Economista e um dos idealizadores do plano, Arida acredita que cuidar da estabilidade é fundamental, mas critica a forte intervenção do governo na economia
No Estadão
A poucos dias de completar 18 anos, o Plano Real ainda não é considerado um sucesso total por um de seus idealizadores, o economista e sócio do BTG Pactual Persio Arida. Segundo ele, o projeto só estará completamente concluído "quando as taxas de juros brasileiras forem iguais às internacionais, o crédito tiver na mesma dimensões de outros países emergentes, e quando houver crédito muito longo em quantidades expressivas".
Ele acredita que cuidar da estabilidade é fundamental, mas critica a forte intervenção do governo na economia, mesmo quando isso está voltado para o incentivo ao crescimento.
"Do ponto de vista da modernização e redução da interferência do Estado na economia, o País está retrocendendo, e não evoluindo", alerta.
"Do ponto de vista da modernização e redução da interferência do Estado na economia, o País está retrocendendo, e não evoluindo", alerta.
Esse ponto, segundo ele, é um dos motivos do menor interesse dos estrangeiros pelo Brasil. Ele se refere à incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a entrada de capitais no País, à mudança do Imposto sobre Produtos IMportados (IPI) para carros importados e às restrições à compra de terras por estrangeiros.
Qual é a lembrança mais marcante que o senhor tem do período de lançamento do Plano Real?
Havia, naquele momento, um enorme apoio social ao programa. Alguns políticos ficaram na oposição, o PT mais notoriamente, mas a população como um todo endossou o plano...
Esse apoio existia também entre economistas e instituições financeiras?
Não. Pelo contrário. Havia um contraste entre o endosso da população, que estava sedenta por estabilidade, e o enorme ceticismo por parte dos colegas de profissão. Isso começou no próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), que se recusou a endossar o Plano Real, com o argumento de que não havia base e nem clareza suficiente de que aquilo de fato tinha sustentação. Eram frequentes também aqui no Brasil artigos dizendo que o real não ia dar certo, que era um equívoco gigantesco. Economistas importantes diziam que aquilo era como "patinar em gelo fino". Também disseram que o País iria direto para a hiperinflação na nova moeda.
Enfim, havia um enorme ceticismo entre os colegas de profissão, porque era um plano inovador, algo que nunca tinha sido feito em lugar nenhum do mundo...
(...)
Enfim, havia um enorme ceticismo entre os colegas de profissão, porque era um plano inovador, algo que nunca tinha sido feito em lugar nenhum do mundo...
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