terça-feira, 12 de junho de 2012

A covardia política de Fernando Haddad

A covardia política de Fernando Haddad, que fugiu da miniparada gay. 
Ou: Por que o movimento minguou?


Começo por uma das provocações do título: “miniparada gay”. 
Por que “miniparada”? Pela primeira vez, fez-se uma medição da presença de público segundo critérios científicos. Os alegados 4 milhões de pessoas eram, na verdade, no máximo, 270 mil, ou 1/15 do número que servia à propaganda, segundo o Datafolha.
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Motivos para reflexão
A militância sindical gay deveria pensar um tantinho nos motivos que levaram à substancial e visível queda de público neste ano. Nunca como agora ela foi tão estridente e, em muitos aspectos, agressiva. Ganhou maus prosélitos. Os absurdos levados à avenida no ano passado — os modelos caracterizados como santos católicos em situações homoeróticas — e o debate às vezes virulento em defesa da tal lei de combate à homofobia podem ter concorrido para diminuir o que se esforçava para ter um caráter inclusivo, universalista. Não só: seria o caso de avaliar a insistência em levar às escolas o tal “kit gay”. Uma coisa é contar com a simpatia algo descompromissada da população (héteros, gays, tico-tico no fubá); outra, distinta, é querer convencê-la de que seus filhos devem ser submetidos a uma peça de propaganda bucéfala em sala de aula. Preconceito? Uma ova! Os filmes foram tornados públicos e falam por si.
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Haddad e a agenda secreta
José Serra e Fernando Haddad, tidos na imprensa como “os dois principais candidatos à Prefeitura”, não foram à parada. 

Nota: até agora, não sei por que o petista, com algo entre 3% e 5% das intenções de voto, está entre os “principais”, mas vá lá… 

Serra tinha ido a Nova York e parece não ter conseguido voltar a tempo. Já a ausência do petista foi planejada e obedeceu a uma estratégia de seu comando de campanha. Ainda que o tucano certamente tenha gays entre seus eleitores — foi o grande arquiteto do tratamento gratuito às vítimas da AIDS e do trabalho de conscientização sobre o contágio —, é fato que o PSDB não mantém com o que chamo “sindicalismo gay” os vínculos que mantém o PT, que se quer o partido das minorias.

O que tirou Haddad da avenida? Várias coisas. Em primeiro lugar, ele precisa se desvincular do chamado “kit gay”... Mas não era só isso, não! A musa da causa — ao menos entre os que lideram paradas — é Marta Suplicy, que foi alijada do processo eleitoral pela brutalidade de Lula. A chance de que Haddad fosse vaiado era grande.

O que fez, então, o petista? Garantiu, nos bastidores, às lideranças do movimento que será um prefeito sensível à causa, mas não quis aparecer em público ao lado dos gays. Assim, prefere tratar da questão como uma agenda secreta: se e quando eleito, então faz as vontades do sindicalismo gay; por ora, é bom se distanciar da causa para não provocar “os conservadores”, entenderam? 

Haddad tenta fazer com o tema mais ou menos o que Dilma fez com o aborto: deu um truque no grande eleitorado e ficou longe do assunto — quase aprendeu a persignar-se; no poder, vai implementando a agenda dos abortistas. A última do governo federal é estudar a implementação de um atendimento pré-aborto (!?) no Sistema Único de Saúde…
Haddad não foi à parada gay para manter parte de sua biografia e de suas intenções no armário.

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