domingo, 30 de setembro de 2012

Afasta de nós essa crise

Zuenir Ventura

A crise está na moda, pelo menos na Europa ou em alguns de seus países. Contra ela, têm saído às ruas portugueses, gregos e espanhóis em manifestações como as de Madri e Atenas, com direito a violenta repressão policial.

Dá vontade de dizer: vocês são nós ontem.

Também já gritamos “abaixo o FMI” e “o povo unido jamais será vencido”.
Quem nos anos 70 acompanhou a transição da ditadura para a democracia de Portugal e Espanha, contemporânea à nossa, dando-nos lições de competência política, ensinando-nos como atingir equilíbrio econômico sem hiperinflação, sem traumas, enfim, quem sentiu inveja do renascimento português, da movida madrilhenha e de todos os sinais da outrora pujante península ibérica, não se conforma com o que está acontecendo hoje.

Se os efeitos perversos do empobrecimento já são visíveis no campo social — presença de mendigos nas ruas, delinquência — imagine no terreno da cultura. Portugal cortou até o seu ministério, sem falar nas 40 fundações fechadas ou à míngua.
É estranho ler num jornal de Lisboa a previsão de que “2013 será o pior ano de nossas vidas”, como se 2012 tivesse sido muito melhor. Ou então no “El País”: “A cultura enfrenta o ano mais difícil da história da democracia”, tendo ao lado a informação de que os museus do Prado, da Reina Sofía e o Teatro Real — três ícones culturais — já sofreram cortes de até 65%.

Várias vezes voltei de Portugal entusiasmado com a opulência e a fartura de lá. Os portugueses gastavam de dar gosto. Pois é, foram além das chinelas. O euro da União Europeia era farto, mas um dia tinha que ser devolvido — com juros.

Como sabia disso, o governo é o principal responsável, não só o de agora como o do socialista José Sócrates, que em 2011 assinou o “memorando da Troika“ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI), declarando ser um acordo “muito bom”, porque permitia controlar o déficit público sem mexer com o 13º salário, nem com o 14º, muito menos com os empregos, nem cortes, ou seja, uma maravilha: o contrário de tudo que está ocorrendo hoje.

Enquanto isso, leio que aqui 41% dos consumidores são ou já foram inadimplentes. Conheço pessoas de baixa renda ou sem recursos suficientes, comprando carro do ano, usando dois celulares, computador de último tipo, tudo pago com cartões de crédito em prestações intermináveis.

A exemplo dos portugueses de ontem, os brasileiros estão gostando de gastar. Não entendo de economia, mas, apesar das diferenças, não sei se será essa a maneira mais sensata de manter a crise afastada de nós.

O FRUSTRADO

Lula, o nosso Maomé frustrado, não reconhece o poder do Supremo, a legitimidade da oposição e a autoridade do povo. A menos, claro!, que façam o que ele manda!

Por Reinaldo Azevedo

Luiz Inácio Inconformado da Silva não está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal, embora, a meu juízo, devesse. Supor que a quadrilha do mensalão tenha se reunidos naquela orgia de corruptos ativos e passivo, no embalo de peculatos e gestão fraudulenta, sem a sua anuência vai além da ingenuidade, não é? 

Trata-se mesmo de uma forma de cretinice. A Procuradoria Geral da República, de todo modo, diz não ter conseguido reunir indícios suficientes para denunciá-lo. Nas conversas que mantém com interlocutores, reveladas por VEJA, Marcos Valério diz o que a todos parece óbvio: “Lula era o chefe”.  

É bem verdade que há outros inquéritos que investigam outras franjas do mensalão — inclusive aquele que diz respeito ao BMG e que corre na Justiça Federal de Minas. Nunca é tarde para chegar ao Babalorixá de Banânia. Naquele caso, as pegadas de Lula parecem muito claras.
O Apedeuta resiste, para usar palavra de sua predileção sobre si mesmo, a “desencarnar”. E agora, na sua compreensão sempre perturbada da democracia (...) resolveu que existe uma contradição inelutável entre o “STF” e o “povo”. Um estaria de um lado, e o outro, de outro!!! Na coluna Holofote da VEJA desta semana, lemos a seguinte nota:

“’Eu não vou deixar que o último capítulo de minha biografia seja escrito pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Quem vai escrevê-lo é o povo’. Foi com essa frase que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou um almoço com um ex-ministro há duas semanas. Lula não aceita a interpretação corrente de que a condenação dos mensaleiros e o fracasso do PT nas eleições representarão o fim de sua carreira política. O interlocutor ficou em dúvida se ele pretende voltar às urnas em 2014 ou se liderará uma campanha para tentar reverter a condenação dos mensaleiros.”
(...)

O desempenho vexaminoso do PT nas capitais — e tudo indica que o resultado será muito ruim nacionalmente — demonstra que seus poderes mágicos eram frutos da mística e da mistificação. 

Não! O eleitorado não faz o que Lula manda. E ponto! 

Se Fernando Haddad passar para o segundo turno em São Paulo, o projeto do chefão manco do PT ganha sobrevida porque é bem provável que Russomanno não tenha fôlego para a segunda rodada. Se não passar, os tais coelhos que ele prometeu assar quando se tornasse ex-presidente o aguardam…
Lula está desesperado. Ontem, os petistas fizeram dois comícios na Zona Leste da cidade. O Apedeuta, que disputou uma vez o governo de São Paulo e cinco vezes a Presidência — tendo sido eleito, então, depois de quatro derrotas para cargos executivos —, recomendou, com a grosseria que lhe é peculiar, que José Serra se aposentasse…  

Sabem o que é fabuloso? No próximo dia 27, o petista completará 67 anos. É apenas três anos mais novo do que o tucano — diferença que, convenham, a partir, sei lá, dos 20, já não faz mais… diferença!
(...)

Quando sugere a aposentadoria de Serra, está deixando claro que não quer vencer o seu opositor, mas eliminá-lo do jogo político.

Esse demiurgo inescrupuloso pode avançar também para a delinquência política pura e simples. Referindo-se a Marta Suplicy, que estava presente ao comício, afirmou que “não deixaram Marta se reeleger” por ela “se meter a fazer coisas para os pobres”.

“Não deixaram”??? Quem “não deixaram”, cara pálida? 

Em 2004, Serra foi eleito contra Marta pelo povo. 

Em 2008, Kassab foi eleito prefeito contra Marta pelo povo! 

Entendi: o Babalorixá de Banânia não reconhece o poder do Supremo, não reconhece a legitimidade da oposição e não reconhece nem mesmo a autoridade do povo se este não votar em quem ele manda. 

Entendo seu nervosismo: o PT perdeu a eleição para o governo de São Paulo duas vezes (2006 e 2010) e a para a Prefeitura duas vezes (2004 e 2008) com ele na Presidência da República, tentando dar ordens aos paulistas e paulistanos.
(...)

CASA NOVA



Carlos Brickmann

O Governo paulista está reformando a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba. É destinada a presos especiais, que por diversos motivos não devem ter contato com a massa de presidiários. A reforma deve terminar em dezembro.
Como a maldade humana é imensa, já lembraram que coincide com o fim do julgamento do Mensalão e a decisão das penas que serão aplicadas aos condenados.

Se não fosse tão ruim de campanha, o PSDB já teria transformado a informação em mais uma prova de que, ao contrário da presidente da República, o governador de São Paulo não discrimina adversários políticos.

Há dias, Dilma Rousseff irrompeu no horário eleitoral do PT para avisar que a capital paulista só verá a cor do dinheiro federal se o companheiro Fernando Haddad virar prefeito.

A reforma da cadeia de Tremembé atesta que Geraldo Alckmin, bem mais generoso, anda investindo milhões em obras que beneficiam exclusivamente petistas que sonham com a extinção dos tucanos.

Quando for concluído o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal, o presídio estará pronto para acolher com mais conforto ─ ou menos desconforto ─ gente como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto, João Paulo Cunha, Professor Luizinho, José Mentor e outros hóspedes involuntários. Caso pensasse como Dilma, Alckmin não investiria um único tostão na ideia de tornar mais aconchegante o futuro Pensionato dos Mensaleiros.

Nem por isso vai escapar do radicalismo da turma que votou contra todos ─ nenhum exagero: todos ─ os projetos enviados ao Congresso pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

Assim que se adaptarem ao novo endereço, os recém-chegados vão reivindicar melhores condições de vida na gaiola, começando pela mudança do cardápio do bandejão.

Se Alckmin não deixar claro que há limites para tudo, a população carcerária brasileira acabará usando uniforme vermelho.

Analfabetos institucionais

Ruy Fabiano

A reação do PT ao julgamento do Mensalão mostra a escassa cultura democrática do partido, para dizer o mínimo. Antes de mais nada, atribuir o encaminhamento do julgamento a uma suposta ação oposicionista é ignorar a estrutura institucional do país.

Ainda que tivéssemos uma oposição firme e exacerbada, como foi a do PT – e isso, definitivamente (e lamentavelmente), não temos -, não teria meios de influir num julgamento.

