Então…
Vejam que beleza a
CPI lá reunida.
A CGU e a Polícia
Federal apontaram uma penca de fraudes da Delta já em 2010. Depois daquilo, a
empresa celebrou mais de 30 contratos com o governo federal, somando quase R$
800 milhões. Ontem, a mesma CGU declarou a construtora — a que mais recebeu por
obras do PAC — inidônea.
Não obstante, nada
de investigar a Delta Nacional! PT e PMDB não deixam.
Pior ainda: depois daquela
operação da CGU e da PF, o BNDES — um banco de fomento (!) — emprestou R$ 139
milhões à empresa, a juros camaradas. A diferença entre o valor que o governo
paga na captação do dinheiro no mercado (Selic) e o juro subsidiado para os
eleitos cai nas nossas costas. Somos, assim, meio sócios da Delta, entenderam?
Mas não das viagens a Paris. Se bem que não dá para encarar uma boquinha da
garrafa com lenço na cabeça…
A senadora Kátia
Abreu (PSD-TO) propôs ontem que se crie uma subcomissão para apurar as
malandragens da Delta, também aquelas — a maior parte — que nada têm a ver com
Carlinhos Cachoeira, mero operador da construtora no Centro-Oeste. E no resto do
Brasil?
Imagino os
correspondentes estrangeiros, especialmente os acostumados a democracias
organizadas, ao se dar conta da realidade brasileira:
— “Que gente estranha
essa! O próprio governo apura pilantragem numa empresa, mas celebra com ela um
monte de negócios e ainda empresta dinheiro a juros subsidiados!”
— “Que gente
estranha essa! O próprio governo, que tem mais de R$ 4 bilhões em contrato com a
empresa, diz que ela é inidônea, e o Parlamento, que mantém uma comissão de
inquérito, nega-se a investigar a dita-cuja”.
Por Reinaldo Azevedo
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