Ao perdedor, as batatas
Miriam Leitão, O GloboO governo aumentou o imposto de importação de 100 produtos. O primeiro da lista é a batata. Se o tubérculo for de origem estrangeira pagará ao entrar no país o pedágio de 25%. O que há de tão perigoso nas batatas externas? Não se sabe. A batata é o terceiro alimento com maior inflação. Em 12 meses, acumula 24% de alta, e só em agosto subiu 4,4%. A barreira elevará mais o preço.
Pode-se fugir da batata, e de seus tentadores carboidratos, eliminando-a do cardápio. O problema é o que fazer com uma política econômica que resolveu convocar do mundo do além ideias que morreram de velhice.
O ministro Guido Mantega alertou: “Esses produtos serão monitorados pela Fazenda, de modo a verificar se há aumento de preços. Os setores não podem aumentar preços. Caso contrário, derrubaremos a alíquota imediatamente.”
Bom esclarecimento. Com ele, a medida ficou muito pior. Agora temos a reedição de uma dupla que, antes de cair em completo desuso, foi muito prejudicial ao Brasil: tarifa de importação alta e controle de preços.
Na lista de barrados estão químicos, móveis, petroquímicos, material de construção, como tijolo refratário e vidro. Há coisas assim: óleo de vaselina ou de parafina; agentes orgânicos de superfície, exceto sabões; serviços de mesa e outros artigos de uso doméstico, de higiene ou de toucador, de plásticos.
Como mesmo o governo pensa que poderá “monitorar” os preços de tudo isso e outras dezenas de produtos? A Sunab acabou; o CIP (Conselho Interministerial de Preços), também; não existem mais fiscais que apreendem mercadorias invasoras.
Como fazer sem aquelas velharias do tempo da inflação?
Se um produtor subir o preço, todos pagarão com o fim do privilégio? O governo imagina que os produtores devem combinar entre si um preço limite para não perder a vantagem da barreira ao produto externo? Pretende nomear fiscais de preço e colocá-los em vigílias nas esquinas?
Qualquer alternativa é espantosamente antiga. O Brasil abriu a economia há 22 anos e jogou na lata de lixo o controle de preços há 18 anos com o Plano Real.
(...)
Leia a íntegra em Ao perdedor, as batatas
Nenhum comentário:
Postar um comentário