domingo, 2 de dezembro de 2012

O DEVORADOR DE VIÚVAS, DE BIOGRAFIAS ALHEIAS, DA HISTÓRIA "DESSEPAÍZ"...


O Lula da Rosemary já estava no Lula que caçava viuvinhas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo; lá já se revelava uma natureza

Já escrevi aqui um post sobre os aspectos mesquinhos, “petequeiros”, jocosos e até grotescos que envolvem as relações de Rosemary Nóvoa Noronha, um cacho amoroso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a coisa pública. Eles acabam desviando a nossa atenção do essencial. À sua maneira, as tentações ancilares do ex-mandatário retiram a óbvia gravidade de mais um escândalo. 
Atrevo-me a dizer que a lambança que ora vem à luz constitui, mais do que o próprio mensalão, um emblema do jeito petista de fazer política — ainda que possa não ter o mesmo alcance. Por quê? Porque, desta feita, além de todos os escrachos, encurta-se o caminho que separa o que deveria ser a alta política das urgências ou incontinências do baixo ventre.
Lula levou para o ambiente palaciano o que era, segundo ele próprio confessou em uma antológica entrevista, a sua rotina no mundo sindical. Falando à revista Playboy em 1979, este gigante moral confessou como atuava quando trabalhava na área de seguridade social do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Ficava de olho nas viúvas. Mal um companheiro batia as botas, ele se apresentava para o trabalho de consolação.
Foi com essa disposição, ele próprio contou, que conheceu sua atual mulher, Marisa Letícia. Um taxista lhe contara que o filho havia sido assassinado e que sua nora havia prometido jamais se casar. E Lula, este ser, como direi?, verdadeiramente aristotélico, orientado teleologicamente para o bem, pensou com aquela dignidade que lhe é imanente: “Qualquer dia ainda vou papar a nora desse velho”. Eu não estou fazendo caricatura, não! A fala é dele mesmo!  A “nora” era Marisa. Ela deu certo. Miriam Cordeiro nem tanto. Deixemos que ele mesmo fale, com o seu estilo inconfundível:
“Nessa época, a Marisa apareceu no sindicato. Ela foi procurar um atestado de dependência econômica para internar o irmão. Eu tinha dito ao Luisinho, que trabalhava comigo no sindicato, que me avisasse sempre que aparecesse uma viúva bonitinha. Quando a Marisa apareceu, ele foi me chamar”.
(...)
As almas tiranas não se contentam em comprometer o futuro. Também querem reescrever o passado.
Nosso Calígula não papou só viuvinhas. Como escrevi em 2009, olhou um dia para Brizola e Arraes e pensou: “Ainda vou papar a base política deles”. 
No governo, olhou para FHC e pensou: “Ainda vou papar o Plano Real dele”. 
Lula é assim: vai papando o que encontra pela frente: as viúvas, as biografias alheias, a história… Na entrevista à Playboy, ele também aborda folguedos sexuais com animais — mas não me alongo a respeito
(...)
Em Banânia, mais lassos, mas relaxados, mais tolerantes, fazemos esta distinção: se a(o) amante nada tem a ver com a administração pública, então não há notícia. Notem que o caso Rosemary circulou por alguns bons dias sem que se desse o devido nome às coisas — ou às relações. O que os petistas queriam desta vez? Calígula resolve misturar os seus folguedos com as questões da República — sua amante está no centro de um escândalo —, e o país deve fazer de conta que se trata de “questão pessoal”? Tenham paciência. 
O Babalorixá de Banânina já chamou de “questão privada” os milhões que a Telemar (hoje Oi) investiu na empresa de um seu filho — a gigante da telefonia tem entre seus sócios o BNDES e foi beneficiada por decisão pessoal do então presidente. Tudo questão privada!!!
Chega, né, Fanfarrão Minésio? A coisa já foi além da conta! 
Caso grave
A coisa é grave, sim, por qualquer ângulo que se queira. Rosemary até podia não reivindicar para si somas fabulosas  — uma Pajero em que ela circula pertence ao esquema criminoso —, mas aqueles em favor dos quais atuava mexiam com interesses bilionários. Tanto ela como Paulo Vieira, apontado como o chefe da quadrilha, estavam em seus respectivos postos por vontade de Lula — aquele que nunca sabe de nada. Nunca antes nestepaiz tantas pessoas traíram tanto um só homem, não é mesmo?
Não dá! A VEJA desta semana traz uma foto da decoração que Rosemary escolheu para o escritório da Presidência em São Paulo. Há um painel gigantesco de Lula brincando com uma bola. As almofadas dos sofás trazem impressas a imagem de… Lula! É a perfeita ilustração da captura do bem público por interesses privados.
Por Reinaldo Azevedo

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