Merval Pereira, O Globo
Mesmo que formalmente
tenha limitado seu voto aos réus acusados de “desvio do dinheiro
público”, item inicial do relatório do ministro Joaquim Barbosa, o
revisor Ricardo Lewandowski manteve seu esquema mental de separar os
fatos, como se estes não tivessem conexão entre si.
Essa era sua
intenção quando anunciou que leria o voto réu por réu, por ordem
alfabética, negando assim liminarmente a tese da acusação de que os
crimes eram conectados entre si e foram praticados por uma quadrilha que
obedecia a um comando central e tinha objetivos políticos.
Só
assim poderia, no mesmo voto, condenar o diretor do Banco do Brasil
Henrique Pizzolato e absolver o então presidente da Câmara dos Deputados
João Paulo Cunha, acusados dos mesmos crimes.
Sintomaticamente, o
ministro Lewandowski deixou passar sem nenhuma tentativa de explicação
os R$ 50 mil que a mulher de Cunha apanhou na boca do caixa do Banco
Rural em Brasília.
Embora não tenha tido a coragem de assumir a
tese do caixa dois eleitoral, implicitamente Lewandowski a admitiu como
explicação razoável para o fato de um publicitário ter dado dinheiro
vivo ao presidente da Câmara, a pedido do então tesoureiro do PT,
Delúbio Soares, verba supostamente gasta em pesquisas eleitorais.
É
espantoso que um ministro do STF, que já presidiu o Tribunal Superior
Eleitoral, trate com tanta ligeireza a corrupção eleitoral e seja
incapaz de ligar dois mais dois.
Lewandowski em seu voto dá
impressão de que é normal, uma simples coincidência, o fato de que o
mesmo empresário, Marcos Valério, esteja nas pontas dos dois casos
relatados, e um não tenha nada com o outro, embora tenham como centro o
Partido dos Trabalhadores (PT).
Leia a íntegra em Sem nexo
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
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