REYNALDO ROCHA
Dilma a cada dia diminui de tamanho.
Demonstra a subserviência de quem se sabe menor do que o cargo que lhe foi confiado.
Prefere compactuar com a vergonha a assumir a dignidade da função para qual foi escolhida, mesmo sem merecer.
Não, não faço uma crítica a quem nela votou. Respeito o que nasce do voto, da vontade da maioria. Nem por isso concordo.
Tornou-se candidata por ser dócil ao chefe. Por estar disposta a subestimar a liturgia do cargo para satisfazer a megalomania do inventor.
Por ser uma reserva vocacional que, quando necessário, sairia do time, mesmo sob vaias. Mas com a certeza de ter feito o que dela era esperado pelo tutor.
As oposições que, por medo e covardia (a maioria) e por avaliação inteiramente equivocada (o restante), esperaram uma Dilma inexistente, hoje se espantam com a discípula obediente e fiel do chefe supremo.
Se elogiou Stalin e Lenin, por que Dilma teria receio de elogiar Lula?
Com uma agravante: aqueles são história. Este é o cobrador constante, que constrange a presidente a ir ao seu encontro para receber ordens e orientações.
Dispenso-me de mencionar FHC. Imaginar um Clinton no papel de tutor de Obama, ou um Obama admitindo essa tutela, é ridicularizar personagens que merecem algum respeito.
Até na ditadura os generais de plantão tinham noção da importância do cargo. Nenhum obedeceu às ordens de antecessores.
Dilma tem o tamanho da própria e notória insignificância. Ser a primeira mulher a ocupar a presidência só envergonha minha filha e minhas amadas. E a mim.
Dilma e Lula são faces da mesma moeda. A de um país que perdeu os conceitos básicos de cidadania e democracia. Onde o anormal adquiriu contornos de normalidade.
Onde se inventou o bipresidencialismo, refundando um caudilhismo que julgávamos sepultado.
O Estado de Direito se aproxima perigosamente – na exegese dos delirantes – do “direito” do Estado acima dos cidadãos.
As oposições (são várias? Ou nenhuma?) esperam que nós derrubemos o fruto podre da árvore. Para que possam aproveitar-se de nossa luta (diária, nos espaços que temos) para se oferecerem com alternativa.
Qual alternativa?
De nome? De projeto? Qual projeto?
De coragem ou vilania?
De Brasil ou de uma imensa capitania hereditária?
A anestesia que entorpece a nacionalidade (lato sensu) é tão intensa que sequer aparece um oportunista – ainda bem!- para assumir o discurso e bandeira de uma verdadeira oposição.
Ficamos e estamos órfãos.
Dilma e Lula. Lula e Dilma.
São frutos do mesmo engodo. São produtos das mesmas distorções.
Esperar que Dilma – sabidamente despreparada para estar onde está – pudesse ser uma reação à vergonha lulista é mais que um sonho: é pesadelo.
Não será. Nunca foi. E se orgulha disso.
É somente uma dócil e grata falsificação de um original sem qualquer qualidade.
O PT inventou a falsificação do tênis produzido em alguma garagem de Taiwan.
E a oposição comprou como se fosse um autêntico Nike ou Adidas.
E, pelo visto, estão correndo descalços.
Nós, por cá, não acreditamos em falsificadores.
Muito menos em covardes!
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