A tibieza da oposição brasileira ficou patente ao tempo do próprio Mensalão, quando teria meios de constranger Lula, pela evidência de sua participação no processo, agora confirmada por Marcos Valério.
Antes, já fora mencionada por Roberto Jefferson e pelo próprio José Dirceu, que assegurou que tudo o que fez foi com o conhecimento e a autorização de Lula.

Mas a oposição optou por nada fazer. O próprio Fernando Henrique, como à época noticiaram os jornais, foi procurado por emissários do PT, para que poupasse Lula, o que pareceu desnecessário, já que a oposição entendera desde o início que nada era preciso fazer e que Lula “sangraria” em praça pública e até um poste o derrotaria nas eleições. Mas o poste perdeu.

Lula conseguiu se reeleger. E, inversamente às desculpas que pedira pelos “erros do PT”, passou a dizer que o Mensalão não existira, que fora uma tentativa de golpe contra seu governo e que iria prová-lo quando deixasse a Presidência.
Ora, o lugar de prová-lo era exatamente na Presidência, quando disporia dos meios institucionais para fazê-lo.
(...)

O abaixo-assinado dos artistas e intelectuais (?!) é uma barbaridade. É a primeira vez na história (possivelmente do mundo) em que se protesta contra um julgamento de corruptos – e a favor dos corruptos. Ninguém nega os fatos; nega-se a necessidade de Justiça.

Nesse sentido, o deputado Paulo Rocha foi estupendo. Disse que “ninguém nega a fraude dos empréstimos”, mas que sua destinação não foi o bolso dos parlamentares, mas o cofre eleitoral, como se isso fizesse alguma diferença.

A inclusão de Lula no Mensalão não decorre da matéria de Veja com Valério. Meses depois da eclosão do escândalo, veio a público um livro, farto em documentos, intitulado "O Chefe", de Ivo Patarra, disponível também de graça na internet. Nele, mais que se acusar, demonstra-se a liderança de Lula no processo.
(...)

O PT, portanto, deveria agradecer a oposição que tem, que não lhe causa qualquer problema. O Mensalão foi denunciado por um parlamentar da base governista (Jefferson), levado ao Judiciário pela Procuradoria-Geral da República e agora agravado pela denúncia de Marcos Valério, que o operou a pedido do PT.

Nenhuma força externa – nem a burguesia (a não ser os burgueses do próprio PT, que o comandam), nem a oposição, nem o Judiciário – criou essa situação. É totalmente made in PT.

A colheita, no entanto, como determina o Estado democrático de Direito, está sendo imposta, nos termos da lei, pelo Poder institucionalmente incumbido de fazê-lo: o Judiciário.
É o beabá institucional, algo desprezível dentro da lógica totalitária dos que defendem os mensaleiros.

Leia a íntegra em Analfabetos institucionais

O PT na hora do lobo

Fernando Gabeira, O Estado de S. Paulo

A Hora do Lobo é um filme de Ingmar Bergman. Os antigos a chamavam assim porque é a hora em que a maioria das pessoas morre... e a maioria nasce. Nessa hora os pesadelos nos invadem, como o fizeram com o personagem Johan Borg, interpretado por Max von Sydow.

Como projeto destinado a mudar a cultura política do País, o PT fracassou no início de 2003. Para mim, que desejava uma trajetória renovadora, o PT sobrevive como um fósforo frio. Entretanto, na realidade, é uma força indiscutível. Detém o poder central, ocupou a máquina do Estado, criou um razoável aparato de propaganda e parece que o dinheiro chove em sua horta com a regularidade das chuvas vespertinas na Floresta Amazônica.

Mas o PT está diante de um novo momento que poderia levá-lo a uma crise existencial, como o personagem de Bergman, atormentado pelos pesadelos. Pode também empurrá-lo mais ainda para o pragmatismo que cavou o abismo entre as propostas do passado e a realidade do presente.
(...)

Acontece que essa fuga das evidências encontra seu teste máximo no julgamento do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa apresenta as acusações com grande riqueza de detalhes. As teses corrigidas foram sendo atropeladas pelos fatos. Não era dinheiro público?

Ficou claro que sim, era dinheiro público circulando no mensalão. Ninguém comprou ninguém, eram apenas empréstimos entre aliados. Teses que se tornam risíveis diante da origem e do volume do dinheiro. O PT salvando o PP de José Janene, Pedro Correa e Pedro Henry da fúria dos credores?

O relatório de Joaquim Barbosa apresenta o mensalão como uma evidência reconhecida pela maioria do Supremo, dos órgãos de comunicação e dos brasileiros. Como ficará a tática do PT diante dessa realidade? Negar a evidência? É um tipo de reação que, mesmo em tempo de prosperidade econômica, não funciona quando os fatos são inequívocos.
(...)

A reação do PT diante da possível condenação de seus líderes vai ser decisiva. Encontrará forças para reconhecer seu erro, aceitar o julgamento do STF e iniciar um processo de autocrítica? Tudo indica que não. A teoria conspiratória domina suas declarações. O mensalão foi uma invenção da mídia golpista, dizem alguns.

Na nota dos partidos aliados, que deviam ser chamados de partidos submissos, acusa-se uma manobra da oposição, como se tudo isso tivesse sido construído por ela, que descansa em berço esplêndido.

Numa entrevista raivosa, um dos réus, Paulo Rocha (PT-PA), alega que as denúncias do mensalão ocorrem porque Lula abriu o mercado brasileiro aos países árabes. A tese conspiratória é tão clássica que os judeus não poderiam ser esquecidos.

O ex-presidente Lula parece viver realmente a hora do lobo. Percorre o Brasil atacando adversários e diz que, tal como venceu o câncer, vai derrotar os candidatos de oposição. Se o ressentimento e o rancor brotam com tanta facilidade dos lábios do líder máximo, o que esperar do exército virtual de combatentes pagos para atirar pedras?
(...)

Descendente de árabes, Maluf jamais, ao que me consta, culpou uma conspiração sionista por sua desgraça. Sempre foi o Maluf apenas, sem maiores mistificações.

Montado numa máquina publicitária, apoiado por uma miríade de intelectuais, orientado por competentes marqueteiros, o PT viverá em escala partidária a aventura individual de Maluf: negar as evidências. Até o momento nada indica que assumirá a realidade. Seu caminho deve ser negar, negar, como o marido infiel nas peças de Nelson Rodrigues - por sinal, o inventor da expressão "óbvio ululante".

O mensalão não é um cadáver no armário, invenção de opositores ou da imprensa. Nasceu, cresceu e implodiu nas entranhas do governo. É difícil sentar-se em cima dos fatos. Ele são como uma baioneta: espetam.

Leiam a íntegra no Estadão.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

RECONHECIMENTO AO HERÓI QUE RESGATA VALORES E A ESPERANÇA NA JUSTIÇA


 

Recebo diariamente por email dezenas de mensagens enaltecendo o trabalho, a coragem e a lisura do ministro Joaquim Barbosa. 
Nas redes sociais e nas ruas também só se fala nele. Conquistou, por seus méritos, o apoio maciço da população. 

Sua atuação é impecável, assim como sua trajetória. É um verdadeiro exemplo de vida para o brasileiro que sonha com uma vida digna e um futuro promissor para filhos e netos.
Queira Deus que essa luz se irradie e mostre verdades até então omitidas para não melindrar aquele personagem criado a fim de emplacar um projeto de poder e que acreditou que era mito.

Joaquim Barbosa nunca se aproveitou de sua origem humilde para exigir status de intocável, como fazem os oportunistas.
Enquanto o malandro só consegue vencer na vida destruindo quem tem valor, o relator do Mensalão tem um currículo invejável.
"Tem gente" que pagou pelo apoio de quem chamava de picareta. O apoio a Joaquim Barbosa é incondicional.
O poder de maior influência na opinião pública, a MÍDIA, tem uma pauta que atende desavergonhadamente aos interesses do PT. Mas é a opinião pública que agora coloca Joaquim Barbosa em destaque na pauta da mídia, enquanto o ídolo de certo jornalismo e de outras instituições é relegado ao ostracismo até mesmo nos COMÍCIOS. Tem mais gente nos palanques do PT do que na plateia.

Vejam  CAMPANHA DE APOIO A JOAQUIM BARBOSA que circula na internet como herói nacional (abaixo, declaração do criador do video convocando a sociedade a participar desse movimento contra a impunidade):

Joaquim Barbosa contra os Mensaleiros: Dia Nacional Sem Mensalão



Joaquim Barbosa é o maior herói brasileiro. É alguém que não tem medo de enfrentar os poderosos, que não tem medo de fazer justiça. Ajude a espalhar este vídeo, vamos mudar a cara do Brasil.

