O julgamento do Mensalão não apenas repõe ordem e princípios – finalidade, em suma, da Justiça -, mas também evidencia o quanto o país ainda precisa avançar nesse campo.
Basta ver algumas reações às condenações em curso, que ocupam amplos espaços na mídia.
Muito embora os juízes estejam se atendo rigorosamente aos autos e embasando com fartura de dados os seus votos – o que, óbvio, constitui dever elementar -, recebem insultos por parte de correligionários dos condenados.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, do alto de um trio elétrico, num comício em São Paulo, anteontem, pediu nada menos que uma vaia para o Judiciário.
O fato de ser ilegal a participação de uma central sindical num comício em prol de um partido – no caso, o PT, de Fernando Haddad – tornou-se um detalhe.
No país em que as leis são como gripes – umas pegam, outras não -, essa vem sendo ignorada já há algumas campanhas. A seu lado, estava Lula, que já presidiu a República e ignorou solenemente a mesma lei. O exemplo vem de cima.
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Os correligionários de Genoíno e Dirceu, no entanto – e não estão apenas no PT, mas também em parte da imprensa -, se sentem no direito de pôr toda a Corte sob suspeita.
Seria porta-voz de uma “elite imunda”, inconformada com um governo voltado para os pobres. Ora, como se pode pretender invocar a população pobre quem a surrupiou roubando dinheiro público?
Mais que isso, a acusação, gravíssima, crime de lesa-República, está dizendo que os ministros do STF são desonestos, que não estão fazendo justiça, mas o contrário.
O deputado Paulo Rocha, do PT, chega ao requinte de, após reconhecer a natureza fraudulenta dos empréstimos feitos por seu partido, reclamar que “não foi para isso que os colocamos lá”, referindo-se aos juízes nomeados nos governos Lula e Dilma.
Ele supõe – e esse é apenas um dos sinais da miopia republicana dele e de seu partido – que a nomeação de juízes é um gesto partidário, de benevolência. Não leu a Constituição ou não a entendeu – ou ambas as coisas.
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O Supremo faz história e reescreve sua acidentada biografia com letra de ouro. A expressão “doa a quem doer”, que Lula tantas vezes empregou, está sendo posta em prática. E, pelo visto, está doendo em muita gente.
Leia a íntegra em Lição republicana
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