João Bosco Rabello, O Estado de S. Paulo
O desfecho do julgamento do mensalão, junto com o ano útil, foi mais forte
que a capacidade do governo da presidente Dilma Rousseff de resistir à pressão
para que o tema não invadisse o Palácio do Planalto.
Está sentado acima do gabinete presidencial incorporado na figura do
secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho.
Voz do ex-presidente Lula no governo, Carvalho entregou-se à militância no
cargo, explicitando o que a presidente disse estar proibido no governo: a
manifestação sobre a decisão do STF.
O que torna a recusa de Dilma em abordar o assunto, no café com jornalistas
na última quinta-feira, um recorrente jogo de cena.
Ao investir contra o ministro Luiz Fux, acusando-o de trair a promessa de
absolvição para obter a nomeação, Carvalho confessa aos olhos da Nação o
critério fisiológico e partidário que orienta as escolhas do governo para a
Suprema Corte.
Ao mensalão juntam-se duas outras expressões com as quais o PT demonizou o
governo de Fernando Henrique Cardoso e que, agora, incorporam-se à agenda de
Dilma de forma politicamente constrangedora: o apagão e a privatização.
O ano termina com o governo rendido a ambos, atribuindo o primeiro à má
gestão do setor elétrico e, a segunda, à necessidade de atrair
investimentos.
A perda de capital político do PT, somada ao esgotamento do modelo de
crescimento pelo consumo, impõe a Dilma seu maior desafio até aqui: o
enfrentamento das dificuldades impostas pelo partido ao desempenho do governo,
instado a apresentar resultados porque, acacianamente, antes de 2014 vem 2013.
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