Eu estou fazendo a minha parte aqui: iniciando um movimento que você pode - e deve - ajudar a crescer. Criei o Dia Nacional Sem Mensalão, um movimento convocando o povo brasileiro a mostrar na urna que não concorda com toda essa safadeza. Na www.facebook.com/dianacionalsemmensalao publicarei vídeos, imagens, covers e avatares e tudo que puder para que possamos propagar essa ideia.

Essa é a forma que posso ajudar. Usando minha pequena relevância na web para tentar mobilizar minha rede. E peço que façam o mesmo. Compartilhe a página. Compartilhem os vídeos. Usem as covers. Mobilizem. Mostrem que se importam. Mostrem que tem sangue correndo nas veias.

Eu não vou votar em corrputo. Eu não vou votar em quem está ligado ao Mensalão. Espero que vocês também não.


Rodolfo Castrezana

A HORA H

Dora Kramer, O Estado de S.Paulo

Semana que vem o julgamento do mensalão vai pegar fogo. Dentro e fora do Supremo Tribunal Federal, onde começará a ser examinada a parte da denúncia relativa aos personagens que põem o PT direta e nominalmente no banco dos réus: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.

Até agora só desfilaram coadjuvantes naquela passarela. Operadores financeiros, facilitadores de negócios, espertalhões, aprendizes e professores de feiticeiros.

Gente permanentemente conectada na oportunidade de levar alguma vantagem, para a qual importa pouco quem esteja no comando. Basta que os comandantes liberem a livre navegação pelas águas do poder.
Esse pessoal já está condenado, sem despertar grandes suscetibilidades.

A reação às condenações diz respeito ao indicativo de que podem também alcançar os réus que de fato interessam - os representantes mais graduados, entre os citados na denúncia, do projeto beneficiário do esquema de financiamento.

Pois é a partir daí é que os ânimos realmente se acirram.
Quem se espanta com divergências entre ministros do Supremo ou se apavora com o tom mais incisivo de um ou de outro não leva em conta as implicações de uma decisão colegiada envolvendo legislação, doutrina, agilidade de raciocínio, capacidade de encadeamento lógico e muito conhecimento acumulado em trajetórias jurídicas distintas entre si.

De outra parte, quem vê despropósito na acusação de que o STF funciona como tribunal de exceção a serviço de uma urdidura conspiratória, não sabe o que é o furor de uma fera ferida.

Muito mais além do que já houve ainda está para acontecer.
Os ministros do Supremo vão discutir dura, detalhada e por vezes até asperamente todos os aspectos do processo, dos crimes imputados aos réus e das circunstâncias em que foram ou não cometidos, para mostrar as razões pelas quais condenam ou absolvem.

Nada há de estranho, inusitado ou inapropriado nisso. Não é nos autos que os juízes falam? Pois estão falando neles e deles. É o foro adequado para a discussão. Se a interpretação da lei não fosse inerente à função do magistrado, um bom programa de computador que cruzasse a legislação com as acusações daria conta do recado.

Descontados excessos de rispidez de um lado (do relator) e exageros na afetada afabilidade de outro (do revisor), os debates são apropriados e indispensáveis em caso de alta complexidade e grande repercussão como esse.

A peculiaridade aqui é o conflito de temperamentos e da interpretação dada pelo revisor ao seu papel. Ele deveria revisar o trabalho de Barbosa, mas na prática faz uma espécie de voto em separado. O relator que passou cinco anos examinando os autos, conduzindo interrogatórios e acompanhando todas as fases do processo, irrita-se.

Leia a íntegra em A hora H

DISCURSO DO PT É UM TIPO DE MENSALÃO QUE COMPRA CONSCIÊNCIAS


Vejam a criatividade do pessoal da internet. É o que resta de alento junto a uma reduzida oposição e meia dúzia de jornalistas que resistem à tentação dos patrocínios das estatais:

COMBO 13 - VOCÊ VOTA NO "NOVO" E GANHA A VELHA POLÍTICA DE VOLTA! 

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O ex-presidente Lula vem demonstrando que resolveu voltar ao repertório "Lulinha ódio e guerra", sempre utilizado para atacar e desconstruir adversários e tentar garantir a vitória de aliados.
As urnas dirão se o eleitor ainda se deixa influenciar pelo ódio destilado por Lula ou se as pessoas estão conseguindo se libertar dos efeitos do veneno que afeta a consciência de parcela da população que, infelizmente, se deixa influenciar com facilidade impressionante. 

Publiquei algo sobre isso AQUI.

Abaixo, video com a fala do Senador Álvaro Dias, um dos únicos representantes da voz do cidadão imune à chantagem, mostra o antídoto - a VERDADE:

HORA DE ACABAR COM O "MENSALÃO" DE CONSCIÊNCIAS

Eis por que o Brasil de Lula tem de acabar para que nasça o Brasil dos brasileiros

Por Reinaldo Azevedo

Vamos lá! Eu não sei se Fernando Haddad, candidato de Lula (não exatamente do PT) à Prefeitura de São Paulo, vai ou não para o segundo turno. Espero que não! E a razão é simples. O Brasil de Lula tem de acabar se o Brasil dos brasileiros quer nascer. E isso não é só retórica. 

Ontem, o ex-presidente comandou um ato em defesa do postulante petista com alunos beneficiados pelo ProUni. O palco do encontro foi a UniNove, instituição de ensino que está entre as mais contempladas com bolsas — muito especialmente em cursos que não requerem nada além de saliva e giz. 

Então vamos ver: beneficiados e beneficiários de um programa federal — financiado pelo estado brasileiro e, portanto, por não petistas também — são mobilizados em apoio ao candidato do partido que está no governo; candidato esse que era o chefe da concessão dessas bolsas. 

Isso seria um escândalo em qualquer país democrático do mundo. 

Tanto Lula como Dilma, quando candidatos, falaram a beneficiários do Bolsa Família, por exemplo. Trata-se de uma espécie de privatização, em favor de um partido, de programas que são financiados pelo estado brasileiro, por dinheiro público. É essencialmente imoral! 

Ainda que se possa alegar que as pessoas que lá compareceram o fizeram por conta própria, é evidente que a máquina de constrangimento sempre opera nessas horas. Ainda que não operasse, o PT não pode fazer de conta que os recursos que sustentam o programa pertencem ao partido.

Em sua vociferação, Lula, claro!, atacou as oposições, que estariam fazendo jogo rasteiro ao “explorar” o mensalão e se dedicou a seu esporte predileto nos últimos, deixem-me ver, 18 anos: atacar FHC! Leiam isto:

 “No nosso governo, as pessoas são julgadas, e as coisas são apuradas. No deles, tripudiam. Na nossa casa, quando nosso filho é suspeito de cometer um erro, nós investigamos e não culpamos os vizinhos, como eles costumam fazer.”

 Até outro dia, Lula dizia que o mensalão nunca tinha existido, que se tratava de uma invenção da oposição e que ele, ora vejam!, iria querer apurar o que aconteceu para contar a verdade ao povo. Huuummm… De que erro estaria falando agora?

 Mas já que falou em “filho”, noto que as instâncias de investigação da República foram generosas com ele. Nunca se procurou investigar, por exemplo, em que circunstâncias a então Telemar, hoje OI, investiu, no total, R$ 15 milhões na Gamecorp, a empresa de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha.

Tratava-se de uma concessionária de serviço público, de que o BNDES é sócio, enfiando dinheiro num empreendimento do filho do presidente, cuja aventura maior no mundo profissional, até então, tinha sido ser monitor de jardim zoológico. 

Nesse caso, Lula não só passou a mão na cabeça do “nosso filho” como disse ainda que o rapaz era o Ronaldinho dos negócios. As últimas notícias dão conta de que a empresa está em sérias dificuldades.

 Lula está se orgulhando do quê? Tentou, por todos os meios — e tenta ainda — intimidar os ministros do Supremo. Buscou falar a linguagem da chantagem com Gilmar Mendes, por exemplo. Deu-se mal porque não havia o que chantagear. Seus porta-vozes, hoje, se dedicam à cotidiana tentativa de desqualificar o Supremo.

O surto teve início quando um estudante, provavelmente do PSOL, ergueu uma faixa com a inscrição: “Renovação com Mensalão? PT do Lula tem o mensalão, PT do Haddad tem paralização na educação”.   

O Apedeuta, filho de mãe que nasceu analfabeta (coitada!!!), não reclamou da “paralização” com “z”. Ali estava, à sua moda, uma obra de Haddad. O Bell’Antonio de Lula também discursou. 
*  

À mentira contada por Haddad, eu oponho a verdade. E com provas! Lula dizia que bolsas eram “esmolas” e deixavam o pobre vagabundo, sem vontade de “plantar macaxeira”

Fernando Haddad, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, tentou demonstrar ontem seu lado, vamos dizer assim, viril. No absurdo ato em que alunos beneficiados por um programa federal foram reunidos numa universidade privada, beneficiária desse programa, o homem resolveu falar.
(...)

