mesmo a mais estranha.
São as empresas que administram os transportes coletivos que vem estimulando e instigando a greve atual, claro que em conluio com os trabalhadores hoje de braços cruzados.
Estes, até com muita justiça, reivindicando melhores salários e condições de trabalho.
Aquelas, atrás do aumento de tarifas, que como sempre só conseguem mobilizando seus empregados para infernizar a vida da população e, assim, pressionar os governos.
Não é sem razões óbvias que os sindicados dos grevistas rejeitaram por unanimidade a proposta de seus grupos mais sinceros, de trafegarem com as catracas abertas.
A maioria sustentou que o movimento só teria sucesso caso conseguisse fazer o povo sofrer. Então que sofra, invertendo-se o princípio de que greve se faz contra patrão.
Aqui, é feita contra o povo, capaz da indignação necessária para levar a autoridade pública a conceder aumento nas passagens. De tabela, mas parcialmente, também nos salários.
Convenhamos, os grevistas são inocentes úteis, o povo é sofredor.
Mas são os empresários que se beneficiam.
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