O relatório da CPI do Cachoeira, produzido pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), surpreendeu menos por seu conteúdo e mais pela turbulência que causou, já que era para lá de previsível.
O que queria a oposição? Um relatório isento, justo, fiel aos fatos? Ora, não era esse o filme em cartaz – e o PT, justiça se faça, deixou isso claro desde o início.
A CPI foi convocada exatamente para produzir aquele relatório, que poderia ter sido redigido antes mesmo da primeira reunião. Em vez de CPI do Cachoeira, melhor seria chamá-la CPI da Crônica do Relatório Anunciado, numa paródia a Garcia Marquez.
Desde o início, sabia-se o que Lula e PT pretendiam com a CPI: criar uma cortina de fumaça para o Mensalão e, de quebra, vingar-se de alguns personagens que os incomodavam.
Todos estão lá no relatório: jornalistas (com destaque para o editor de Veja, Policarpo Junior), o governador de Goiás, Marcone Perillo, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Ficou de fora o ministro Gilmar Mendes, do STF, que, pressionado por Lula num encontro fartamente noticiado pela imprensa, em maio, tratou de demonstrar a impropriedade das acusações com que lhe queriam chantagear.
Como todos se lembram, Lula procurou Gilmar, num encontro intermediado pelo ex-tudo Nélson Jobim, propondo-lhe que adiasse o julgamento do Mensalão.
Em troca, a CPI, que Lula disse então ter sob total controle – e os fatos mostram que não blefava -, não mencionaria uma hipotética viagem de Mendes a Berlim, num jato de Cachoeira, ao lado do senador Demóstenes Torres. Não deu certo.
A viagem inexistira naqueles termos e Gilmar exibiu de público os bilhetes aéreos de que se utilizara, pagos por ele mesmo. Lula jamais desmentiu Gilmar. Deixou para o PT a tarefa.
Leia a íntegra em Para lá de previsível
Ruy Fabiano é jornalista
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