Sabe qual a melhor coisa que poderia acontecer para a Petrobras? Uma forte queda do preço internacional do petróleo. Isso derrubaria também as cotações da gasolina e do diesel, produtos que estão quebrando a estatal brasileira. Como não há produção interna suficiente desses combustíveis, a companhia tem que importá-los.
Como o governo Dilma segura os preços internos para conter a inflação, a Petrobras se vê na situação esdrúxula de comprar caro e vender barato — que perdura mesmo depois do reajuste anunciado na última terça. Prejuízo na veia.
Logo, se o governo não deixa aumentar mais o preço interno, resta torcer pela queda da cotação internacional.
Pode? Uma companhia petrolífera, dona de reservas elevadas, dependendo de uma queda no preço de seu principal ativo!
Acrescente aí uma forte valorização do real e o quadro “melhoraria” ainda mais para a estatal. Se o dólar voltasse, digamos, para R$ 1,70, a Petrobras economizaria cerca de 15% nas suas compras externas de combustível.
Claro que, nesse caso, também cairia o valor das reservas da Petrobras. De novo, pode? Uma companhia precisando de queda no valor de seu patrimônio.
Por outro lado, que sempre tem, a queda do preço internacional de petróleo colocaria em risco a operação no pré-sal. Ainda não se sabe o custo exato, pois a tecnologia está em desenvolvimento, mas certamente será muito caro retirar o óleo lá do fundão do oceano. Assim, se a cotação global cair muito, o pré-sal torna-se economicamente inviável.
Consequências: a Petrobras não conseguiria financiamento para as novas operações e os estados e municípios perderiam os royalties pelos quais tanto brigaram.
Ou seja, é uma ideia de jerico torcer pela queda dos preços internacionais do óleo e dos combustíveis.
Ou seja, é uma ideia de jerico torcer pela queda dos preços internacionais do óleo e dos combustíveis.
De outro lado, ainda, um dólar mais barato facilitaria as importações de equipamentos para extração e refino. Bom, não é mesmo?
Seria, se as políticas para o setor tivessem alguma lógica. Ocorre que a Petrobras é obrigada pelo governo a dar preferência ao produtor nacional, mesmo pagando mais caro, até um certo nível.
Ora, com o real valorizado, a diferença de preços entre o local e o estrangeiro ficará bem maior, de modo que a estatal não terá como justificar a compra do equipamento made in Brasil.
Isso destruiria a política do governo para estimular a indústria nacional ou, caso o modelo fosse mantido, aumentaria os custos da Petrobras em reais.
Ou seja, é outra ideia de jerico torcer pela valorização do real neste caso.
Voltamos assim ao senso comum, pelo qual uma companhia de petróleo deve se dar bem quando o preço do petróleo está em alta. Esta lógica não mudou.
O que a subverte é a gestão do governo brasileiro. Um desastre de grande competência: não é fácil fazer uma petrolífera perder dinheiro.
O que a subverte é a gestão do governo brasileiro. Um desastre de grande competência: não é fácil fazer uma petrolífera perder dinheiro.
Outra coisinha: lembram-se de toda aquela campanha do governo Lula comemorando a autossuficiência em petróleo? Pois é, foi só marketing eleitoral. Só não, porque a estatal, que não pertence só ao governo, muito menos ao PT, pagou por aquela fraude.
Custo na veia da população.
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