Em entrevista à Folha no dia 16 de junho, Haddad afirmou: "O secretário de Educação do prefeito Kassab [Alexandre Schneider] jamais me solicitou uma única audiência durante toda a sua gestão à frente de sua secretaria e durante toda a minha gestão. Nunca houve manifestação de interesse da prefeitura em estabelecer parceria com o governo federal."
A agenda pública do Ministério da Educação e um e-mail da Secretaria Municipal de Educação ao gabinete do então ministro mostram que Haddad recebeu Schneider ao menos uma vez.
O encontro ocorreu em 16 de fevereiro de 2011, a pedido do então secretário. Hoje, Schneider é candidato a vice na chapa do tucano José Serra, o principal adversário do PT na eleição.
Na última segunda-feira, Schneider disse que Haddad havia mentido e relatou um encontro com o petista, no MEC. Questionada, a assessoria de Haddad confirmou em nota a audiência. Depois, quando a reportagem apontou que o petista havia negado diversas vezes qualquer encontro com Schneider, a assessoria do candidato emitiu uma segunda nota. Disse que houve apenas "visita" e reiterou que Schneider ou o prefeito Gilberto Kassab (PSD) nunca pediram "audiência para demandar recursos do MEC".
Avisada sobre a existência de registros de uma audiência, a assessoria de Haddad deu uma terceira versão. Em nota assinada pelo coordenador-geral da campanha, Antonio Donato, assumiu a audiência e os pedidos de recurso, mas disse que a demanda foi feita "de última hora". "O secretário [Schneider] estava pressionado pelo Ministério Público do Estado, que se preparava para ajuizar uma ação civil pública de improbidade pela incapacidade de suprir o deficit de 120 mil vagas de creche", completou.
No e-mail que pediu a reunião com Haddad, a Secretaria de Educação disse que queria apresentar "projetos para possíveis parcerias". Desde que assumiu a candidatura, Haddad vem atribuindo o baixo volume de investimentos do MEC em São Paulo ao desinteresse da gestão de Kassab. Ele tem usado a falta de parcerias como mote e sempre diz que, se eleito, poderá trazer mais recursos federais para a cidade.
Ontem, Schneider criticou Haddad: "É lamentável que um candidato jovem, em sua primeira eleição, inicie-a com uma prática tão antiga como mentir", disse.
O desdobramento da reunião Haddad-Schneider também é alvo de polêmica. Schneider diz que a burocracia do MEC impediu o acesso da cidade aos recursos. Haddad afirma que os procedimentos exigidos eram simples.
(Na Folha)
Nenhum comentário:
Postar um comentário