O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, César Augusto Martinez, disse nesta sexta-feira que o confronto que resultou na morte de um índio da etnia munduruku, na divisa de Mato Grosso com o Pará, na última quarta-feira, foi provocado por uma emboscada armada por indígenas.
— É bom esclarecer que a operação (Eldorado) não estava investigando os índios, não havia ordem de prisão contra eles — afirmou o superintendente.
O conflito entre indígenas e policiais deixou feridos seis índios e dois agentes federais.
Conforme o superintendente, os policiais federais tinham autorização judicial para inutilizar balsas usadas na extração ilegal de ouro dentro da reserva dos apiacás e mundurukus, às margens do Rio Teles Pires. No dia anterior ao conflito, segundo Martinez, os índios tentaram impedir a ação da PF.
Depois de intensa negociação, ficou acertado que a destruição das balsas seria feita no dia seguinte. Na hora marcada para destruição, um grupo de cem índios teria atacado os 35 policiais que participaram da “Operação Eldorado”.
Um grupo de 55 entidades, no entanto, divulgou ontem manifesto em que classifica o confronto como “mais um capítulo de uma novela pautada pelo descaso, violência e destruição das terras e dos povos indígenas”. Para as entidades, a operação policial atende os interesses de empresários e empreiteiras que constroem hidrelétricas nos rios Teles Pires, Xingu e Madeira. O documento é assinado por partidos políticos, como PSOL e PSTU, e entidades em defesa dos índios, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
A situação ainda era tensa nesta sexta-feira em Jacareacanga, onde Adenilson foi sepultado. O exame cadavérico atesta que ele recebeu um tiro na cabeça, um na coxa direita e outro na perna esquerda. A PF informou que 13 índios mundurukus foram autuados por desobediência e resistência. Eles prestaram depoimento na PF de Sinop e foram liberados.
A Funai reconheceu nesta sexta-feira que os índios caiabis e mundurukus se associaram a garimpeiros para extração ilegal do ouro no rio Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará.
Leia mais sobre esse assunto em O Globo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário