O Estado de S.Paulo (Editorial)
Criada pela
Constituição de 88 para defender o Executivo nos tribunais e assessorar
juridicamente o presidente da República, a Advocacia-Geral da União
(AGU) está vivendo a maior crise de sua história.
Instalado em
1993, o órgão tem 7.481 integrantes, entre advogados da União,
procuradores federais e procuradores da Fazenda Nacional - todos
selecionados por concurso público.
Mas, numa decisão tomada sem consulta
a esses profissionais, o chefe do órgão, Luís Inácio Adams, elaborou um
projeto de lei complementar que prevê a nomeação, como advogados
federais, de pessoas de fora da carreira e sem concurso.
O projeto
foi encaminhado ao Congresso no dia 29 de agosto pela presidente Dilma
Rousseff.
O Fórum Nacional da Advocacia Pública Federal - integrado por
sete entidades de procuradores da Fazenda, Previdência Social, do Banco
Central e de procuradores lotados em autarquias e ministérios - acusa
Dilma e Adams de tentar aparelhar politicamente a AGU, colocando-a a
serviço do Partido dos Trabalhadores (PT).
(...)
O projeto de Adams tem outros pontos polêmicos. Ao redefinir as
atribuições do chefe da AGU, ele aumenta significativamente seus poderes
decisórios, esvaziando parte das competências dos advogados públicos
concursados. E também tipifica como infração funcional o parecer do
advogado público que contrariar as ordens de seus superiores
hierárquicos. Assim, a vontade dos procuradores-chefes, indicados com
base em conveniências políticas, prevaleceria sobre o entendimento
técnico dos advogados de carreira.
(...)
Após a condenação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pelo Supremo
Tribunal Federal, por crimes de corrupção, peculato e lavagem de
dinheiro, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o mensalão foi um
"golpe da elite", que recorreu a "setores conservadores da Justiça para
derrotar o partido".
O projeto de lei complementar que abre caminho para o aparelhamento
da AGU é a primeira tentativa efetiva do PT de interferir no universo
jurídico, esvaziando sua independência e atrelando-o aos interesses do
partido.
Leia a íntegra em O aparelhamento da AGU
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