Sabem o que aconteceu?
Perdeu o emprego, não consegue mais trabalho e já foi ameaçada de morte três vezes.
Leiam a reportagem de Gustavo Ribeiro e Hugo Marques na VEJA desta semana.
A
publicitária Danevita Magalhães não ajudou a desviar recursos públicos,
como fez o PT e seus dirigentes, não fraudou empréstimos bancários, como
o empresário Marcos Valério, nem sacou dinheiro sujo na boca do caixa
de um banco, como fizeram os políticos. Sua situação, porém, é bem pior
que a de muitos deles.
Ex-gerente do Núcleo de Mídia do Banco do Brasil,
Danevita foi demitida por se recusar a assinar documentos que dariam
ares de autenticidade a uma fraude milionária.
Depois de
prestar um dos mais contundentes depoimentos do processo —
desconstruindo a principal tese da defesa, de que não houve dinheiro
público no esquema —, Danevita passou a sofrer ameaças de morte e não
conseguiu mais arrumar emprego. A mulher que enfrentou os mensaleiros
cumpre uma pena pesada desde que contou o que sabia, há sete anos.
Rejeitada pelos antigos companheiros petistas, vive da caridade de
amigos e familiares, sofre de depressão e pensa em deixar o Brasil. Só
não fez isso ainda por falta de dinheiro.
O
testemunho da publicitária foi invocado várias vezes no corpo da
sentença dos dois ministros que votaram na semana passada. Entre 1997 e
2004, Danevita comandou o setor do Banco do Brasil responsável pelo
pagamento das agências de publicidade que fazem a propaganda da
instituição.
Sua carreira foi destruída quando ela se negou a autorizar
uma ordem de pagamento de 60 milhões de reais à DNA Propaganda, do
empresário Marcos Valério. O motivo era elementar: o serviço não foi e
nem seria realizado.
Mais que isso: o dinheiro, antes de ser
oficialmente liberado, já estava nas contas da DNA, o que contrariava
frontalmente o procedimento do banco. Ela, portanto, negou-se a ser
cúmplice da falcatrua. Em depoimento à Justiça, Danevita contou ainda
que ouviu de um dos diretores da DNA que a campanha contratada jamais
seria realizada.
“Como não assinei, fui demitida”, lembra.
Depois
disso, ela não conseguiu mais arrumar emprego e perdeu tudo o que
tinha. Saiu de um padrão confortável de vida — incluindo um salário de
15000 reais, carro do ano e viagens frequentes — para depender da boa
vontade de amigos e morar na casa da filha, que a sustenta.
“Estou
sofrendo as consequências desse esquema até hoje. O pior é que eu não
participei de nada. Você deveria falar com Dirceu, Lula…”, disse.
Danevita
hoje vive reclusa na casa da filha e evita conversar sobre o mensalão.
Ela conta que sofreu três ameaças de morte. Sempre telefonemas anônimos,
pressionando-a para mudar suas alegações às autoridades. Seu desespero é
tamanho que, em entrevista a VEJA, ela pediu para não ser mais
procurada:
“Peço que me deixem em paz. Eu não tenho mais nada a perder”,
disse.
Danevita credita aos envolvidos no esquema — e prejudicados pelo
teor do seu testemunho — as dificuldades que tem encontrado no mercado
de trabalho. Apesar de um currículo que inclui altos cargos em empresas
multinacionais, ela conseguiu apenas pequenos serviços. A publicitária
não tem dúvida de que os mensaleiros a prejudicam, mas não cita nomes.
“Fico muito magoada com isso. Já perdi meu dinheiro e minha dignidade”,
desabafa.
Leia mais AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário