quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Não se mate, Cardozo! Apenas se cale!

Cuidado! José Eduardo Cardozo pode estar querendo soltar bandidos para acabar com a bandidagem! É a Teoria Jabuticaba de combate à violência! 

Que bom para os petistas que José Dirceu não ficará em cana tanto tempo assim — dado o regime de progressão, nem dois anos em regime fechado! Considerando o tamanho de sua obra, é claro que é pouco, né? Fosse mais tempo, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e seu companheiro de partido, recomendaria que se matasse, o que seria uma perda inestimável para a espécie. Ontem, numa palestra, este incrível falastrão, cujo partido está no poder há dez anos, afirmou que o sistema prisional brasileiro é tão ruim que, se prisioneiro fosse por longo período, preferiria morrer. Esses não são termos próprios a um homem público, é evidente. Quem formula e aplica políticas de estado não pode se dar a esses rasgos hiperbólicos ainda que seja um exemplo de eficiência — e esse, definitivamente, não é o caso de Cardozo.

Vamos ver. As palavras têm o sentido do dicionário e têm um contexto. O Brasil enfrenta — e não é só São Paulo, como dão a entender setores da imprensa engajados na pauta petista — o problema das organizações incrustadas em presídios. Trata-se de uma ação do crime organizado, que organizado seria ainda que as cadeias brasileiras contassem com os serviços de hotelaria do Fasano. A propósito: os estabelecimentos que abrigam os chefões costumam ser os melhores, sem problemas de superlotação.
Atribuir à superlotação o ciclo de violência é considerar que o rabo balança o cachorro. Os presídios são, sim, um problema, mas não a origem do mal. No momento em que São Paulo enfrenta uma onda industriada de violência, comandada por líderes criminosos que estão presos, fazer uma observação como essa corresponde a livrar a cara dos bandidos e a jogar a culpa nas costas largas da tal “sociedade”. 

Mais: aquele que fala, claro!, por definição, não é o responsável, certo? 

O senhor Cardozo se atribui o papel, vejam que mimo!, de ombudsman do governo, não de ministro de estado, a quem cumpre, entre outras coisas, oferecer uma solução para o problema que aponta.
(...)

Atenção! Há um movimento que prospera nas áreas ditas “progressistas” do direito brasileiro segundo a qual o Brasil prende demais. Será mesmo? Tratei do assunto no dia 23 de julho deste ano. E indagava então: “O que é prender demais?”.
(...)
A situação dos presídios brasileiros é lamentável? Na média, é, sim! Essa precariedade responde, no entanto, pela violência no país? Isso é uma conversa mole, uma estupidez. Os dados empíricos sugerem que não. 

O que se tem constatado, aí sim, é que a violência é menor nos estados que mais prendem bandidos — é o caso de São Paulo. Afirmar isso quando o estado está debaixo de vara e sob o ataque do PCC, do PTT, do PJP (Partido do Jornalismo Progressista) e do JEC (José Eduardo Cardozo) é uma verdade incômoda? É, sim, mas tem de ser dita.
Até porque eu sou um homem lógico e obrigo os que debatem comigo a também sê-lo. Se o doutor Cardozo acredita que a situação dos presídios responde pelo ciclo da violência, dado que não se vão fazer cadeias da noite para o dia, alguém pode ter a ideia feliz de soltar bandidos para… diminuir a violência, não é mesmo?
E o que faz Cardozo?

Muito bem! O PT está no poder há dez anos. O que a Secretaria Nacional de Segurança, esta obra de ficção, fez até hoje para combater a violência? 

Como é que este senhor comanda a área que está diretamente ligada ao combate à violência e se sai com um diagnóstico do espanto, mas sem medida profilática? 

O que o ministro Cardozo efetivamente fez para, vá lá, melhorar a situação dos presídios ao menos? 

Eu conto: em 2011, a Secretaria sob o seu comando gastou R$ 1,5 bilhão a menos do que gastou em 2010.

Chega! José Eduardo Cardozo, com suas falas irresponsáveis, já fez muito mal aos paulistas — ou aos brasileiros de São Paulo

À frente do Ministério da Justiça, tem-se mostrado um falastrão, um boquirroto, mas sempre com aquele ar garboso de cavalo de parada. Em vez de dizer que cometeria suicídio se tivesse de cumprir uma pena longa em presídios brasileiros, deveria oferecer uma resposta às angústias da sociedade brasileira. Não tendo o que dizer, não chego a sugerir que se mate. Basta que se cale!
Por Reinaldo Azevedo

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