PP só passou à base governista depois de negociar altas quantias no mensalão, afirma Barbosa
Segundo relator, somente em meados de 2003 o Partido Progressista começou a votar de acordo com aliados.
CBNLeiam mais na matéria de RICARDO BRITO - Agência Estado
O ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, relator do mensalão, afirmou nesta segunda-feira que o Partido Progressista (PP) só aderiu à base aliada no início do governo Lula depois de ter firmado um acordo para receber recursos do Partido dos Trabalhadores (PT).
Com base em depoimentos, Barbosa lembrou que o PP apoiou, na eleição que sagrou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva vitorioso, o então candidato do PSDB, José Serra.
O relator disse que a ida do PP para a base do governo se consumou a partir de meados do ano de 2003, com o pagamento do mensalão.
Barbosa se valeu de depoimentos de integrantes do próprio PP, como o ex-líder José Janene (PR), já falecido, que admitiu que a cúpula do seu partido firmou um acordo de "cooperação financeira" com os dirigentes do PT. O partido recebeu R$ 4,1 milhões do esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.
"Não havia qualquer razão para esse auxílio do PT ao PP, senão o fato de ter aderido à base do governo em meados de 2003", ressaltou o relator.
O ministro disse que, mesmo tendo recebido "recursos volumosos" do PT nos dois primeiros anos do governo Lula, o PP praticamente não firmou alianças com os petistas nas alianças municipais. O relator chegou a citar o depoimento de um ex-deputado do PP Vadão Gomes, que chegou a mencionar que havia "notória incompatibilidade ideológica" entre os partidos.
"Apesar dessa incompatibilidade, o réu Pedro Henry (então líder do partido) conduziu o voto de sua bancada favoravelmente às pretensões dos corruptores", destacou Barbosa, ao ressaltar que, além de Henry, o então presidente do partido, Pedro Corrêa, e José Janene participaram do esquema de recebimento de recursos.
O ministro disse que os repasses foram efetuados às vésperas de votações importantes para o governo federal. Para ele, o destino dado aos recursos é irrelevante para a caracterização do crime de corrupção passiva, do qual os representantes do PP são acusados. Os progressistas argumentaram, na defesa apresentada, que o dinheiro serviu para custear os honorários de um advogado de um deputado da bancada. Barbosa rejeitou essa versão.
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