Haddad conta uma mentira quando diz que a oposição chamou o Bolsa Família de “bolsa esmola”. Até porque os programas de bolsas foram criados por FHC. Quem chamava os programas de bolsa de “esmola” era Lula. O candidato do PT não pode provar o que diz. Eu posso. Vejam o vídeo. Lula se refere ao Bolsa Família em dois momentos: em 2009 e em 2000.


Como o Fome Zero deu com os burros n’água, o Babalorixá de Banânica editou, no dia 20 de outubro de 2003, uma medida provisória e surrupiou todos os programas de FHC e os juntou no Bolsa Família.

APAGÃO MINIMIZADO PELA MIDIA CHAPA-BRANCA

Apagão: Eletrobras investiu apenas 20,8% dos recursos previstos para 2012
Dyelle Menezes
Do Contas Abertas

Um apagão ocorrido na tarde do último sábado (22) deixou seis Estados do Nordeste sem energia elétrica. A pane, que durou entre 20 e 30 minutos, atingiu vários municípios da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. Mais de cinco milhões de pessoas foram afetadas. Enquanto isso, o Grupo Eletrobras está estagnado em termos de investimentos.

As aplicações da estatal atingiram, no primeiro semestre, a cifra de R$ 2,1 bilhões, valor que corresponde a somente 20,8% do orçamento disponível para o ano (R$ 10,3 bilhões). Trata-se da pior execução orçamentária em termos percentuais desde o ano 2000.

Atualmente, várias obras esbarram em questões legais de diversas naturezas. A Usina de Belo Monte luta por espaço com os indígenas. Angra III aguarda julgamento de recurso interposto por uma empresa na licitação. A concorrência para a construção de termelétrica a gás natural em Manaus foi suspensa pelo Tribunal de Contas da União, tendo em vista irregularidades no edital e na proposta vencedora.
(...)
Leia mais no Contas Abertas.

JOGAR A CULPA NOS OUTROS NÃO COLA MAIS

Cartaz questionava voto (Foto: Roney Domingos/G1)

Lula e Haddad enfrentam protesto em plenária na zona oeste
Militantes do PSOL e estudantes que carregavam cartazes foram impedidos de entrar no local
Bruno Lupion, O Estado de S. Paulo

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram constrangidos por um protesto durante plenária com estudantes bolsistas do ProUni no auditório da Uninove, universidade particular localizada na Barra Funda, zona oeste da capital, na noite desta quinta-feira, 27.

No momento em que Lula e Haddad sentaram no palco, um estudante levantou com um cartaz apontando incoerência entre a proposta do partido para São Paulo de eleger um "homem novo" e o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. 

"Lula, renovação com mensalão?", dizia o cartaz. Após gritar a frase por alguns segundos, o jovem, não identificado, foi retirado do auditório pelos presentes.

Antes do início da palestra, cerca de dez militantes do PSOL também organizaram um protesto do lado de fora da universidade. Eles planejavam realizar um protesto dentro do auditório, mas teriam sido identificados, na entrada, por militantes petistas e acabaram impedidos de participar do evento. Segundo militantes do PSOL, o jovem que ergueu o cartaz é um estudante da Uninove, não ligado ao partido, que pegou voluntariamente um cartaz confeccionado pelo PSOL e entrou no auditório.

Um estudante de geografia da USP de 21 anos, militante do PSOL, que pediu para não ser identificado, foi ameaçado por um homem não identificado que descobriu que ele levava um cartaz escondido em uma bolsa. Esse homem o conduziu para fora do prédio, ameaçando-o de agressões físicas. As ameaças foram gravadas em um vídeo, ao qual a reportagem teve acesso.

Ao final do evento, Lula disse não ter se incomodado com o protesto. Ele lembrou que, quando presidente, era sempre acompanhado, em eventos públicos, por um mesmo jovem que reclamava contra o governo e afirmou que isso nunca o perturbou.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

PESQUISA DATAFOLHA INDICA QUE A VIRADA PODE ACONTECER

Datafolha: Russomano cai de 35% para 30% e Serra continua à frente de Haddad



O Datafolha fechou nova pesquisa sobre a corrida pela prefeitura de São Paulo. Revela que o líder Celso Russomanno caiu cinco pontos percentuais. Em sondagem divulgada no dia 20, tinha 35%. Agora, amealha 30%.

José Serra (PSDB) oscilou um ponto para cima. Foi de 21% para 22%. Aparece à frente de Fernando Haddad (PT), que oscilou dois pontos percentuais para o alto, de 16% para 18%.

ELEITORA ANIMADA DÁ UM BEIJO EM JOSÉ SERRA

Serra ganha beijo na boca: "achei que tinha sido erro de pontaria" 
Terra

Serra é beijado por eleitora durante ato de campanha em São Paulo. Foto: Diogo Moreira/Frame/Especial para Terra
Serra é beijado por eleitora durante ato de campanha em São Paulo
Foto: Diogo Moreira/Frame/Especial para Terra

Durante ação de campanha visitando lojas na rua José Paulino, tradicional circuito de compras na região central da capital, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, foi pego de surpresa e, ao cumprimentar uma lojista, ganhou um beijo na boca. Encabulado, Serra foi trocar uma palavra com a eleitora e ganhou outra bitoca, desta vez mais próxima do alvo. "Eu amo ele, quero casar com ele", disse a vendedora.

"O que eu posso fazer?Eu achei na primeira vez que tinha sido erro de pontaria, e aí fiquei assim. Aí veio a segunda vez, então já não era erro de pontaria", comentou o candidato depois, corado após ser perguntado sobre o tema. "É a primeira vez. Faço campanha há muito tempo, nunca aconteceu isso de me pegar distraído." 

Acompanhado por numerosa militância do PSDB e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), cujo presidente, Ricardo Patah, é ligado ao PSD, Serra caminhou algumas centenas de metros e cumprimentou lojistas e eleitores.

Em relação ao comércio, o tucano prometeu uma parceria público-privada para instalar rede elétrica subterrâneaa da rua José Paulino, além de construir estacionamentos de ônibus e hotéis na região do Pari, antigo bairro industrial próximo à região.

'Guerra ao crack'
Durante a caminhada, além do comércio, Serra foi abordado por eleitores que pediram ações sobre a Cracolândia, como é conhecida a região que concentra usuários de crack, próxima dali.

"Eu vou continuar e vou ampliar e intensificar a guerra ao crack. Porque Cracolândia não é uma coisa boa, não é um problema de direitos humanos. Direitos humanos é atender essas pessoas, é induzi-las a serem tratadas", afirmou o tucano, e criticou o PT e a política federal de combate às drogas.

"Nós fizemos muitos leitos de clínica de reabilitação e o Ministério da Saúde não dá um centavo para isso", disse ele, citando o Complexo Prates - centro de atendimento social e saúde inaugurado em março deste ano, com dois meses de atraso, com presença do prefeito Gilberto Kassab (PSD), do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

"Eles não deram nada de dinheiro, aquele ministro da Saúde, que é bom pra aparecer e ruim pra fazer veio aí, fez um fru-fru e deu a ideia de que o governo federal estava fazendo, e o governo federal não está fazendo nada." 

Indagado sobre a ação da Polícia Militar na Cracolândia no início deste ano, Serra elogiou a iniciativa e disse que ela foi "mistificada".  

"Foi uma boa ação e muito mistificada, inclusive teve efeitos muito concretos, essa ação. Agora, você tem que continuar, a luta não para, quando o crack abaixou de preço 50 vezes, como aconteceu no Brasil, por frouxidão do governo federal, é muito difícil você frear o consumo. O PT tem uma política frouxa com relação à questão do crack", criticou ele. 

"GOLPE" DA IMPRENSA CONTRA A CORRUPÇÃO

O Fundo Monetário Internacional (FMI) criticou o governo da presidente Cristina Kirchner pela manipulação dos índices de inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) calculados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).
O índice oficial geralmente é metade ou um terço do cálculo elaborado pelos economistas independentes.
Caso o governo não melhore seu sistema de medição, a Argentina pode sofrer sanções.

Enquanto isso, os índices anunciados no Brasil reinam absolutos sobre os fatos.
Confiram, como exemplo, matéria do Estadão sobre uma das irregularidades da gestão Haddad no MEC.  

Leiam, também,  um apanhado das notícias recentes publicadas nos jornais, incluindo a fraude no convênio do MEC com a Petrobras, em postagens no blog do Coturno. Trechos abaixo: 

Brasil Aparelhado: TCU investiga CUT por convênio fraudulento com a Petrobras em programa do MEC de Haddad. 

A turma afabetizada em convênios: Marinho, Lula e Haddad. Haja TCU!

De um lado, Luiz Marinho, que presidia a CUT. De outro, José Gabrielli, que presidia a Petrobras. No meio, um convênio fraudulento com o MEC de Haddad, onde uma central sindical iria alfabetizar 200.000 alunos. Agora o TCU abre mais uma caixa-preta da gestão Lula, que deixa um rombo de R$ 26 milhões nos cofres públicos.

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira, 26, a abertura de tomadas de contas especiais para calcular prejuízos e identificar eventuais responsáveis por irregularidades em convênios da Petrobrás com a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Braço sindical do PT, a entidade recebeu R$ 26 milhões da estatal para alfabetizar mais de 200 mil alunos, mas, de acordo com a corte, não provou ter aplicado o dinheiro na realização dos cursos.

Comandada pelo partido desde o início do governo Lula, a empresa não fiscalizou a execução do projeto e aprovou as contas sem exigir provas do cumprimento, diz o relatório técnico do tribunal. O TCU auditou convênios e patrocínios da Petrobrás, identificando em 2009 falhas em diversas parcerias de entidades supostamente ligadas ao PT e outras legendas. As constatações foram apreciadas na terça-feira em plenário.
(...)

Na documentação analisada pelos auditores, não havia fichas de acompanhamento individual dos alunos, listas de presença nas supostas aulas, acompanhamento das ações dos alfabetizadores, número de estudantes envolvidos e documentos que atestassem que os materiais didáticos foram realmente entregues.
(...) 

O Programa Brasil Alfabetizado, comandado por Haddad, foi uma grande picaretagem. Vejam a noticia abaixo, publicada pelo Globo na saída do ex-ministro para ser candidato do PT em São Paulo. 

Um balanço das ações do Ministério da Educação (MEC) divulgado na despedida do ex-ministro Fernando Haddad, na última terça-feira, diz que a pasta alfabetizou 13 milhões de jovens e adultos, desde 2003. A informação é incorreta. Se fosse verdadeira, teria levado o país a dar um salto na redução do analfabetismo, o que não ocorreu. De 2000 a 2010, a redução do número de iletrados foi de apenas 2,3 milhões - deixando o Brasil ainda com 13,9 milhões de analfabetos, conforme o censo do IBGE.

Procurado pelo GLOBO, o MEC admitiu o erro, publicado na página 40 de uma edição caprichada, com páginas coloridas, tiragem de mil exemplares, com o título: "PDE em 10 capítulos - ações que estão mudando a história da educação brasileira." O balanço trata do Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado por Haddad e pelo então presidente Lula, em abril de 2007.

O livreto foi distribuído na terça-feira, quando Haddad, que é pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, deixou o governo. Ele reproduz texto de uma outra publicação do ministério, divulgada em setembro de 2011, mas com redação diferente.  

Na versão do ano passado, o texto falava que aproximadamente 13 milhões de jovens, adultos e idosos tinham sido “beneficiados” pelo programa Brasil Alfabetizado - o que significa que houve matrícula, mas não que aprenderam a ler e escrever. No novo formato, consta que todos foram “alfabetizados”.
 

Luiz Marinho, depois desta trampolinagem na CUT, virou ministro da Previdência, ministro do Trabalho, prefeito de São Bernardo do Campo, candidato à reeleição, big boss do município que recebeu as maiores verbas de Lula. Está sendo preparado para ser candidato ao Governo de São Paulo, em 2014. Dinheiro não vai faltar para a campanha. Afinal de contas, ele é o amigão de Lula.

Dá para acreditar em pesquisas no Brasil do PT?

Pesquisas de opinião são compradas por um lado e por outro no Brasil. Entidades como a CNI e a CNT organizam sondagens cujo único objetivo é bajular ou pressionar os governos. Em termos de eleições, a Vox Populi é braço estatístico do PT, errando sempre, mas oferecendo munição para elevar o moral da tropa cada vez menor de militantes. 
(...)

Ontem saiu a nova pesquisa de popularidade do governo e os números foram estratosféricos. Dilma é aprovada por 77% dos brasileiros, mas 62% desaprovam a saúde. Pode? Agora, para completar, vemos um IBGE aparelhado, servindo a interesses do governo de plantão, que mascara número dos desemprego. Pelo menos é o que mostram os números do Dieese. Vejam notícia abaixo da Folha de São Paulo. 

Ao contrário do que tradicionalmente ocorre no mercado de trabalho no segundo semestre, o desemprego cresceu em agosto, segundo taxa medida pelo Dieese em sete regiões metropolitanas. Passou de 10,7% em julho para 11,1% no mês passado. O que explica esse aumento é que em agosto foram criados menos postos de trabalho (35 mil) do que os necessários para atender as 135 mil pessoas que buscaram uma oportunidade. Com isso, o número de desempregados cresceu 100 mil.O total de desempregados estimado nas sete regiões (Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal) é de 2,5 milhões.
(...) 

Os dados do Dieese divergem dos divulgados pelo IBGE (desemprego medido pelo instituto passou de 5,4% em julho para 5,3% em agosto) por razões metodológicas. Consideram regiões diferentes, além de o Dieese incluir em sua taxa total pessoas que buscam emprego, não acham e estão fora da população economicamente ativa.

"GOLPE" NÃO É COMBATER O CRIME, MAS, SIM, O PRÓPRIO CRIME


Foto

Li, tempos atrás, matéria de Merval Pereira ("O Globo") comentando a entrevista que Marcio Thomaz Bastos deu a Mônica Bergamo e ao cientista político Antonio Lavareda, em que teria defendido prática que considera algo equivalente ao mensalão.

De acordo com Merval, o ex-ministro de Lula fez a seguinte afirmação:

"_Vamos chegar a um ponto em que a democracia, por sua própria prática, vai resolver isso. Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns, no Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão da época. O que não impediu que a Inglaterra se tornasse um país altamente democratizado. Isso dá a esperança de que, pela reiteração dos usos, possamos encontrar isso, um outro patamar de regime democrático". 

A declaração veio do ex-ministro da Justiça, que ocupava o cargo quando a prática escandalosa foi tornada pública. Não lembro se havia algum esclarecimento ou se, no caso do Reino Unido, poderia se tratar da tal emenda parlamentar, que deveria ser impositiva, e não usada como moeda de troca como acontece no Brasil.

Especialistas ouvidos pelo jornal "O Globo" consideraram a fala de MTB, assim como as investidas desesperadas de Lula contra juízes e contra a imprensa, como uma tentativa de banalizar o mensalão, para tirar o foco e minimizar sua importância.

A mais recente ação que evidencia o desespero dos petistas é um manifesto da militância ligada ao meio artístico para pressionar os ministros do STF.
Apresentam mais uma versão sobre o fato e tentam influenciar também a opinião pública, contando com a falta de memória dos brasileiros que já devem ter esquecido a confissão de Lula.

Assistam Lula pedindo desculpa pelo Mensalão:



O relator, Joaquim Barbosa, e revisor, Ricardo Lewandowski, discutiram nesta quarta-feira.
Mas, contrariando as expectativas dos mensaleiros, a população está atenta na atuação de cada ministro do Supremo e está aprovando o rigor do relator na aplicação da Lei, o que o PT considera "golpe" e está irritando o partido. Chega a ser ridícula a critica ao apoio popular a Joaquim Barbosa, o que chamam de "endeusamento" de ministros do STF.

Para fundamentar a opinião dos que renovam suas esperanças no fim da impunidade e para alertar aos que perigam cair nas teias dos que defendem os mensaleiros, trago uma nota da jornalista Dora Kramer sobre "Inversão de Valor":

A pormenorizada apresentação dos votos de cada um dos ministros do STF - em especial por vezes exaustivas manifestações do relator e do revisor - atendem às exigências dos que cobram para o mensalão um julgamento "técnico".
São os mesmos que acusam o tribunal de estar sendo "político". Inconformados com o fato de os oito ministros indicados no governo do PT não terem sido políticos o bastante para atender às conveniências do partido.

Cara nova na folia: Joaquim Barbosa inspira o carnaval

Fábrica de São Gonçalo produz máscaras do ministro e aposta que elas serão o produto mais cobiçado
O Globo


kit justiceiro. Máscaras de Barbosa e capa, numa referência à toga, são as apostas de uma fábrica em São Gonçalo para animar o carnaval carioca ano que vem
Foto: Rafael Moraes
kit justiceiro. Máscaras de Barbosa e capa, numa referência à toga, são as apostas de uma fábrica em São Gonçalo para animar o carnaval carioca ano que vem

— É o homem que prende os políticos do mensalão — disparou o porteiro Antonio Barbosa, ao ver o rosto esculpido em máscara.

Destaque no julgamento do mensalão, Barbosa inspirou a maior tiragem da produção deste ano. Já foram produzidas 120 máscaras do ministro, fora da temporada de carnaval. Às vésperas da festa ano que vem, a produção será aquecida.

— O Barbosa está em evidência, e acho que esta será a máscara mais vendida. Estamos pensando num kit, com a máscara e uma capa preta — diz Olga Valles, dona da fábrica, fazendo referência à toga utilizada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Precisamos de um desses aqui no Rio, para acabar com a falta d’água e com os engarrafamentos e para educar o povo — concluiu o Barbosa porteiro.

Ainda na carona do julgamento, a empresa voltou a produzir máscaras de José Genoino, José Dirceu e Roberto Jefferson, réus do processo do mensalão. As peças também foram encomendadas por comerciantes de Brasília, de São Paulo e do Rio.

