Por André Nassar*
No seriado Fringe, o universo
primário, mundo em que vivemos, tem um universo paralelo.
O mundo
alternativo é muito similar ao primário, exceto por diferentes escolhas
feitas pelas pessoas que o habitam. Outra diferença é que efeitos
extremos são muito mais severos no universo alternativo que no primário.
O Outlook Brasil 2022 é o universo
primário do agro, enquanto a campanha Veta, Dilma é seu universo
paralelo.
No primário, o Brasil tem orgulho do agro. No paralelo, tem
vergonha.
A reforma do Código Florestal, no universo primário, seria
vista como necessária.
No mundo alternativo, as pessoas clamam pelo veto
da presidente.
(...)
O Instituto de Estudos do Comércio e
Negociações Internacionais (Icone), em conjunto com a Fiesp e
especialistas em fertilizantes, logística e metodologias de avaliação de
impactos econômicos e sociais, elaborara um grande estudo avaliando o
desempenho e projetando a expansão do agro brasileiro de hoje até 2022.
O
estudo confirma o que já sabemos hoje: o agro é um dos setores mais
dinâmicos da economia brasileira.
O PIB dos setores avaliados
(representando cerca de 11% do PIB nacional e 50% do PIB do agronegócio)
deverá crescer ao redor de 3% ao ano em termos reais, taxa elevada para
os padrões históricos de crescimento da economia brasileira.
Tais
setores empregam cerca de 17 milhões de pessoas e deverão gerar mais 6
milhões de ocupações, ou seja, 34% dos empregos que serão gerados em
toda a economia de 2010 a 2022. O estudo confirma também o grande poder
de irradiação da produção do agro no resto da economia. Quase metade da
geração de empregos ocorrerá fora das cadeias do agro, sobretudo nos
setores de serviços, que verão sua demanda crescer pelo crescimento
econômico do agro.
(...)
Enquanto isso, no universo paralelo
cristaliza-se a visão de que a reforma do Código Florestal se resume a
anistia a desmatadores, salvo-conduto para os que nunca cumpriram a
legislação ambiental brasileira e é um prêmio para os ruralistas. Na
visão dos defensores do Veta, Dilma, ruralista é o agricultor pouco
interessado em produção, mas muito hábil na arte de explorar a terra.
(...)
No universo paralelo, o agro perdeu a
batalha de opinião pública.
Não soube explicar à sociedade que a reforma
do Código Florestal é necessária para preservar o lado produtor do
proprietário de terra. Várias tentativas foram feitas, mas com base em
argumentos frágeis, por vezes xenófobos, e com muita disposição para
falar, mas pouca de ouvir.
O mantra da moda é dizer que o equilíbrio
entre produção e conservação é possível. No entanto, se a reforma do
Código Florestal é colocada como condição para se atingir esse
equilíbrio - que é o que acredito e defendo -, contraditoriamente,
determinados grupos a definem como anistia.
O equilíbrio entre a coexistência do
mundo primário e do paralelo no seriado Fringe é dado pelo respeito aos
limites de cada universo.
Quebrado esse limite e conectados os dois
mundos, efeitos extremos passam a ocorrer. O equilíbrio entre produção e
conservação está limitado à manutenção da produção existente e à
conservação da vegetação remanescente. Não é mais que isso que o novo
Código Florestal faz.
Romper esse limite, como querem os Veta,
Dilma, porá produção e conservação em pé de guerra. Essa guerra não
interessa a ninguém, nem mesmo aos que, por ignorância ou ideologia,
clamam pelo veto. A guerra que interessa é levar o Brasil à condição de
nação rica e com capacidade de garantir desenvolvimento sustentável para
sua população. Sem o crescimento do agro essa guerra nunca será
vencida.
Íntegra AQUI.
*André Melon Nassar é Diretor-Geral do Ícone e Coordenador da Redeagro. Artigo Publicado no Estadão de 16/05/2012
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