PT quer pôr seus tanques para cercar o STF. É o AI-13!!!
Dizem que ministros precisam ser vigiados para não cometer atentados à democracia.
E querem usar os advogados como massa de manobra de proposta fascistoide
Por Reinaldo Azevedo
Não lhes basta aparelhar a justiça! É pouco!
Não lhes basta tentar desmoralizar ministros independentes do Supremo. É pouco!
Não lhes basta transformar em réu o procurador-geral da República. É pouco!
Não lhes basta ter a seu serviço o JEG, fartamente financiado por estatais e por administrações petistas (incluindo a federal), para fazer circular injúrias, calúnias e difamações contra adversários. É pouco!
Não lhes basta ter uma CPI que investiga adversários e protege amigos e aliados. É pouco!
Agora os
petistas pretendem, ainda que de uma forma oblíqua, cercar o prédio do
STF com os tanques da desqualificação, do ataque gratuito, da
intimidação.
Um tal
“Departamento Jurídico” do PT decidiu fazer o que, até ontem, parecia
impensável. Quer que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) crie uma
comissão para acompanhar o julgamento do mensalão para impedir que os
ministros — sim, aqueles do Supremo (8 de 11 nomeados por petistas) —
“cometam atentados à democracia”. Trata-se de um absoluto despropósito!
O pretexto
é corporativo, mas é evidente que a intenção é provocar uma reação da
categoria contra o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do
mensalão. Com efeito, acho que o ministro exagerou ao pedir que o STF
cobrasse da OAB providências contra três advogados que arguiram a sua
suspeição, acusando-o de parcialidade. Tanto exagerou que a proposta foi
derrotada por 10 votos a 1. Tanto os advogados tinham o direito de
dizer o que disseram como tem o ministro o direito de não gostar. Se
isso resultará em providências legais, aí é outra história. Outros e um
não foram bem-sucedidos em seus respectivos intentos, certo?
Cadê “o
atentado à democracia”???
A verdade,
obviamente, está em outro lugar. Os ditos “advogados do PT” — e Rui
Falcão vai dizer que não tem nada com isso, que é coisa do Departamento
Jurídico do partido — estão descontentes é com o voto de Joaquim
Barbosa, que consideram um “traidor”. Quem lidera a turma é um tal Marco
Aurélio de Carvalho.
Esse rapaz
tem problemas com o estado democrático e de direito. Há dias, ele
anunciou a disposição de estudar medidas jurídicas para, ACREDITEM!,
impedir o jornalismo (que os pterodáctilos chamam “mídia”) de usar a
palavra “mensalão”.
Ele também quer — mobilizado pelo deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP) — que o Ministério Público Federal retire do ar uma
página do órgão destinada a jovens e crianças que explica o processo do
mensalão.
Nota: a página existe já há alguns anos e sempre trouxe
informações sobre as ações mais importantes da Procuradoria-Geral da
República. Quando elas se referiam a coisas feitas por seus adversários,
os petistas nunca se incomodaram e até aplaudiram.
O petista —
e Joaquim Barbosa já foi um herói para eles — agora põe em dúvida, como
se houvesse algo a ser feito, a capacidade de Barbosa de ocupar a
Presidência do STF, cargo que ele assume em novembro, por dois anos. Diz
Marco Aurélio (o do PT, não o do Supremo) à Folha:
“Esse é um prenúncio de como será Joaquim Barbosa na presidência do STF
e nos traz a compreensão de que ele ainda não se despiu do papel de
procurador. Ele precisa vestir a toga de ministro do Supremo”. Huuummm…
“Vestir a
toga”, entenda-se, significa não dizer coisas consideradas
inconvenientes para o partido. Lula já tentou chantagear Gilmar Mendes;
uma ação coordenada busca impedir o voto de Cezar Peluso; Luiz Marinho —
prefeito de São Bernardo — já disse que Dias Toffoli “não tem o direito
de não participar do julgamento”, evidenciando que ele não tem escolha;
sugere que o outro não é dono nem do próprio voto.
Como se diz no
interior, “Toffoli se casa com quem quisé desde que seja com o Zé!!!”.
Como seria um escândalo — não que seja impossível — contestar o conteúdo
do voto do relator, os petistas buscam, então, uma saída
corporativista, intentando jogar os advogados contra um ministro do
Supremo. Até parece que os defensores todos foram apenas lhanos e
respeitosos com o procurador-geral, por exemplo. Nada que a democracia
não suporte, é bom deixar claro.
Também essa iniciativa, a exemplo das outras duas, revela uma concepção fascistoide de democracia — e, pois, democracia não é.
É claro
que alguns responsáveis indiretos por tamanha ousadia autoritária estão
dentro do próprio Supremo. E têm nome: Ricardo Lewandowski e Marco
Aurélio de Mello. As intervenções desses dois têm servido de munição
para que chicaneiros tratem o Supremo como tribunal de exceção. Algumas
falas de Celso de Mello, lamento!, também não têm ajudado muito.
O Brasil
não é a Venezuela (porque não deixamos, não porque eles não queriam). Na
impossibilidade de milícias armadas constrangerem os órgãos do estado,
busca-se a mobilização de milicianos virtuais para destroçar a reputação
de desafetos. Posso entender os motivos. A parte inicial do voto do
relator é, dizer o quê?, devastadora para os que pretendem sustentar
que, afinal, nada de mau se fez no que ficou conhecido como “mensalão”.
É a
transparência que está fazendo mal ao fígado dos petistas, aquela de que
tanto eles diziam gostar quando estavam na oposição. Do tal Marco
Aurélio (refiro-me àquele que é petista com carteirinha), não poderia
esperar nada diferente. Afinal, esse rapaz quer tirar do ar uma página
do Ministério Público Federal e impor censura à imprensa, impedindo-a de
empregar a palavra “mensalão”. Por que ele não proporia, então, cercar o
STF com os tanques da desqualificação?
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