Cerca de 150 militantes do PT gritaram palavras de ordem contra o
ex-presidente Lula em um protesto realizado ontem, no aeroporto de
Recife, contra a decisão do partido de vetar a candidatura à reeleição
do prefeito da cidade, João da Costa (PT).
"Ô Lula, decepção; em Recife você não manda não", diziam os
manifestantes quando o prefeito desembarcou, vindo de São Paulo, onde
foi avisado de que o PT não aceitaria sua candidatura e indicaria o
senador Humberto Costa (PT-PE) para o posto. Lula, que é pernambucano, foi o avalista da intervenção na disputa
eleitoral, que até então só envolvia o prefeito e o deputado licenciado
Maurício Rands (PT-PE).
A indicação do senador faz parte da estratégia do PT para atrair o apoio
do PSB à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, em São Paulo. O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que também é presidente do
PSB, é contra a reeleição do prefeito João da Costa em Recife. Usando as
camisas da campanha da prévia, exibindo bandeiras vermelhas e
faixas de repúdio à decisão da cúpula, os manifestantes bloquearam por
cinco minutos a passagem de veículos na área de desembarque, provocando
congestionamento e irritação dos motoristas.
Os militantes respondiam ao buzinaço com apitos e coros contra Lula e a
direção do partido:
"O golpe é covardia, respeitem a democracia" e "Ô
nacional, que arrogância, o PT é da militância".
Assim que deixou a sala de entrega de bagagens, o prefeito foi em
direção ao grupo e foi abraçado e agarrado como um ídolo pop. Um grande
tumulto se formou no saguão do aeroporto, assustando alguns passageiros
Costa voltou a criticar a decisão do PT e afirmou que não se submeterá
ao que classificou de "ato de força" da cúpula petista.
"Eu faço
política com outros objetivos além do cargo eleitoral", declarou.
"Enquanto não houver argumentos políticos que me convençam, não vou me
submeter a um ato de força apenas para que eu declare um apoio",
declarou o prefeito.
"O partido tem suas estratégias nacionais, mas se
convocou uma consulta e
depois impôs um candidato, é natural que a base convocada para a prévia
se sinta indignada. Foi uma avaliação política que nós discordamos."
O prefeito afirmou que se reunirá hoje com seu grupo político para
avaliar possíveis medidas a serem tomadas. Ele quer que o partido o
reconheça como o vencedor da prévia realizada no dia 20 de abril,
anulada pela legenda.
(Folha de São Paulo)
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