O Globo - (Editorial)
A ampla e eclética aliança
político-partidária instituída por Lula a partir de 2003, no início de
seus oito anos de poder, foi sedimentada com a farta distribuição de
postos no primeiro escalão entre políticos da base parlamentar do
governo.
Foram dois mandatos sem grandes sustos no Congresso, com
exceção do fim da CPMF, no Senado, no final de 2007, quando ficou
provado que, apesar de todo o controle exercido pelo Planalto sobre o
Legislativo, existia espaço para o êxito de pressões legítimas da
sociedade.
O grupo que chegou com Lula ao Planalto também colocou
em prática um plano de manipulação da máquina e recursos públicos para
retribuir apoio a aliados e como instrumento de cooptação.
Organizações
como o MST (sem-terra) e similares passaram a ter grande influência no
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Incra, num estranho modelo de
“privatização” de segmentos do Estado. O mesmo aconteceu no Ministério
do Trabalho, cedido a sindicatos.
Preparou-se o terreno para
desvios de vários tipos. Não são poucos os casos de evidências do gasto
de verbas públicas para financiar até mesmo manifestações violentas de
sem-terra.
No caso do Trabalho, há informações consistentes sobre a
montagem de uma indústria de criação de sindicatos na gestão do
pedetista Carlos Lupi, forma de se ter acesso ao dinheiro fácil do
imposto sindical.
O próprio Lula, no final do segundo mandato,
reconheceu oficialmente as centrais sindicais, permitindo-lhes também
receber parte desses recursos, indo contra o que pregara a partir do
final da década de 70, quando era a favor da desmontagem do aparato
varguista na área trabalhista. Faria o contrário décadas depois.
Se
o MST manteve seus programas de invasões de propriedades privadas —
apenas suspensas em épocas eleitorais, para não prejudicar os amigos no
poder —, os sindicatos foram mais compreensivos com o governo. Até mesmo
as manifestações em 1 de Maio terminaram substituídas por shows.
Os
estudantes foram outro grupo domesticado com dinheiro público. A União
Nacional dos Estudantes (UNE), outrora aguerrida, deixou de protestar
contra a corrupção no plano nacional, por exemplo. A não ser quando o
alvo é algum adversário do PT/Lula.
Agora, como noticiado sexta
pelo GLOBO, surgem provas de malversação de dinheiro do contribuinte
distribuído com generosidade entre organizações de estudantes. Além da
UNE, a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), de São
Paulo.
No final do mês passado, o procurador do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União, Marinus Marsico, pediu ao TCU que
examine a prestação de contas das duas entidades sobre o gasto de R$ 8
milhões recebidos, via convênios, dos ministérios da Cultura, Saúde,
Esporte e Turismo.
O próprio MP encontrou notas fiscais frias
entre as apresentadas pela UNE para justificar a despesa de R$ 2,8
milhões feita num convênio com o Ministério da Saúde. Ao Ministério da
Cultura foram encaminhadas notas de despesas sem qualquer ligação com a
finalidade do convênio, como bebidas alcoólicas. Há evidências, também,
de leniência de ministérios na cobrança de prestação de contas.
Começa a ser contabilizado quanto o contribuinte pagou para Lula governar em paz.
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