Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
A
facilidade e a clareza com que o relator Joaquim Barbosa e o revisor
Ricardo Lewandowski desmontaram as versões dos advogados de defesa sobre
a acusação do desvio de dinheiro para as empresas de Marcos Valério em
troca de vantagens pessoais para o então diretor de Marketing do Banco
do Brasil, Henrique Pizzolato, dão conta da existência de uma
organização criminosa sim, mas muito pouco sofisticada.
No aspecto
examinado pelos dois ministros, a definição usada na denúncia da
Procuradoria-Geral da República estaria mais bem traduzida se a
qualificasse como tosca, face à privação de sutileza na arquitetura da
obra.
Há muito a ser contado ainda, mas pelo que se sabe até agora
não existiu preocupação com o requinte. Ao contrário: as ações eram
feitas às escâncaras como se não houvesse amanhã, nem limites para um
grupo que se sentia seguro na posse de um Estado aparelhado.
Foram
usadas notas frias para justificar serviços não prestados, adulterados
documentos para dar veracidade a versões falsas, autorizados repasses de
dinheiro pelo telefone, no que o revisor descreveu como um ambiente de
"total balbúrdia" reinante na administração do departamento de marketing
do Banco do Brasil.
As desculpas esfarrapadas também dão conta da
ausência de fino trato. Na defesa são citadas como evidências de
boa-fé. Exemplo: por que o deputado João Paulo Cunha teria enviado a
mulher à boca do caixa de uma agência de shopping center do Banco Rural
em Brasília para receber um dinheiro contra assinatura de recibo se
tivesse algo a esconder?
Leia a íntegra em Não usaram black-tie
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