O ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza,
responsável pela denúncia do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal),
afirma que as defesas dos réus do processo estão empenhadas em provocar
dúvidas na opinião pública sobre a existência do esquema.
Para o ex-procurador-geral, tanto na denúncia quanto nas alegações
finais do Ministério Público existem evidências "certas e determinadas"
da compra de apoio político. "Não há dúvida nenhuma quanto a isso",
afirma.
A maioria dos advogados tem atacado a acusação, classificando-a até de
ato de terrorismo, e o atual procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, já chamado de "mesquinho" por não reconhecer a inocência de um
réu. Dois advogados disseram ontem que o mensalão não existiu. O
Ministério Público Federal considera o mensalão o mais "atrevido"
escândalo de corrupção do país. Souza minimiza os ataques dos advogados
que tentam desqualificar as
provas da Procuradoria sobre a existência de uma "sofisticada
quadrilha". Ele afirma que a movimentação das defesas pretende deixar a
"opinião pública imaginar que há uma dúvida sobre o que foi dito".
Souza rejeita a tese dos advogados de que houve caixa dois. "A convicção
do Ministério Público é que não foi caixa dois", diz. "Toda aquela
movimentação financeira, pagamentos na calada da noite, às escondidas,
em dinheiro vivo, à margem do sistema bancário, revela algo ilícito que
não poderia ser à luz do dia", acredita.
Advogando desde que se aposentou do Ministério Público, em 2009, ele tem
acompanhado parte do julgamento em seu escritório, em Brasília. Diz que
e ataques dos advogados a seu sucessor, Roberto Gurgel, são naturais.
No oferecimento da denúncia, afirma, os ataques foram mais "agressivos".
Souza diz ter convicção que o Ministério Público foi justo na acusação,
tanto que pediu a absolvição, por falta de provas, de dois réus: Antonio
Lamas, ex-assessor do PL, e o ex-ministro Luiz Gushiken. "Isso mostra
que o Ministério Público foi cauteloso em todo o processo."
(Folha de SãoPaulo)
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