Os juízes do STF estão tratando de resgatar o resquício de decência num país onde está praticamente tudo dominado, como disse Mary Zaidan. O Supremo desmonta os argumentos dos advogados de defesa dos mensaleiros e, principalmente, a palavra de um ex-presidente que não demonstra o menor escrúpulo ao defender uma tese que favorece a corrupção e a impunidade.
Lula fez de tudo para impor sua versão, tentou intimidar a Corte, impôs sua pauta na imprensa nacional e buscou visibilidade, talvez para mostrar influência, ao repetir mais uma de suas bravatas no jornal mais importante do mundo, o New York Times.
Mas o PT não se limitou às tentativas de convencimento, o partido forçou a instalação de uma CPI com evidente intenção de atacar adversários, mas também para melar o julgamento do Mensalão.
Para isso, foi elaborado um guia com a finalidade de orientar a atuação dos parlamentares durante a CPI do Cachoeira.
Ali estavam explicações didáticas sobre como atingir os "inimigos" apontados pelo líder máximo do partido, Luiz Inácio Lula da Silva.
A CPI também foi criada para encurralar a oposição e um do alvos é o governador de Goiás. Lula detesta Marconi Perillo porque foi pego na mentira ao afirmar que “não sabia” do mensalão. Perillo contou que o avisara meses antes.
O PT investe nesse projeto de vingança e na tentativa de prejudicar candidaturas tucanas, como a de José Serra. Após sucessivos fracassos na produção de dossiês contra o ex-governador, sempre desmascarados, apelam para o fuxico já utilizado na campanha de 2010 envolvendo o ex-diretor de Engenharia da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, que já representou à Justiça Eleitoral contra Dilma Rousseff por "calúnia".
Nesta quarta depõe Paulo Preto. Só foi convocado por pressão dos
governistas da CPI, que tentam arrastar a Delta, empreiteira campeã do PAC, para São Paulo.
O
que disse Pagot sobre a Dersa, hoje, em seu depoimento à CPI?
“O que notei no período foi uma insistência muito grande para que eu fizesse uma revisão da minha posição ou justificar adequadamente por que não queria assinar o aditivo. Um conhecido meu que trabalha em uma empresa disse ‘Cuidado com esse aditivo que ele tem finalidade de (abastecer) as campanhas do Serra, Alckmin e Kassab’”. Mas depois concluiu que as suspeitas se resumem a “uma conversa de bêbado, de botequim, que não se pode se provar”.
Na verdade, Pagot confessou que atuou como arrecadador da campanha de Dilma Rousseff à
Presidência da República, confirmou
que o tesoureiro do PT o pressionou para conseguir doações para a então candidata à presidência da República, e isso, sim, é um escândalo. Mas nega que Paulo Preto tenha pedido doações para Serra.
Partes principais das declarações de Pagot estão publicadas no Estadão:
O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
Luiz Antonio Pagot, confirmou, em depoimento à CPI do Cachoeira, que trabalhou
para arrecadar doação de campanha para a então candidata à Presidência da
República, Dilma Rousseff. Pagot contou que foi procurado pelo tesoureiro da campanha, o deputado
federal José de Filippi (PT-SP), que lhe pediu ajuda. Pagot disse que lhe
mostrou uma lista de 369 empresas que tinham contrato no DNIT e que o tesoureiro
afirmou que ele não precisava se preocupar com as empresas maiores porque isso
estava sendo tratado pelo comitê central de campanha. Mas que se quisesse,
poderia pedir doação para 30 ou 40 empresas da lista.
O ex-diretor do DNIT disse que ao
encontrar alguns empresários pediu a
doação. "Acreditei que não estava cometendo irregularidades e não
associei (a
doação) a nenhum ato administrativo do DNIT", disse. Pagot afirmou que
posteriormente à solicitação de doação ele recebeu alguns
boletos que mostravam a doação feita legalmente na conta da campanha e
que
verificou depois que algumas empresa realmente tinham contribuído.
Sobre a suspeita de que teria havido desvio de recursos de parte da obra do
Rodoanel, em São Paulo, para a campanha eleitoral de tucanos e aliados, Pagot
afirmou que o relato lhe foi feito por um amigo. O ex-diretor do DNIT disse que
havia uma obra em convênio com o Dersa, em São Paulo, no qual R$ 2,4 bilhões
seriam de investimento de São Paulo e R$ 1,2 bilhão do governo federal. Na
ocasião, afirmou Pagot, houve uma tentativa de se fazer um termo de ajustamento
de conduta, reivindicado pelo Dersa, de mais R$ 260 milhões. "Era uma temeridade
fazer qualquer aditivo em cima desse contrato porque se tratava de um contrato
de empreitada global", explicou.
Pagot disse que recorreu à Advocacia Geral da União (AGU) para não assinar o
contrato e o termo aditivo acabou não sendo feito. "Não existiu esse aditivo."
Ele disse que passado esse episódio, ele se encontrou com um amigo em um
restaurante em Brasília que o alertou dizendo que esse aditivo tinha finalidade
de contribuir para a campanha de José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab.
"Isso é uma conversa de bêbado, de botequim. É uma conversa que não se pode
provar", afirmou Pagot. Segundo ele, o jornalista que publicou a suspeita
escreveu o que quis e não o que ele afirmou.
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