Foto: Tuca Pinheiro
Por Roberto Freire*
Emulando os governos militares do
"milagre econômico" com sua Transamazônica, o governo Lula/Dilma
utilizou as obras da ferrovia Transnordestina e o faraônico projeto de
transposição de águas do rio São Francisco como cenários no recente processo
eleitoral para fotos e filmagens que emolduraram a campanha da "mãe do
PAC".
Com essas obras, propagavam que os problemas
recorrentes há séculos finalmente seriam superados.
Agora, o Nordeste, mais uma vez, enfrenta uma
seca - com seu séquito de sede, fome e miséria - mesmo depois de quase uma
década de administração petista, período no qual espalhava aos quatro ventos o
anúncio de obras que iriam redimir a condição do Nordeste como uma região
atrasada.
Mas realidade é outra, seja por falta de
capacidade gerencial, seja por deficiência de projeto ou de execução, como o
trecho destinado à famigerada empresa Delta, com rachaduras em vastas extensões
do leito artificial que o tornam imprestável para o fim desejado necessitando
ser refeito antes de seu uso, essas obras não estão prontas.
Enquanto a seca impera em vastas regiões do
sertão nordestino, nossa presidente, amparada pela extraordinária máquina de
propaganda que herdou do governo Lula, vem a público anunciar mais um novo
"projeto de combate à pobreza".
Inaugurar promessas é uma especialidade do
governo petista.
A presidente Dilma Rousseff inova com o
programa Brasil Carinhoso ao reinaugurar promessas já feitas.
Faz um grande evento publicitário para
relançar um programa fracassado, o Pró-Infância, lançado em 2007, na gestão do
presidente Lula, agora com outro nome, aliado ao aumento do Bolsa Família.
Em um ano e cinco meses de governo, a
presidente não entregou nenhuma das 6 mil creches prometidas na campanha de
2010. Agora, promete somente 1.500 unidades.
É um verdadeiro escárnio com a população,
ainda mais ao sabermos do Ministério da Educação, que no país não passam de 400
creches do governo federal em pleno funcionamento e todas foram construídas
antes do governo do PT.
As creches são fundamentais para garantir que
a primeira infância seja cercada dos cuidados necessários ao desenvolvimento
das crianças, possibilitando às mães apoio para poderem trabalhar, gerar renda
e ter autonomia. Creche é dignidade para as mães e segurança para as crianças.
É fácil transferir dinheiro ou lançar projetos
que não saem do papel. Difícil é construir uma política de geração de emprego e
renda, qualificar as pessoas ao mercado de trabalho para permitir que elas
garantam seu sustento sem a tutela do Estado.
Difícil é entregar as obras prometidas que
trariam maior dinamismo econômico à região.
A presidente precisa parar de gastar dinheiro
com publicidade e começar cumprir o que prometeu. A população começa a dar
sinais de cansaço com tanto discurso e pouca ação.
O das bolsas que se aliviam
o presente não oferece perspectivas de um futuro diverso e melhor. Que o diga a
atual, e ainda infelizmente recorrente, seca.
Como dizia Luiz Gonzaga, em um clássico de
nossa música popular, "mas dotô uma esmola/ a um home que é são/ ou lhe
mata de vergonha/ ou vicia o cidadão".
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