Merval Pereira, O Globo
Às vésperas da
primeira parte em que políticos petistas e outros, de partidos aliados,
serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal pela acusação de compra de
votos em troca de apoio político, a revista “Veja” traz este fim de
semana um relato, atribuído ao lobista Marcos Valério, incriminando o
ex-presidente Lula no mensalão.
Já condenado a muitos anos de
prisão, e sendo provável que até o fim do julgamento deva ser condenado a
outros tantos por novos crimes, Valério já tem a certeza de que ficará
na cadeia por longo tempo e estaria revoltado com o abandono a que seus
amigos do PT o relegaram.
Segundo o relato, Valério acusa Lula de
ser o verdadeiro chefe da trama criminosa e dá detalhes de quem viveu
por dentro a intimidade dos palácios presidenciais.
De concreto,
em termos do julgamento, nem essas revelações nem as acusações
anteriores de advogados dos réus têm o condão de incluir o ex-presidente
no rol dos acusados nesta Ação Penal 470. Mas os estragos políticos são
devastadores, e nada impede que uma denúncia seja feita contra Lula
mais adiante.
No próprio julgamento, o advogado Luiz Francisco Barbosa, que defende Roberto Jefferson, acusou o ex-presidente Lula de
ser o verdadeiro mandante dos crimes.
Ele se baseou na tese do “domínio
do fato”, que levou o procurador-geral a acusar o ex-ministro José
Dirceu como o “chefe da quadrilha”.
“Não só sabia como ordenou o
desencadeamento de tudo isso. Aqueles ministros eram apenas executivos
dele”, garantiu o advogado, referindo-se a José Dirceu, Luiz Gushiken e
Anderson Adauto.
Pelo menos um deles, José Dirceu, disse certa vez
que não fazia nada sem o conhecimento de Lula.
Para provar sua tese,
Barbosa fez um relato muito semelhante ao do procurador-geral. E acusou
Roberto Gurgel de prevaricação por ter “sentado em cima” de um pedido
formal para incluir Lula entre os réus do mensalão.
Anteriormente, em setembro de 2011, o advogado Marcelo Leonardo afirmou,
nas alegações finais apresentadas ao STF na defesa de Valério, que
faltava alguém no banco dos réus.
Usando o mesmo raciocínio que a “Veja” atribui a Marcos Valério, segundo
quem “apenas os mequetrefes” estão sendo condenados, escreveu o
advogado na ocasião: “É um raríssimo caso de versão acusatória de crime
em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante
da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano. (...)
Alguns, inclusive, de fora da imputação, embora mencionados na
narrativa, como o próprio presidente Lula”.
Leia a íntegra em Valério acusa Lula
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