quinta-feira, 17 de maio de 2012

Saudades das antigas CPIs

Por Ricardo Noblat

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) é instrumento da minoria para atanazar a vida da maioria. Sempre foi assim e sempre será em qualquer parte onde haja democracia - para valer ou de mentirinha.

CPI dos Correios (2005)

Então Lula, ainda sob o efeito dos remédios que tomou para se curar do câncer na laringe, trocou o sinal e inventou a CPI da maioria para incomodar uma minoria que não faz mal a ninguém - muito menos ao governo. Por incompetente, só faz mal a ela mesma.

Lula queria pegar Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás e seu desafeto pessoal; a VEJA, a quem acusa de ter inventado escândalos para derrubar o seu governo; e retardar o julgamento do mensalão.

Coberto de escoriações, Perillo pediu que a Justiça investigasse suas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ofereceu-se para depor na CPI. Sairá machucado. Mas como controla a Assembléia Legislativa do seu Estado, preservará o mandato.
Delegados da Polícia Federal disseram na CPI não ter encontrado nada demais nas conversas entre Cachoeira e Policarpo Jr., repórter da VEJA. O Partido da Imprensa Governista (PIG) na internet não se conformou com a palavra deles.

Se não desse para retardar o julgamento do mensalão, a CPI deveria servir pelo menos para dividir com ele a atenção do distinto e manipulável público. Era o que imaginava Lula. Deu errado. A CPI apressou o julgamento.
(...)

Do governo, não, que dona Dilma faz de conta que nada tem a ver com a CPI. Nega que tenha cedido ao apelo de Lula para vê-la instalada.
Para não irritar dona Dilma: tudo segue sob o controle exclusivo dos partidos que por "coincidência" apoiam o governo. Melhor assim?

Sem essa de permitir a divisão da CPI em sub-relatorias, como sugeriu a oposição. Pegaria mal para os partidos do governo indicar todos os sub-relatores. Fiquemos, portanto, apenas com um relator.
Sem essa de dividir com a oposição o comando da CPI, como no passado remoto. Bons tempos aqueles. O governo emplacava o presidente ou o relator da CPI. O cargo que sobrasse era da oposição.

Agora, não. O presidente é do PMDB chapa branca. A relatoria, do PT da confiança irrestrita de Dilma.

(continua)

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