domingo, 2 de dezembro de 2012

DISTRIBUIR NOSSO DINHEIRO À ELITE ECONÔMICA ESTÁ QUEBRANDO O BRASIL

Merval Pereira, O Globo

Mesmo com sinais importantes de que a política adotada não está dando certo, como o crescimento pífio do PIB do terceiro trimestre sinalizando um ano praticamente perdido em termos econômicos, o Ministério da Fazenda parece disposto a persistir no mesmo caminho, insistindo em ampliar o papel do BNDES de indutor de investimentos no país e em estímulos setoriais.

Nunca o Tesouro deu tanto dinheiro para o BNDES, quase R$ 400 bilhões, mas, quanto mais repassa ao banco, mais piora o investimento do país. Na análise de especialistas, esse modelo deu certo no auge da crise, porque o BNDES foi bem eficiente como “hospital”, salvou grandes empresas e bancos, mas agora não consegue o mesmo desempenho para alcançar o crescimento.

Defendeu muito bem, mas não consegue atacar e fazer gol, numa metáfora futebolística apropriada para o momento.
Além do mais, essa estratégia custa muito caro, como alertou o TCU há pouco — por ano, duas vezes o Bolsa Família. E tem efeitos colaterais de abrir brechas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que afeta o já combalido equilíbrio fiscal do país, como advertiu o TCU em decisão aprovada no último dia 14.

O Tesouro repassa “subvenções econômicas” ao BNDES, mas não apresenta os cálculos dos subsídios embutidos nessa decisão nem adota medidas de compensação, o que representa “severa afronta ao objetivo principal da LRF”, segundo relatório.
(...)

Nunca tivemos juros reais tão baixos, câmbio tão alto e economia tão mal, o que contraria a profissão de fé da esmagadora maioria do empresariado e dos economistas desenvolvimentistas de que as condições estariam dadas para o crescimento, como insiste o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sempre jogando para o trimestre seguinte a realização de suas previsões.

O que parece estar em jogo é a gestão da área econômica de um governo que até agora tem insistido em que não são necessárias reformas para que o país cresça.

Na opinião do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, essa política de “micromecanismos de administração e incentivo à demanda, especialmente ao consumo e ao emprego”, não tem conseguido viabilizar o desenvolvimento do país.

A ideia de que reformas estruturais não são necessárias perde força, e o governo parte para uma aposta ultra-arriscada de manter essa mesma linha de ajustes pontuais, que pode levar o cenário a piorar ainda mais.

Leia a íntegra em Ano Perdido

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