BRASIL É SÓ ALEGRIA!!!

Aqui é tudo alegria: quem ganha 291 reais por mês virou classe média 
Carlos Brickmann

Se o caro leitor não puder almoçar seu arroz com feijão, salada, bife e sobremesa, resolva o problema com uma folha de alface, duas ervilhas e um grão de milho. Pode não ser satisfatório, mas o caro leitor não deixou de almoçar.

Se o caro leitor ganha muito pouco e está abaixo da linha da pobreza, resolva o problema com as estatísticas do governo federal: de acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidente Dilma Rousseff, quem ganha mais de 291 reais por mês integra a classe média.

Assim foi possível fazer com que 35 milhões de brasileiros se alçassem à classe média nos dez anos de governo petista.

É simples assim: uma pessoa não precisa ganhar mais de dez reais por dia para entrar na classe média.

Um casal que ganhe, em conjunto, 582 reais por mês será também de classe média.
Pronto: no Brasil, só é pobre quem quer.

Mas há limites para ser de classe média. Quem ganhar a partir de 1.019,10 reais por mês será de classe alta. A história de achar que classe alta é coisa para Eike Batista está errada: neste país em que se plantando tudo dá (especialmente notícias), até professor, mesmo ganhando o que ganha, pertence à classe alta.


O pessoal que tem recursos para comprar deputado mensaleiro, dar carona de jatinho a quem toma decisões sobre concorrências, fotografar a esposa usando sapatos de sola vermelha, esse nem chega a ter classificação.
Político corrupto, dos que trocam apoios por Ministérios, está tão alto que a verdade se restabelece sozinha: este não tem classe, nem categoria.
A classe média (de verdade) paga a conta.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O PERIGO SILENCIOSO

Miriam Leitão, O Globo

A gestão do ministro Guido Mantega no Ministério da Fazenda está destruindo o patrimônio fiscal que levou uma década e meia para ser construído. Dentro dessa categoria, de demolição da ordem fiscal duramente edificada, encaixa-se a decisão de o Tesouro se endividar em R$ 21 bilhões para a Caixa Econômica e o Banco do Brasil aumentarem a oferta de empréstimos.

Por 15 anos, entre o fim da ditadura militar e o ano 2000, o país executou uma enorme tarefa para acabar com os orçamentos paralelos, a conta movimento, os ralos e as fantasias contábeis até chegar à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

É esse arsenal que tem sido furtivamente recriado. A operação autorizada por Medida Provisória na sexta-feira é parecida com as que foram feitas para o BNDES. A dívida aumentará, porque o Tesouro tem que lançar papéis no mercado, mas a operação é mascarada como empréstimo a esses bancos.
Não se sabe quando eles pagarão a dívida, por isso é impossível calcular o custo disso para os cofres públicos.


O custo médio de financiamento da dívida pública interna este ano está em 11,85%. A Selic está em 7,5%, mas o custo real é impactado pelos juros que incidem sobre títulos antigos. O Tesouro receberá do Banco do Brasil os 5,5% da TJLP nos R$ 8,1 bilhões que irão para a instituição.

Haverá custo para o governo, mas ele não estará no Orçamento. Criar despesas de forma disfarçada e não registrá-la no Orçamento é contornar a obrigatoriedade de que não se criem despesas sem a definição de receitas.

A conta movimento parecia um gasto sem ônus e sem limite. O Banco do Brasil sacava no Banco Central para cobrir seu balanço. Agora, os bancos públicos têm recebido recursos de uma forma semelhante.
(...)

O Tesouro se comporta como se tivesse descoberto a fórmula mágica da multiplicação dos recursos sem ônus. Lança títulos ao mercado e transfere o dinheiro para os bancos públicos, e eles, por sua vez, pagarão com juros baixos e no prazo que quiserem. Se é que pagarão.

Há gasto público embutido aí, mas não há registro como despesa em lugar algum, e por isso o impacto fiscal é escondido. Já foram emprestados assim mais de R$ 300 bilhões ao BNDES. Agora, o mesmo acontecerá com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.

Leia a íntegra em O perigo silencioso

Por falta de convicção, Dilma vacila nas privatizações e até na inflação

Dilma: concessão de aeroportos meia-boca. Na foto, ao lado da governadora Rosalba Ciarlini, assina a concessão do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte (Foto: Roberto Stuckert Filho / PR)

Artigo de Carlos Alberto Sardenberg,  publicado no jornal O Globo

Já disseram que se você fizer qualquer coisa com convicção, acaba dando certo. Vale para tenistas, por exemplo. O jogador que vacila no momento do golpe e, numa fração de segundo, imagina que aquela pode não ser a opção correta, ou erra ou passa uma bola fraca. Perde de qualquer jeito.

Mal comparando, Ângela Merckel não vacila na política econômica que impõe à Europa. Governos endividados precisam fazer o ajuste e ponto final. Claro, ainda estamos longe de saber se isso vai dar certo, mas está andando.
(...)

E a presidente Dilma Rousseff? Vai na bola com determinação ou hesita?
 Depende. No caso das privatizações, claramente vacila. Fez a concessão de três aeroportos, a coisa não saiu direito – as grandes operadoras internacionais ficaram de fora – e agora Dilma não sabe bem como lidar com os demais que também precisam de pesados investimentos.

É pura falta de convicção. Está claro que o setor público não dá conta da tarefa, mas privatizar assim direto, à tucana, também pega mal para um governo petista, certo? Sai uma privatização meia boca, que junta os defeitos do setor público e do privado que não quer correr riscos.

Vacilando também com a inflação
O governo também vacila na inflação. A presidente, o ministro Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, garantem que está em pleno vigor o regime de metas de inflação, sendo de 4,5% o alvo para este ano e para o próximo.

Não vai rolar. Para este ano, a inflação deve ir a 5,5%, se não for mais, e mais um pouco em 2013. E daí? Até 6,5%, tudo bem, dizem as autoridades.

Não é bem assim. A meta é de 4,5%, tolerando-se um desvio, em circunstâncias extraordinárias, de até 2 pontos. Mas estamos nos encaminhando para o terceiro ano com inflação média perto dos 6%. Um extraordinário muito longo, não é mesmo?

Falta de convicção, de novo. Parece que meta de inflação é tão tucana quanto a privatização. A corrente desenvolvimentista, onde se assentam as convicções históricas da presidente, acha que uma inflação mais alta pode até ser um instrumento para se turbinar o crescimento.
Dirá o leitor: e não é assim mesmo? Qual a diferença entre uma inflação de 4,5% e outra de 6%?

Por causa da inflação, quem ganha hoje 20% a mais do que ganhava em 2010 está na mesma

Perguntem aos milhões de trabalhadores que têm batalhado por reajustes salariais.
Quem ganha hoje 20% a mais do que recebia no início de 2010 está rigorosamente na mesma.

Os funcionários públicos que aceitaram o reajuste de 15% em três anos estão perdendo dinheiro. 
A inflação acumulada no período será maior do que isso.
(...)

O PESADELO DAS VÍTIMAS DOS PROGRAMAS EMPACADOS DA DILMA

Minha Casa, Minha Vida: no Ceará, MPF vai à Justiça para evitar expulsão de 3.200 pessoas 




No município de Caucaia, assentado na região metropolitana de Fortaleza, o programa habitacional do governo federal mudou de nome. Chama-se Minha Casa, Meu Tormento. O sonho do teto próprio virou pesadelo para 3.200 pessoas.

A encrenca envolve quatro condomínios financiados com verbas da Caixa Econômica Federal. As obras foram paralisadas em fase final de acabamento. Impacientes, famílias cadastradas no programa oficial ocuparam as casas.
A Caixa foi à Justiça. Em 5 de setembro, o juiz federal Kepler Gomes Ribeiro concedeu liminar determinando a desocupação dos condomínios. Para evitar a expulsão, o procurador da República Oscar Costa Filho decidiu recorrer.

As famílias informam que desejam celebrar um acordo com a Caixa. Querem permanecer nas casas, submetendo-se às regras de financiamento do Minha Casa, Minha Vida. Dito de outro modo: desejam pagar pelos imóveis.
Para o procurador Oscar Filho, o desalojamento de 3.200 pessoas produzirá “impactos sociais irreversíveis”. Acha que, em vez de expulsar, a Caixa deveria levar em conta que os ocupantes das casas encontram-se devidamente cadastrados no Minha Casa, Minha Vida e analisar a “possibilidade de regularização” das moradias.

Oposição vai fazer anúncio contra o veto de Dilma à desoneração da cesta básica

Os principais partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) vão distribuir a todos seus 2.866 candidatos a prefeito uma peça publicitária para rádio e TV atacando o veto da presidente Dilma Rousseff à desoneração da cesta básica. A iniciativa, inédita, ocorre em meio ao acirramento dos ânimos entre governo e seus opositores, causado pelo julgamento do mensalão e o processo eleitoral.

Na terça-feira passada, os opositores decidiram pela produção da peça contra o veto -dado por Dilma naquele dia. Na mesma reunião, definiram que soltariam nota cobrando explicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre reportagem da "Veja". Segundo a revista, Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, disse a interlocutores que Lula era o verdadeiro chefe do esquema.
(...) 

A gravação começa com a imagem de uma mão feminina pegando diferentes produtos da cesta básica em uma prateleira de supermercado. Um interlocutor diz que a oposição "conseguiu aprovar o imposto zero para a cesta básica [...], mas o governo do PT vetou o projeto, prejudicando o trabalhador brasileiro". 

"Se o PT barrou a cesta básica mais barata, você pode dar o troco."

A mão do consumidor traz então um título de eleitor, em vez de um produto. O locutor pede para o espectador votar em uma das três legendas e mostrar "que não concorda com o veto" de Dilma. 

(...)

A peça se refere ao veto de Dilma à eliminação dos impostos federais que incidiam sobre alguns produtos da cesta básica. Essa medida tinha sido inserida pelo PSDB em medida provisória do plano Brasil Maior, de incentivo à atividade industrial.   

(Folha de São Paulo)

DILMA E A ÉTICA PÚBLICA

Merval Pereira, O Globo

A manobra da presidente Dilma para esvaziar a Comissão de Ética Pública, que acabou gerando a demissão de seu presidente, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, mostra bem sua maneira de agir quando desagradada.

Depois de quase três meses sem se reunir, pois só contava com dois dos sete conselheiros, sem o quorum mínimo, portanto, de quatro membros para a realização de sessões, a comissão entrou em uma crise quando a presidente decidiu, afinal, preencher suas vagas.

O não preenchimento das vagas passou uma mensagem clara do Palácio do Planalto: a comissão passara a ser um estorvo para o governo, que não tinha interesse em pô-la em funcionamento.

Só depois que a imprensa chamou a atenção para a extinção branca da comissão, a presidente viu-se na obrigação de preencher as vagas no número mínimo para recolocá-la em condições de funcionamento.

Cinco mandatos se encerraram nos meses de junho e julho, e poderia haver reconduções para novos mandatos em dois casos, os dos conselheiros Marília Muricy e Fábio Coutinho. Nos outros três, a presidente da República teria, necessariamente, que nomear brasileiros sem passagem anterior pela CEP, pois já estavam em seu segundo mandato, como sempre foi praxe na comissão.

Pois ela nomeou três novos conselheiros e não reconduziu os dois únicos que poderiam permanecer, justamente aqueles que haviam sido indicados por Pertence.

Mas não foi isso que os fez cair em desgraça junto ao Palácio do Planalto, e sim suas atuações em dois episódios envolvendo ministros do governo Dilma. Ambos atuaram na análise de denúncias contra o então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, recomendando sua demissão após denúncia de que seu partido, o PDT, cobrava comissões de ONGs que tinham convênios com o Ministério do Trabalho.

Leia a íntegra em Dilma e a ética pública

MANOBRAS PALACIANAS PARA AJUDAR RÉUS MENSALEIROS

A crise embutida num indulto a mensaleiros (Editorial)

O Globo

Vencida parte do julgamento do mensalão, não é mesmo exagero afirmar que o Supremo Tribunal Federal tem feito História. Poucas vezes, em mais de 120 anos de República, houve um caso judicial com tantos e tão poderosos interesses políticos em jogo.
Há a referência recente do ex-presidente da República Fernando Collor, julgado por corrupção pelo STF e inocentado. Mas ele já havia sido destituído do cargo, num — também memorável — processo de impeachment aprovado no Congresso.

No mensalão, sentam-se no banco dos réus políticos de partidos no poder, alguns com mandatos no Congresso: João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), já com algumas condenações no julgamento.

Há, ainda, no “núcleo político” da “organização criminosa”, duas estrelas graduadas do PT — José Dirceu e José Genoíno — e o tesoureiro do partido durante a operação de desvio de dinheiro público para o valerioduto, já comprovado pelo STF, Delúbio Soares.

O julgamento, portanto, envolve a espinha dorsal do poder político, a ponto de estimular o ex-presidente Lula a cometer a temeridade de, numa conversa indevida com o ministro do STF Gilmar Mendes, tentar convencê-lo a propor a postergação do julgamento para depois das eleições. Mendes se sentiu pressionado e até chantageado, denunciou a operação e o início do julgamento se tornou irreversível. Não fazia mesmo sentido adiá-lo.

Mas não parecem cessar articulações para ajudar réus mensaleiros. A mais recente, detectada pelo Ministério Público, envolveria um indulto, prerrogativa do presidente da República, a mensaleiros que sejam obrigados a cumprir pena em reclusão.

Este perdão é concedido na época de Natal e segue requisitos estabelecidos em decreto pelo presidente da República — pena mínima, tempo de prisão, bom comportamento, por exemplo. 

Nada impediria o Planalto de calibrar o decreto deste ano para libertar mensaleiros condenados.

Agem como aprendizes de feiticeiros aqueles que porventura engendram a manobra, pois colocarão o Executivo em rota de colisão com o Judiciário. Será uma ingerência indevida do Executivo na Justiça. Na prática, num golpe de esperteza, o Planalto terá revisto veredictos de juízes da mais alta Corte do país. Há cheiro de crise institucional no ardil.

Promotores e procuradores já alertaram o Ministério da Justiça. Como cabe a ele enviar os decretos anuais de indulto à Casa Civil, deve o ministério, como pedido pelo MP, excluir do perdão os condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e delitos contra o sistema financeiro, os crimes enquadrados no processo do mensalão.
A reivindicação é sensata e precisa ser aceita pelo Executivo.

ÉTICA SÓ NO DISCURSO

Este blog registrou alguns momentos da fúria de Dilma contra a Comissão de Ética. 
Confiram AQUI, AQUI, AQUI, AQUI, entre outros.

Notas de hoje (26/9), no blog de Cláudio Humberto, atualizam essas informações:
*

Dilma ignorava Pertence e até suas indicações

Dilma não dava a mínima para o ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência da República Sepúlveda Pertence. Nem despachavam. Trocaram palavras pela última vez na posse do ministro Carlos Ayres Britto na presidência do STF, em abril. Ela mandou dizer pelo ministro Gilberto Carvalho, o secretário-geral, que os nomes por ele sugeridos, de atuação independente, não seriam reconduzidos. Foi a gota d’água.
*

Ética só nos outros

Dilma se irritou com sugestões dos membros não reconduzidos para a demitir um ministro (Carlos Lupi) e advertir outro (Fernando Pimentel).

Sepúlveda recusa comentar suposta interferência de Dilma no caso Pimentel

Foto
EX-MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
Após renunciar ao cargo de presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence descartou a possibilidade de a comissão vir a ser esvaziada com sua renúncia.

"Entreguei à presidência ao doutor Américo Lacombe, que é um homem com serviços à República, com uma tradição de independência que lhe custou a cassação como magistrado", afirmou.

Ele se recusou a comentar a suposta interferência da presidenta Dilma Rousseff nos trabalhos da comissão, sobretudo com relação à decisão de investigar o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, pela suspeita de tráfico de influência nas consultorias que teria feito em 2009 e 2010.

"Não quero comentar o caso concreto porque ainda está submetido à comissão", disse.

Oposição reclama de aparelhamento do Conselho de Ética da Presidência

Os líderes dos partidos de oposição reagiram nesta segunda-feira à renúncia de Sepúlveda Pertence ao Conselho de Ética Pública da Presidência da República.

Para o líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), a renúncia é preocupante e uma clara demonstração de que o conselho perdeu sua independência.

- Sepúlveda Pertence tem histórico de importante serviço prestado ao Brasil. Sempre foi comprometido com a verdade e a ética. Acredito que ele tenha percebido que o conselho não cumpre mais sua função de independência, isenção e imparcialidade - disse o líder tucano.

O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que a saída de Sepúlveda é um "péssimo sinal da antifaxina" do governo Dilma Rousseff.

- O ministro Sepúlveda é um homem ético, elegante. Substituíram pessoas que, na visão dele, entendem que a ética não tem partido, por outras indicadas pelo governo. A Comissão de Ética Pública poderá perder a credibilidade nas mãos deles e antes de ser acusado de agir contra a ética, Sepúlveda preferiu sair. Sua saída sinaliza a antifaxina. Mostra que a faxina que se propõe o governo é a do queijo Minas, cheia de furos - criticou Agripino Maia.

Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a presidente Dilma Rousseff está aparelhando o órgão responsável por zelar pela boa conduta da administração pública. Segundo o líder, a interferência do Planalto na composição do órgão é uma demonstração de que o PT não convive bem com a atuação de órgãos independentes. Bueno destacou que Dilma vetou a recondução, apesar do pedido de Sepúlveda, dos conselheiros Marília Muricy e Fábio Coutinho, e o ex-presidente fez questão de lamentar o fato.

