Augusto Nunes
Na reportagem sobre o assassinato de Eliza Samudio, ocorrido em 2010, VEJA divulgou neste fim de semana uma carta endereçada pelo ex-goleiro Bruno a Luiz Henrique Romão, o amigo com quem tramou a execução da ex-namorada e mãe de seu filho. No manuscrito, Bruno propõe a “Maka” o que chama de Plano B, concebido em parceria com o advogado: para inocentar o remetente, o destinatário deveria esquecer o que já disse e afirmar que fez tudo sozinho, à revelia do atleta engaiolado.
Há duas semanas, uma reportagem do Estadão revelou que, com a colaboração dos clientes, os advogados de José Dirceu e José Genoíno arquitetaram uma jogada parecida com a sugerida na carta do algoz de Eliza Samudio. Nesse plano B dos mensaleiros, o papel de Macarrão caberia a Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e da quadrilha que executou a grande roubalheira descoberta há sete anos. Caso sustente que fez tudo sozinho, acreditam os pais da ideia, Delúbio poderá salvar a pele dos demais quadrilheiros.
Se a carta de Bruno tivesse chegado às mãos do parceiro, a proposta dificilmente seria recusada. Os dois são ligados por laços que ultrapassam a solidariedade entre cúmplices, informa a tatuagem que enfeita as costas de Macarrão desde o dia em que, a pedido do amigo, sequestrou a condenada à morte: “Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir. Amor verdadeiro”.
Sempre disposto a curvar-se ao partido, especialmente aos apelos formulados pelos cardeais da seita lulopetista, também Delúbio não se furtará a mais um sacrifício. Ele já salvou a pele dos companheiros recorrendo ao silêncio: sabe tudo, mas jamais contou a verdade. Por que não manter a turma longe da cadeia usando a voz para contar mentiras? O tempo de gaiola não serã tão longo. E vai ficar mais curto o atalho que leva ao mundo dos ricaços.
Falta saber quem terá o nome tatuado nas costas de Delúbio. Dirceu? Genoíno? Lula? Os três?
Para evitar a propagação de boatos constrangedores até para meliantes irrecuperáveis, é melhor que a declaração de amor verdadeiro do Maka do mensalão seja destinada não a um dos integrantes da trinca, mas a todos os militantes do PT.
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