Edward Amadeo e Arminio Fraga, em artigo, compararam intervencionismo atual ao do milagre econômico
CÁSSIA ALMEIDA
LINO RODRIGUES
O Globo
A atual forma de gerir a economia remete ao período do fim do milagre econômico?
Neste caso, houve um abandono também das reformas iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso?
O debate veio à tona com artigo publicado ontem no GLOBO e no “Estado de S.Paulo” pelos economistas Edward Amadeo e Arminio Fraga, sócios da Gávea Investimentos. Amadeo foi ministro do Trabalho no primeiro governo do presidente FH e Arminio, presidente do Banco Central (BC) no segundo mandato.
Para Monica De Bolle, diretora da Galanto Consultoria, é importante um economista como Arminio ter levado a público uma abordagem que tem sido discutida nos círculos de economistas.
— É pior ainda do que na Era Geisel, quando pelo menos havia um plano estratégico. O governo está interferindo nas decisões privadas, tirando a economia do lugar. O arcabouço ideológico é muito rígido e o governo quer ser o indutor do crescimento, e não um facilitador das decisões privadas — afirmou Monica.
O ex-ministro da Fazenda do governo Sarney Maílson da Nóbrega diz que Arminio e Amadeo tocam em pontos essenciais e que expressam a volta ao passado da atual política econômica. Ele concorda com os autores do artigo sobre a mudança de rumo dos governos petistas. Segundo Maílson, é uma alteração que ocorre desde 2005 e que repercute o abandono das reformas estruturais que caraterizaram os dois primeiros anos do governo Lula.
— O ataque populista a segmentos tidos como estratégicos pelo governo, como telecomunicações e energia, não por acaso também prejudica uma microgestão da conjuntura com medidas que não formam um todo coerente, e podem trazer insegurança e piora do sistema tributário — lamentou ele.
Para Nóbrega, a percepção é de que o tripé macroeconômico está sendo cada vez mais ameaçado. Monica afirma que essa gestão está aparecendo no fraco crescimento da economia, de apenas 0,6% no terceiro trimestre.
Já o professor de História Econômica da UFRJ Luiz Carlos Prado não vê qualquer relação entre as formas de agir do atual governo e o período do milagre econômico.
— Discordo de Arminio nesse ponto. São conjunturas diferentes. Ninguém está defendendo políticas à la anos 70 — disse Prado.
Governo não consegue elevar investimentos
O professor da UFRJ acredita que o governo não conseguiu deslanchar os investimentos em infraestrutura. Ele diz que o pacote dos portos demorou, as concessões nos aeroportos também, assim como o edital do trem-bala.
— O governo não tem conseguido negociar com os empresários. Está tomando medidas de curto prazo e não consegue alavancar os investimentos. Mas não vejo problema na intervenção, principalmente nesse momento já chamado de grande recessão no mundo.
Para Monica De Bolle, diretora da Galanto Consultoria, é importante um economista como Arminio ter levado a público uma abordagem que tem sido discutida nos círculos de economistas.
— É pior ainda do que na Era Geisel, quando pelo menos havia um plano estratégico. O governo está interferindo nas decisões privadas, tirando a economia do lugar. O arcabouço ideológico é muito rígido e o governo quer ser o indutor do crescimento, e não um facilitador das decisões privadas — afirmou Monica.
O ex-ministro da Fazenda do governo Sarney Maílson da Nóbrega diz que Arminio e Amadeo tocam em pontos essenciais e que expressam a volta ao passado da atual política econômica. Ele concorda com os autores do artigo sobre a mudança de rumo dos governos petistas. Segundo Maílson, é uma alteração que ocorre desde 2005 e que repercute o abandono das reformas estruturais que caraterizaram os dois primeiros anos do governo Lula.
— O ataque populista a segmentos tidos como estratégicos pelo governo, como telecomunicações e energia, não por acaso também prejudica uma microgestão da conjuntura com medidas que não formam um todo coerente, e podem trazer insegurança e piora do sistema tributário — lamentou ele.
Para Nóbrega, a percepção é de que o tripé macroeconômico está sendo cada vez mais ameaçado. Monica afirma que essa gestão está aparecendo no fraco crescimento da economia, de apenas 0,6% no terceiro trimestre.
Já o professor de História Econômica da UFRJ Luiz Carlos Prado não vê qualquer relação entre as formas de agir do atual governo e o período do milagre econômico.
— Discordo de Arminio nesse ponto. São conjunturas diferentes. Ninguém está defendendo políticas à la anos 70 — disse Prado.
Governo não consegue elevar investimentos
O professor da UFRJ acredita que o governo não conseguiu deslanchar os investimentos em infraestrutura. Ele diz que o pacote dos portos demorou, as concessões nos aeroportos também, assim como o edital do trem-bala.
— O governo não tem conseguido negociar com os empresários. Está tomando medidas de curto prazo e não consegue alavancar os investimentos. Mas não vejo problema na intervenção, principalmente nesse momento já chamado de grande recessão no mundo.
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