JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo
Sob perspectiva histórica, a nota assinada pelos
partidos da base aliada em solidariedade a Lula é um desastre completo.
Por mais que se esforcem para dar ao conteúdo o limite da solidariedade
ao ex-presidente, os dirigentes signatários da carta comprometeram suas
biografias políticas ao emprestarem apoio à tese de que o julgamento do
mensalão é um golpe contra a democracia, sentença que alcança o Supremo
Tribunal Federal.
O texto vai além do desagravo a Lula, acusado por Marcos Valério, na
revista Veja, de chefiar o esquema, para insistir na negação de um fato
que já produziu mais de uma dezena de condenações. O PT amplia seus
ataques à mídia e ao STF como recurso eleitoral para reduzir a
repercussão negativa do julgamento nas campanhas País afora.
A iniciativa, portanto, atende apenas ao PT e, se algum efeito
positivo tiver, é restrito ao eleitorado histórico do partido. Já os que
se associaram ao manifesto nada têm a ganhar, mas muito a perder,
principalmente os que vinham conseguindo cumprir uma pauta que passa ao
largo de tema tão desgastante, caso do governador de Pernambuco e
presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.
Em curto e médio prazo, é quem mais perde: varrido pelo arrastão de
solidariedade a Lula, entrou na agenda negativa.
De olho no apoio do PT à
sua candidatura presidencial, seja lá quando se der, vestiu a saia
justa e assinou o papel.
Associar sua imagem ao mensalão é desastroso no momento em que o
governador busca a visibilidade nacional. Afinal, o PT tem muitos
culpados para seus erros, entre os quais a "mídia golpista".
Mas o réu é ele.
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