terça-feira, 27 de novembro de 2012

A PERSEGUIÇÃO É IMPLACÁVEL CONTRA QUEM DENUNCIA CORRUPTOS

Bruno Lupion, Estadão

Delator do esquema de venda de pareceres e laudos técnicos que levou à Operação Porto Seguro da Polícia Federal (PF), o ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Cyonil da Cunha Borges de Farias Júnior veio a público no domingo, 25, para negar que tenha aceitado inicialmente R$ 100 mil em propina e depois se arrependido, como divulgado pela PF.

"Fico triste pelo tratamento dado pela mídia e órgãos de fiscalização, afinal não aceitei, logo não teria como me arrepender. Nunca aceitei qualquer R$", escreveu Cyonil em um fórum de debates na internet. A autenticidade do relato foi confirmada pelo próprio ao Estado.
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Autor de livros sobre direito administrativo e professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos, Cyonil fez o desabafo no Fórum Concurseiros, em um tópico de debate aberto por seus ex-alunos. Os estudantes queriam saber o motivo de o professor - tido por muitos como exemplo de ética e retidão - ter seu nome envolvido no escândalo que derrubou a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e o número 2 da Advocacia-Geral da União, José Weber de Holanda Alves.
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Segundo Cyonil, ao apresentar os documentos à PF, foi chamado de "louco" pelos agentes e advertido que os envolvidos no esquema "arrancariam o seu couro".
O servidor diz ainda que sofreu paralisia facial ao longo do processo e que a denúncia afetou sua vida pessoal. "Fiquei calado esse tempo todo, ninguém sabia, inicialmente nem a esposa. Imaginem a fera como ficou", escreveu. "Minha vida já vai virar um inferno a partir de agora", prevê.
Pecados. Ao final, Cyonil diz que "não é santo", mas pode dormir tranquilo "quanto ao pecado de denegrir a imagem da Administração (nunca aceitei de qualquer forma R$ algum)". Ele diz que "a galera do lado de lá" fará tudo para desmerecer a sua imagem, mas afirma que nunca titubeou em seguir em frente com a denúncia e hoje se diz aliviado. "Muitos vão acreditar em mim. Muitos vão me apedrejar. Não me arrependo de ter denunciado o esquema", afirma.

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