domingo, 30 de setembro de 2012

O FRUSTRADO

Lula, o nosso Maomé frustrado, não reconhece o poder do Supremo, a legitimidade da oposição e a autoridade do povo. A menos, claro!, que façam o que ele manda!

Por Reinaldo Azevedo

Luiz Inácio Inconformado da Silva não está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal, embora, a meu juízo, devesse. Supor que a quadrilha do mensalão tenha se reunidos naquela orgia de corruptos ativos e passivo, no embalo de peculatos e gestão fraudulenta, sem a sua anuência vai além da ingenuidade, não é? 

Trata-se mesmo de uma forma de cretinice. A Procuradoria Geral da República, de todo modo, diz não ter conseguido reunir indícios suficientes para denunciá-lo. Nas conversas que mantém com interlocutores, reveladas por VEJA, Marcos Valério diz o que a todos parece óbvio: “Lula era o chefe”.  

É bem verdade que há outros inquéritos que investigam outras franjas do mensalão — inclusive aquele que diz respeito ao BMG e que corre na Justiça Federal de Minas. Nunca é tarde para chegar ao Babalorixá de Banânia. Naquele caso, as pegadas de Lula parecem muito claras.
O Apedeuta resiste, para usar palavra de sua predileção sobre si mesmo, a “desencarnar”. E agora, na sua compreensão sempre perturbada da democracia (...) resolveu que existe uma contradição inelutável entre o “STF” e o “povo”. Um estaria de um lado, e o outro, de outro!!! Na coluna Holofote da VEJA desta semana, lemos a seguinte nota:

“’Eu não vou deixar que o último capítulo de minha biografia seja escrito pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Quem vai escrevê-lo é o povo’. Foi com essa frase que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou um almoço com um ex-ministro há duas semanas. Lula não aceita a interpretação corrente de que a condenação dos mensaleiros e o fracasso do PT nas eleições representarão o fim de sua carreira política. O interlocutor ficou em dúvida se ele pretende voltar às urnas em 2014 ou se liderará uma campanha para tentar reverter a condenação dos mensaleiros.”
(...)

O desempenho vexaminoso do PT nas capitais — e tudo indica que o resultado será muito ruim nacionalmente — demonstra que seus poderes mágicos eram frutos da mística e da mistificação. 

Não! O eleitorado não faz o que Lula manda. E ponto! 

Se Fernando Haddad passar para o segundo turno em São Paulo, o projeto do chefão manco do PT ganha sobrevida porque é bem provável que Russomanno não tenha fôlego para a segunda rodada. Se não passar, os tais coelhos que ele prometeu assar quando se tornasse ex-presidente o aguardam…
Lula está desesperado. Ontem, os petistas fizeram dois comícios na Zona Leste da cidade. O Apedeuta, que disputou uma vez o governo de São Paulo e cinco vezes a Presidência — tendo sido eleito, então, depois de quatro derrotas para cargos executivos —, recomendou, com a grosseria que lhe é peculiar, que José Serra se aposentasse…  

Sabem o que é fabuloso? No próximo dia 27, o petista completará 67 anos. É apenas três anos mais novo do que o tucano — diferença que, convenham, a partir, sei lá, dos 20, já não faz mais… diferença!
(...)

Quando sugere a aposentadoria de Serra, está deixando claro que não quer vencer o seu opositor, mas eliminá-lo do jogo político.

Esse demiurgo inescrupuloso pode avançar também para a delinquência política pura e simples. Referindo-se a Marta Suplicy, que estava presente ao comício, afirmou que “não deixaram Marta se reeleger” por ela “se meter a fazer coisas para os pobres”.

“Não deixaram”??? Quem “não deixaram”, cara pálida? 

Em 2004, Serra foi eleito contra Marta pelo povo. 

Em 2008, Kassab foi eleito prefeito contra Marta pelo povo! 

Entendi: o Babalorixá de Banânia não reconhece o poder do Supremo, não reconhece a legitimidade da oposição e não reconhece nem mesmo a autoridade do povo se este não votar em quem ele manda. 

Entendo seu nervosismo: o PT perdeu a eleição para o governo de São Paulo duas vezes (2006 e 2010) e a para a Prefeitura duas vezes (2004 e 2008) com ele na Presidência da República, tentando dar ordens aos paulistas e paulistanos.
(...)

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