Antes que entre na questão para a qual remete o título, publico um vídeo que traz Lula num comício em Diadema. Notem que, na prática, ele faz campanha para Serra em São Paulo!
Seguindo o Apedeuta, para governar a cidade, é preciso ter experiência!
Como o PT é poder na cidade há três décadas, ele acha perigoso largar o certo pelo duvidoso! Hummm…
Ontem, ele foi fazer campanha em Taubaté. Seu candidato na cidade, Isaac do Carmo (PT), deve ser derrotado por Ortiz Júnior (PSDB). Depois de atacar a família do tucano — sabem como Lula pode ser ético, né? —, ele fez um juízo completamente oposto àquele de Diadema:
“Uma cidade tem que ser democratizada, e o povo tem que, de quatro em quatro anos, eleger pessoas, de preferência, diferentes. Taubaté é uma cidade importante. Não pode ser tratada como se fosse o curral de uma família”.
Ah, entendi! Em Diadema, Lula defende que uma cidade seja curral de um partido… É mesmo um educador do povo! Quando o PT é poder, o certo é votar no conhecido; quando é oposição, é certo é renovar. E ele diz uma coisa e outra com a mesma energia e convicção.
Com a sua enorme capacidade de brutalizar qualquer manifestação viva de inteligência, ele se disse vítima de preconceito da elite e afirmou o seguinte:
“A elite deste país é democrática enquanto ela está no poder, e nós estamos batendo palma no palanque. Mas, quando a gente sobe num palanque, e eles têm que bater palma, eles não querem”.
“Nós”, quem, cara-pálida? O PT ficará pelo menos 12 anos consecutivos na Presidência da República, com chance real de ficar 16, e disputa com o PMDB o posto de maior partido do país. Por que este senhor fala como se fosse oposição? E de que “elite” ele está falando? O PT é hoje o partido que mais recebe doações de bancos, de empreiteiras e de potentados industriais.
O frenesi
Por que esse frenesi de Lula? Porque ele está com medo!
Sabe que, a qualquer momento, pode virar réu no processo do mensalão — não desta parcela que está no Supremo, mas daquele que corre na primeira instância.
Lula está fazendo essa gritaria país afora para ver se intimida os representantes do Ministério Público. Tenta repetir a tática de 2005, quando correu para os “braços do povo” — e a oposição, infelizmente, caiu no truque.
O procurador da República Manuel Pastana, que atua no Rio Grande do Sul, já encaminhou uma representação à Procuradoria Geral da República em que pede que o ex-presidente seja responsabilizado criminalmente pelo mensalão.
A íntegra da representação está aqui.
Mais do que qualquer outro réu do mensalão, Lula tem as digitais nesse imbróglio num caso em particular: aquele que diz respeito ao banco BMG — uma das instituições financeiras que fizeram os falsos empréstimos a Valério e ao PT (já comprovados pelo Supremo).
Trechos da representação de Pastana sintetizam as ações de Lula no que diz repeito ao BMG (AQUI):
Retomo
Lula está com medo. Não faz tempo, ele dizia por aí que o mensalão só seria julgado em 2050. Agora que a cadeia espreita alguns de seus aliados, teme entrar na fila. Até porque, como se vê acima, se Dirceu não assinava os crimes pelos quais foi condenado, é certo que Lula deixou assinaturas que beneficiaram o BMG, que foi, é inequívoco, um dos bancos do mensalão.
Uma das razões para Lula sair por aí deitando a sua glossolalia política é blindar-se, tentando intimidar o Ministério Público e a Justiça. Ele quer que as massas gritem: “Se tocarem em Lula, haverá rebelião”.
Não haverá.
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