- Imaginaram que iriam aparelhar o Supremo Tribunal Federal com a indicação de ministros e não conseguiram. Está aí a corte condenando os mensaleiros do PT e de partidos aliados. Agora, tentam aparelhar a comissão de ética, ao rejeitar os nomes indicados pelo presidente Pertence. Esse é o PT, sem ética e sem a mínima vergonha - criticou Bueno.

Leia mais sobre esse assunto em O Globo.

COMISSÃO DE ÉTICA DEVE ATENDER AOS INTERESSES DA REPÚBLICA, NÃO AO PT

Regina Bochicchio, O Globo

Sem querer emitir juízo de valor sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff de não reconduzi-la ao posto de conselheira da Comissão de Ética da Presidência da República, Marília Muricy, ainda assim, deu seu recado: 

— Se eu acreditar que o motivo da minha não recondução foi o fato de haver incomodado o governo, ao indicar a exoneração do ex-ministro (Carlos Lupi), tenho que concluir que aí está uma contradição com a própria função do Conselho de Ética — disse ontem.

Ano passado, Marília elaborou relatório sugerindo a demissão do então ministro do Trabalho, que era acusado de desvio de verbas por meio de ONGs. O relatório vazou para a imprensa e, dias depois, Lupi pediu exoneração. A decisão de Marília teria contrariado a presidente. 

— Com isso (a não recondução), se for verdade o que diz a imprensa, se entende que, se desagradar em certo momento o governo, não se pode servir a esse governo. É um gesto político que eu, pessoalmente, não por mim , avalio como um certo prejuízo institucional.

Leia mais em Ética: ex-conselheira afirma que trabalhou a favor da República

HÁ MUITO O QUE INVESTIGAR SOBRE MENSALÃO, INCLUINDO LULA, ACUSADO DE FAVORECER BANCO

Por Vinicius Sassine, no Globo:
 
O fim da ação penal número 470, no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), significará a conclusão de apenas uma etapa do julgamento do mensalão. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que pretende destravar outras frentes de investigação após o veredicto sobre os réus julgados pelos ministros do STF. O término do julgamento está previsto para o fim de outubro.

Do contexto da ação penal 470 surgiram diversas outras ações, em São Paulo, Minas Gerais e algumas coisas na Procuradoria-Geral da República. Assim que terminar esse julgamento, haverá um esforço para dar andamento a essas ações”, disse Gurgel ao GLOBO, no intervalo da sessão plenária no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A denúncia central do mensalão resultou em outro inquérito que tramita no próprio Supremo. O procedimento tem o número 2.474 e corre em segredo de Justiça. Com 77 volumes, está na fase de investigação policial e ainda não resultou em denúncia por parte do procurador-geral. O inquérito é um desdobramento da ação penal 470, e foi aberto para apurar novos sacadores de dinheiro das empresas de Marcos Valério, considerado o operador do mensalão.
(…)

As mesmas suspeitas levaram o Ministério Público Federal em Brasília a acionar na Justiça Federal, por improbidade administrativa, o ex-presidente Lula. 

Segundo a denúncia do MP, de 2011, Lula favoreceu o BMG e buscou a “autopromoção” quando enviou cartas a aposentados e pensionistas oferecendo crédito consignado. O ex-ministro da Previdência Amir Lando também é réu no processo.
(...)

Leia mais sobre esse assunto em Após veredicto, Gurgel seguirá com investigação sobre mensalão

terça-feira, 25 de setembro de 2012

COORDENAÇÃO DE JOSÉ DIRCEU É UM SUCESSO EM SÃO PAULO



Enquanto o Brasil rejeita os candidatos do partido do Mensalão, o paulistano decepciona e atende aos apelos da campanha articulada por José Dirceu. 
Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira mostra que o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, ultrapassou o candidato do PSDB, José Serra. Haddad tem 18% e Serra 17%. 

Vejam na matéria do Estadão a reação do coordenador da campanha de Fernando Haddad, que comemora o sucesso de sua estratégia:

Em artigo em seu site, o ex-ministro José Dirceu, principal réu do mensalão, afirmou nesta segunda-feira que a estratégia de campanha do petista Fernando Haddad em São Paulo estava errada, e passou por uma correção de rumo. Para o ex-ministro, os petistas partiram da premissa equivocada de que os apoios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff seriam suficientes para levar Haddad ao segundo turno. 

"Houve uma boa correção de curso, já que a campanha do Haddad partiu de uma avaliação errada, a de que bastava o apoio dos presidentes Lula e Dilma Rousseff e o voto petista para ele ir para o 2º turno. Como vimos, a realidade era e é outra", escreveu Dirceu.

Para o ex-ministro, Haddad corrigiu a campanha ao passar, desde a semana passada, a centrar seus ataques no candidato do PRB, Celso Russomanno, líder nas pesquisas de intenção de voto. "Na minha visão, o Haddad está certo ao criticar Russomanno. Centrar a disputa com o candidato tucano a prefeito, José Serra (PSDB-DEM-PSD-PV) era coisa de três a quatro semanas atrás, quando era necessário desestabilizar sua ida para o 2º turno. Agora, sem esquecer José e a tentativa de alijá-lo da disputa já no dia 7 de outubro, no 1º turno, é preciso disputar também a fatia de voto petista que está com Russomanno", completou Dirceu.

A mudança de estratégia se justifca, segundo Dirceu, por conta das pesquisas, que apontam que Russomanno "tem uma votação expressiva entre petistas". "Decifrar essa esfinge, então, é a questão central que nossa campanha não deu conta até agora, ficando numa situação difícil entre dois fogos: enfrentar José com sua campanha anti-petista; e a necessidade de conquistar o voto do PT, a parte que ainda vai para Russomanno", argumentou o ex-ministro.

Fora do Brasil, ninguém presta atenção no discurso de Dilma

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Gustavo Chacra

Ninguém fora do Brasil deve prestar atenção ao discurso da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Esta é minha quarta cobertura do Debate Geral da Assembléia Geral da ONU. Sempre, apenas o presidente dos EUA, Barack Obama, e figuras exóticas, como Mahmoud Ahmadinejad, recebem cobertura internacional.

Neste ano, porém, o presidente do Egito, Mohammad Morsi,  seguramente deve ser uma das estrelas por ser o primeiro líder democraticamente eleito do maior país árabe do mundo a se dirigir para a ONU. Binyamnin Netanyahu, devido às suas estremecidas relações com Obama e a ameaça nuclear iraniana, também será acompanhado de perto.

Devido ao conflito por umas ilhotas, certamente vale a pena ouvir o que os líderes do Japão e da China têm a dizer.

OBSERVAÇÕES SOBRE O DISCURSO DE DILMA:

Obs. Sei que alguns postarão links com reportagens sobre a Dilma. Mas, honestamente, neste momento, em que ela fala, todos os analistas e jornalistas americanos ouvem Romney no Clinton Global Initiative. 

Obs2. Dilma culpou corretamente o regime de Damasco e também as milícias armadas da oposição pela violência na Síria. 
Mas faltou falar do anti-semitismo no Egito e outros países, além de perseguição a cristãos em diversas nações de maioria islâmica. Obama fez isso em seu discurso. Ficou melhor.

CANDIDATOS PETISTAS ESCONDEM O "FIASCO" LULA

 

O ex-presidente, que prometera criar coelhos quando terminasse o mandato, acreditou que sem a caneta e envolvido até o pescoço no escândalo do Mensalão conseguiria interferir na consciência do eleitor e, por conseguinte, impor o voto nos candidatos de seu partido.

Eis que sua participação está cada vez menor nas campanhas, pois mais tem atrapalhado do que ajudado, tanto é que muitos petistas que expuseram a imagem de lula estão despencando nas pesquisas.
Vejam alguns casos, começando com a nota do jornalista Cláudio Humberto:

Efeito mensalão

Iriny Lopes (PT), candidata à prefeitura de Vitória, tirou Lula da TV e do rádio após estacionar nas pesquisas. Vão disputar o segundo turno o candidato do PPS, Luciano Rezende, e Luiz Paulo Vellozo, do PSDB.

Petista em queda na disputa eleitoral faz Lula rever ida ao Recife 

Por Angela Lacerda e João Domingos, no Estadão
  
Além de cair para terceiro lugar nas pesquisas, em que foi ultrapassado anteontem pelo candidato do PSDB, Daniel Coelho, o candidato do PT à prefeitura do Recife, senador Humberto Costa, foi informado ontem de que não está garantida a presença, em seus comícios, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ajudá-lo a tentar reverter a situação.

O senador petista, que no início da disputa liderava folgadamente com cerca de 40% das intenções de voto, apareceu anteontem, em novos números do Ibope, com apenas 15%, enquanto o tucano Coelho agora tem 24%. Bem à frente dos dois, o atual líder da corrida, Geraldo Júlio (PSB), continua subindo sem parar: segundo o Ibope, ele saltou de 33% para 39%. Em quarto vem o candidato Mendonça Filho (DEM), com 4%.